Umas «meias» natalícias com Messi, Modrić e um duelo da «Françafrique»

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O Mundial vai ter duas meias-finais inéditas com os confrontos Argentina-Croácia e França-Marrocos.

O Natal está aí à porta e traz-nos dois presentes antecipados nas meias-finais do Campeonato do Mundo. Esta terça-feira, a Argentina defronta a Croácia, no estádio Lusail, palco da grande final do próximo domingo. Para quarta-feira fica reservado um confronto com contornos históricos especiais entre a atual campeã em título, a França e a surpreendente seleção marroquina, primeira equipa nacional africana da história a avançar até à última fase antes do jogo decisivo. Para franceses e croatas, há a possibilidade de repetir a final do Mundial da Rússia, enquanto a Argentina se sagrou vice-campeã em 2014. Só mesmo os magrebinos, responsáveis pela eliminação de Portugal, fogem à equação.

Começando pelo jogo entre balcânicos e campeões sul-americanos, pode-se esperar um duelo de criativos, com dois nomes a saltarem imediatamente à vista: Lionel Messi e Luka Modrić. Um com 35 anos, o outro com 37, mas a verdade é que continuam a ser portadores de características incomparáveis, cada um no respetivo registo. Ainda assim, são os líderes sem discussão dentro de campo, pelo exemplo, pela galhardia e sobretudo pela técnica e criatividade que fazem com que os números “10” lhes assentem tão bem. Messi chegou ao Catar para fazer história e alcançar o patamar “maradoniano” – a conquista do título mundial.

Já é um dos melhores jogadores da história do jogo e não é uma conquista em solo árabe que lhe vai conferir esse estatuto em definitivo. Quanto a Modrić, esta é a possibilidade de ouro de chegar a uma segunda final consecutiva de um Mundial, sendo certo que também já alcançou um escalão de individualidade mais brilhante da história do futebol croata (e olhem que a concorrência não é nada má…) e igualmente o estatuto de um dos melhores centrocampistas de sempre.

Os números 10 lideram os dois conjuntos, mas a chegada às semifinais de Argentina e Croácia não se explica apenas pelos principais craques. Do lado da “Albiceleste”, há um conjunto que não apresentando um futebol cintilante, demonstra competência nos diversos momentos do jogo e uma competitividade imensa. Os indícios pré-Mundial em termos exibicionais eram promissores mas a história mudou com o arranque da competição. Porém, Lionel Scaloni mostra versatilidade tática (passou para uma defesa a 3 na segunda parte com a Austrália e foi assim que iniciou o encontro frente a uma seleção dos Países Baixos com um esquema semelhante) e capacidade para ler o que a equipa necessita em diferentes contextos de jogo – como prova disso, temos as apostas em Enzo Fernández, Alexis MacAllister ou Julián Álvarez quando a equipa precisava de renovação técnica e tática em campo.

O apuramento dos argentinos para esta fase foi sofrido. O confronto com Louis van Gaal foi muito equilibrado e Scaloni nunca quis que a equipa desse um passo maior do que a perna. Manteve cautelas (com uma organização defensiva praticamente imperturbável no controlo das movimentações dos neerlandeses), com um bloco compacto e junto, que depois procurava a criatividade no último passe de Messi. Assim nasceu o 1-0 (obra exclusiva da cabeça prodigiosa e do pé canhoto divinal do “10”, a servir Nahuel Molina, lateral que atacou o espaço interior com astúcia) e várias das jogadas mais relevantes de perigo dos sul-americanos.

Até que o desafio tático se alterou, ante o 4-4-2 dos “tanques” dos Países Baixos e a turma azul e branca sentiu o tremor na defesa da área – Weghorst marcou dois golos, num momento de muita precipitação defensiva e ansiedade coletiva. No prolongamento, os pés de Enzo Fernández deram a arte e o engenho de que a Argentina necessitava para se reaproximar de zonas de perigo – com o recém-entrado Di María e Leo como os melhores sócios. O jogo seguiu para penáltis e aí erigiu-se a montanha “Dibu” Martínez a ajudar numa qualificação sofrida mas justa – ao longo dos 120 minutos, foi a Argentina que demonstrou mais vontade de vencer, mesmo com a notável reação neerlandesa.

Também a Croácia teve de sofrer para derrubar o gigante Brasil no desempate por penáltis, depois de um jogo muito interessante na dimensão tática. O trio luxuoso de médios da formação do xadrez vermelho e branco (Modrić-Brozović-Kovačić) voltou a ser determinante na gestão dos ritmos com bola e na forma como conseguiu estar posicionalmente compacto para impedir investidas do Brasil em zonas interiores de forma mais frequente (destaque para o trabalho de contenção de Modrić com Casemiro). No momento ofensivo, Juranović soltava-se pela direita (fez um jogo acutilante, tanto a defender-se de Vinícius Júnior, como nos apoios ofensivos) e a equipa ia procurando os cruzamentos para a zona do segundo poste, de forma a potenciar as chegadas de Perišić. Este encontro confirmou também que a Croácia tem uma equipa com menos “dimensão” no último terço, faltando uma referência de golo indiscutível.

Ainda assim, foi no território das bolas cruzadas para a área que o golo chegou, na segunda metade do prolongamento, já depois de Neymar ter pegado na bola, feito uma dupla tabela e lançado o Brasil para a vantagem. O 1-1 nasceu de uma insistência de Modrić – quem mais poderia ser? – teve continuidade na receção, condução e passe de Vlašić, que deixou em Oršić, com o extremo a assistir Bruno Petković para uma finalização feliz. Três homens que saíram do banco valeram a igualdade e mais um desempate por penáltis, no qual Dominik Livaković mostrou elasticidade e eficácia (já depois de ter brilhado nos 120 minutos). Na gestão sagaz da posse, no rigor posicional e na consistência defensiva (atenção ao Mundial do veterano Lovren e do diamante Gvardiol), a Croácia soube anular mais um grande rival para avançar para a terceira meia-final de um Mundial numa curta história como país independente.

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Francisco Sousa
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Licenciado em jornalismo, o Francisco esteve no Maisfutebol entre 2014 e 2017, ano em que passou para a A BOLA TV. Atualmente, é um dos comentadores da Eleven.

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