«O jogador não passa pelas mãos do Jorge Jesus e continua o mesmo, é impossível» – Entrevista BnR com Filipe Oliveira

“Esse Europeu está-me atravessado”

Bola na Rede: Ainda em Inglaterra, em 2003, és selecionado para ir ao torneio Toulon, onde Portugal acaba por ganhar, numa equipa que tinha, por exemplo, o Ronaldo, o Hugo Almeida e o Danny, que lembranças ainda tens?

Filie Oliveira: Foi um torneio que nos correu muito bem. Foi um torneio que Portugal fez mais uma vez história na formação, havia equipas muito fortes. Nesse ano era um dos mais novos da comitiva, e para mim foi muito enriquecedor, porque apesar de conhecer bem essa geração, porque acabei por fazer parte de duas gerações da seleção, inclusive voltei ao torneio Toulon no ano a seguir, foi enriquecedor porque houve uma convivência maior por parte de jogadores mais velhos e jogadores mais novos. O Ronaldo foi um desses casos, ele era mais novo, e acabamos por criar um grupo forte com bastante qualidade, com muita solução. Acabamos por ganhar porque realmente tínhamos uma equipa acima da média. Não o devia fazer porque realmente eramos muito fortes, mas tínhamos o Quaresma, o Raúl, o Custódio, o Danny, o Lourenço. Além disso tínhamos uma base sólida, porque vínhamos a jogar quase todos desde os sub-15, e acabamos por ter verdadeiramente um bom desempenho, e foi muito bom, porque o Torneio Toulon é para mim o melhor torneio de sub-20, e mais uma vez conseguimos deixar a marca de Portugal.

Bola na Rede: Prova da qualidade dessa geração, é que pouco tempo a seguir vão à final do Campeonato Europeu de sub-19, onde perdem na final por 3-1 com a Itália, como foi a prova?

Filipe Oliveira: Esse Europeu está-me atravessado. Foi em Liechtenstein e tínhamos uma comitiva portuguesa em peso, inclusive estávamos num hotel que era de um proprietário português, fomos muito bem tratados, como em todo lado, há sempre portugueses. Mas naquele caso fomos muito bem recebidos, e acabamos por fazer um torneio muito interessante e quando pensámos que já estávamos a agarrar o trofeu, escapou-nos contra uma Itália muito forte. Tinha feito parte da nossa fase de grupos, também não tinha sido fácil defrontá-los e depois na final eles entraram mais fortes. Acabaram por determinar o jogo por terem entrado mais fortes que nós.

Bola na Rede: De volta a Inglaterra, és emprestado pelo Chelsea FC ao Preston North End FC, e ainda voltas ao Chelsea antes de vir para Portugal. Nesse curto espaço tempo, passas da Segunda Divisão Inglesa para a Primeira Liga, que principais apontas entre esses dois campeonatos, muitas vezes comparados.

Filipe Oliveira: O processo foi muito simples. Eu estava na equipa B do Chelsea, numa competição que na altura era só para equipas “B´s”. Havia o campeonato norte e o campeonato sul, e os jogos tornavam-se sempre mais interessantes quando os jogadores indisponíveis da equipa principal vinham jogar nas equipas B, porque é um processo super normal na Inglaterra, e então muitas das vezes havia semanas em que estava a jogar contra miúdos da minha idade, e noutra semana estava a jogar contra, por exemplo, o Gilberto Silva que tinha sido campeão pelo Brasil. Mas quando eu passei para o Championship, e aí surgiu a oportunidade de eu ir emprestado por um mês, era um dos modelos possíveis na altura em Inglaterra, eu em sete jogos possíveis fiz seis. A nível pessoal foi muito enriquecedor, porque saí de Londres, fui para o norte de Inglaterra, fui para um meio mais pequeno, um clube mais pequeno, muito familiar, acolhedor, com tradições e raízes muito próprias, e nesse aspeto fez-me crescer bastante. Tive muita pena de não ter ficado lá mais tempo, que era um dos objetivos do próprio Preston, mas o Chelsea não permitiu, daí ter sido um período mais curto. É mesmo com muita pena que não fiquei lá. Mas para responder à tua pergunta, a nível de competitividade, não tem nada a ver. A nossa Liga Portuguesa, e estou a falar da realidade desse período, era uma liga com mais qualidade técnica, um jogo mais pensado, um jogo muito mais pausado, enquanto que no Championship aquilo é velocidade incrível. Eu recordo que num dos primeiros jogos que eu entrei, eu precisava de duas botijas de oxigénio, porque aquilo era uma correria. O ritmo e a intensidade com que se joga não é um jogo pensado, é um jogo de velocidade e de “box to box” como os próprios ingleses dizem. Lógico que isto mudou, evoluiu, o facto dos treinadores, digamos “europeus”, terem começado a ir para Inglaterra, mais jogadores estrangeiros ir para Inglaterra, há muitos artigos sobre isso, mesmo a nível estatístico, se compararmos as distâncias que se percorriam, o número de passes, o número de remates, já há uma diferença acentuada entre esse período e a atualidade. E eu posso dizer que é verdade, porque era uma correria doida, no sentido de uma busca constante do golo.

Bola na Rede: Na última temporada no Chelsea FC acabas campeão, chegaste a tocar na taça?

Filipe Oliveira: Sim, tive a oportunidade. O mister Mourinho concedeu-me a oportunidade de no último jogo jogar contra o Newcastle, e poder ser campeão se assim posso dizer, porque fazia parte do lote de atletas que jogaram. Fui o primeiro português a conseguir esse feito, no sentido em que eu já tinha estado no clube antes, mas acabo por ter um sentimento muito misto como é lógica. A grande obra não foi feita por mim, foi feita por outros atletas, mas também é lógico que eu tendo a idade que tinha, e estar presente nas festas comemorativas, de poder desfilar no autocarro, de poder sentir o carinho de todos os adeptos, foi um episódio único e marcante da minha carreira. 

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