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Em cada canto do Brasil se sente a “Copa”. Para o bem, para o mal, com agrado ou insatisfação, o povo brasileiro não é indiferente à maior competição de futebol do mundo. O que passa para o Mundo, através das imagens televisivas deste jogo, é a vontade daqueles que são pro-Copa de ver a sua seleção chegar longe e a galvanização que isso provoca na performance de quem os representa em campo. O Estádio Mané Garrincha foi pequeno para acolher o entusiasmo que esta Copa provoca no povo brasileiro, mas suficiente para catapultar o Brasil para inícios fulgurantes em ambas as partes, que valeram dois dos quatro golos com que golearam os Camarões, mantendo assim um registo 100% vitorioso em jogos disputados contra equipas africanas em Campeonatos do Mundo (7 jogos, 7 vitórias, 20-2 em golos).
A canarinha começou por explorar, portanto, o apoio do seu povo, a que juntou alguma passividade do seu adversário, dando azo a que a equipa brasileira procurasse o jogo directo, com resultados bem vistosos: duas oportunidades de perigo nos primeiros 10 minutos. Não houve desânimo em Brasília porque gostava do que se via, e a equipa parecia focada na busca do “gol” que parecia ser apenas uma formalidade com o decorrer do tempo. Assim foi e a pressão alta brasileira trouxe dividendos, com Luiz Gustavo a ganhar uma bola no meio-campo contrário, explorando rapidamente o corredor para servir um Neymar completamente solto de marcação que inaugurou o marcador.
Esperar-se-ia um jogo de sentido único a partir daqui, devido à péssima exibição dos Camarões no último jogo e devido às ausências de Eto’o e Alex Song, referências dos Leões Indomáveis. Mas isso não se verificou. A partir do golo do Brasil, a selecção africana parece ter ganho ascendente motivacional, ganhando a maior parte das bolas divididas ao seu adversário, traduzindo-se isto numa série de cantos que deu resultados práticos: primeiro Matip avisou, com um cabeceamento (desviado) à trave, depois marcou na sequência de uma jogada de insistência após o canto que esse lance de perigo “trouxe”.
A partir do golo dos Camarões, a canarinha pareceu encolher-se e a agressividade africana começou a ganhar supermacia, ganhando terreno e domínio ao Brasil… mas felizmente para o povo brasileiro, Neymar estava em dia sim e afastou qualquer sombra de dúvida sobre a qualificação brasileira rumo aos oitavos, rasgando a defesa contrária num lance individual vistoso para recolocar a tricolor em vantagem.
A magia do jogador do menino-querido prolongou-se no primeiro tempo, com uma jogada absolutamente fantástica entre ele e Óscar, ambos em perfeita harmonia – a objetividade tática do futebol de alta competição e a magia do futebol de rua num dos momentos altos desta Copa.
Este lance poderá ter sido preponderante por ter acontecido perto do fim do intervalo, pois o Brasil entrou sequioso de golos… e conseguiu-o numa jogada de excelente envolvência ofensiva, onde estiveram, de forma ativa, três dos quatro membros do setor mais recuado sem posse: Dani Alves abriu para David Luiz, que cruzou para Fred marcar, beneficiando do “arrastar” de marcações de Thiago Silva.
A partir daqui o jogo foi completamente controlado pelo Brasil, que deu prioridade à circulação de bola no seu meio-campo, conseguida pela entrada de Fernadinho e pela substituição de Hulk por Ramires, que passou a atuar numa zona mais central do terreno…
… contudo, este desacelerar do ritmo do jogo poderia ter consequências nefastas (o México chegou a estar a um golo de garantir o primeiro lugar), mas Fernadinho, aproveitando perda de bola contrária, arrumou com a questão. O Brasil está apurado para os oitavos-de-final qualificando-se em primeiro lugar, conforme se lhe exigia.
A Figura
Neymar – A cada toque de bola seu sente-se a irreverência de um qualquer miúdo brasileiro a jogar descalço com os amigos. É a ilustração perfeita do futebol brasileiro, um “brinca-na-areia” incorrigível, mas objetivo e com um talento que lhe dá uma margem de manobra para qualquer eventual perda de bola. Sozinho, galvanizou a equipa e foi o principal responsável pela vitória canarinha.
O Fora-de-Jogo:
Hulk – Dono de um porte físico temível e de uma aceleração impressionante, apoiado por talento de primeira linha mundial e tendo por opositor direto um lateral-esquerdo que não é o habitual numa defesa permeável, Hulk seria um dos jogadores em campo com mais a seu favor para desequilibrar e ser o homem do jogo. Não o foi. Faltou-lhe muito para o ser. Que é craque, ninguém dúvida, mas faltar-lhe-à alguma confiança para ser o Hulk que todos os brasileiros querem na Copa.