Klopp, Flick, Tuchel | Irmãos Grimm pedem para voltar e escrever este conto de fadas

    Por muito engraçado que possa soar, para ver filmes antigamente existiam apenas duas soluções: repetir vezes sem conta os clássicos de Van Damme, Steven Seagal e Chuck Norris que passavam na televisão, ou ter a audácia de fazer uma viagem de cinco minutos até ao clube de vídeo e convencer a mãe a alugar mais do que uma cassete.

    Jürgen Klopp dificilmente terá esquecido o que foram os clubes de vídeo, não tivesse esse sido um dos vários part-time que foi colecionando ao longo da sua juventude. Durante a semana, tal era a tranquilidade, aproveitava para estudar ao som de Kraftwerk, com o cuidado de baixar o som da aparelhagem sempre que tinha companhia.

    Reza a lenda que, certo dia, ele próprio achou que estava prestes a entrar num filme. Ao levantar a cabeça, e olhando por cima dos óculos à Harry Potter, viu dois jovens frente a frente, com as mãos na mesma cassete e a intensidade corporal própria de quem está prestes a entrar em conflito. Afastou a nuvem Tarantino que começou a pairar na sua cabeça e decidiu contar eins, zwei, drei antes de intervir.

    Felizmente, Flick e Tuchel chegaram rapidamente a acordo de cavalheiros e dirigiram-se juntos ao balcão, não só para pagar como também deitar por terra as lições do dia do funcionário. Ao verem que estudava Ciências do Desporto, interpelaram-no incansavelmente e nem o pequeno de dois anos ao lado de Tuchel os interrompeu. Klopp terminou a conversa com uma frase que nunca mais saiu da cabeça de nenhum deles: “talvez os meus pés sejam de quarta divisão, mas a cabeça seja de primeira.”


    Os alemães sempre foram conhecidos pela sua força e disciplina e, por mais de 50 anos, o seu futebol foi simplesmente sinónimo de futebol de combate: a única instrução do outro lado da linha era a de vencer os duelos e pouco mais do que isso. Tática? Qual tática?

    O desaire no Euro 2000 é normalmente chamado à conversa, uma vez que foi a partir daí que absolutamente todas as entidades alemães envolvidas na modalidade se juntaram para fazer o que era preciso: proceder a uma reviravolta total que assentava numa tremenda necessidade de adaptação ao futebol moderno; no que toca aos técnicos, é a partir do Mundial de 2006, com Jürgen Klinsmann, e o adjunto Joachim Löw, que se torna claro que começa a surgir uma nova geração de treinadores alemães descontraídos, atentos aos jogadores e focados em construir para o futuro.

    No que toca ao percurso, digamos que quem quer treinar na Liga Alemã tem de completar o programa de treinadores mais difícil e sofisticado do mundo, para que lhe seja atribuído o título de Fußball-Lehrer (professor de futebol). A UEFA exige determinados parâmetros básicos que são obrigatórios para todos, mas cada país é responsável por decidir o nível de instrução necessário para alcançar cada licença.

    Para treinar na Liga Alemã, e na segunda e terceira divisões, é necessária uma licença Pro. A UEFA estabeleceu um mínimo de 240 horas para completar a mesma, em Inglaterra, por exemplo, o mínimo necessário são 256, enquanto que na Alemanha são precisas 815 horas para lá chegar. O programa dura dez meses e é lecionado na prestigiada Hennes-Weisweiler-Akademie, em Colónia.

    O próprio processo de seriação é altamente rigoroso e os candidatos são cautelosamente observados, não só para determinar quem tem mais possibilidades de ser bem-sucedido, mas também para perceber quem poderá fazer parte da melhor equipa. A Academia acredita que a melhor turma envolve uma mistura de treinadores amadores e semiprofissionais, treinadores das camadas jovens que estudaram Ciências do Desporto a um nível universitário e antigos jogadores da Liga Alemã. Os estudantes estão lá tanto para aprender como para ensinar.

    Depois de tudo isto, todos têm de completar um certo número de cursos a cada três anos para que a licença seja renovada e, desta forma, o sistema alemão assegura que todos os treinadores estão a par dos últimos desenvolvimentos.

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