«Ida de Renato Sanches para o Bayern foi prematura. Agora já vemos a sua qualidade» – Entrevista BnR com Patrik Andersson

Professor Neca entrevista À BnR

Mais de oitenta jogos pela Suécia, fez parte da geração de ouro que chegou ao terceiro lugar no Mundial de 1994 e, a nível de clubes, jogou em dois dos gigantes mundiais: FC Bayern de Munique e FC Barcelona. Patrik Andersson falou connosco sobre a cultura de vitória dos germânicos e o significado da conquista da UEFA Champions League. Abordou também a passagem pela Catalunha e as lesões que teve ao serviço dos culés e a convivência com um jogador português.

«PORTUGAL É SEMPRE FAVORITO PARA CHEGAR LONGE
EM QUALQUER TORNEIO»

Bola na Rede: Olá, Patrik, como estás? Tudo bem? Saudações de Portugal diretamente para a Suécia, obrigado por teres um tempo para estar connosco. 

Patrik Andersson: Olá, tudo bem e contigo? Muito obrigado, é um prazer falar convosco.

Bola na Rede: Como estão a correr as coisas? Sei que continuaste ligado ao Futebol depois do final da carreira, até porque foste scout do Manchester United FC. Entretanto, as coisas mudaram, correto?

Patrik Anderson: Sim, exatamente. Agora trabalho diariamente como Business Developer numa das maiores companhias imobiliárias da Suécia. Paralelamente, sou também dirigente da Liga de Futebol Feminino da Suécia, há três anos, e continuo ligado à Federação Sueca de Futebol. Portanto, muito desporto acumulado, juntamente com uma nova área na qual me estou a integrar.

Bola na Rede: Perfeito, tocaste já num ponto que gostaria de pegar nesta nossa entrevista: o Futebol nórdico. Está a crescer cada vez mais e com maior qualidade. Recorrendo ao teu conhecimento mais próximo, consegues explicar-me o que tem motivado este maior crescimento? Há maior capacidade de organização a nível estrutural em alguns desses campeonatos?

Patrik Anderson: Sim, mas na Suécia as coisas estão um pouco diferentes. Depois de termos tido um crescimento interessante nos anos 90, há algumas dificuldades para dar continuidade a esse sucesso. Continuamos a desenvolver bons talentos, mas os melhores saem imediatamente da Suécia. Tudo isso impede-nos de sermos competitivos internacionalmente e o fosso está cada vez maior, nesse aspeto. Tenho algum receio de que o nosso Futebol sofra com esta situação, apesar de a nossa seleção não se ressentir muito com isto. Temos conseguido estar nas fases finais… (pausa) Aliás, estamos nos playoffs de março [Mundial 2022, Catar].

Bola na Rede: Otimista para esta fase?

Patrik Anderson: Bom… Normalmente nós jogamos muito bem contra as equipas de topo na Europa, porque não temos pressão. Contra a República Checa temos de ver, porque é muito equilibrado. São duas equipas muito idênticas e, mesmo depois, temos pela frente a Rússia ou a Polónia. Vai ser uma tarefa complicada.

Bola na Rede: Portugal também está na mesma situação.

Patrik Anderson: Portugal tem grandes jogadores que jogam em grandes equipas na Europa. Portugal é sempre favorito para chegar longe num torneio. No entanto, e como falávamos em off, há duas grandes seleções [Portugal e Itália], e só uma pode seguir para o Mundial. Numa prova destas, queremos os melhores jogadores e as melhores equipas, mas é assim…

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Bola na Rede: Aproveitando a deixa de há bocado, também em Portugal existe muita dificuldade de segurar jovens talentos no campeonato. O que é que os clubes ou as próprias ligas podem fazer para evitar esta situação?

Patrik Anderson: (interrompe) Eu penso que, se compararmos com Portugal, há, desde logo, uma grande diferença: aí têm melhores condições do que aqui para manter um jogador e acabam por conseguir receber valores interessantes com outras equipas europeias. É preciso olhar para o rumo que queremos seguir. A nossa liga está fora das 20 melhores da Europa e os melhores jogadores querem sair também por isso. O meu medo é apenas que eles saiam demasiado cedo, sem estarem totalmente prontos para o fazer ou para se adaptarem a um outro contexto, num outro campeonato. Não há uma maneira totalmente certa ou errada de tomar estas decisões, mas é preciso olhar de forma racional para o que se passa: nós estamos numa situação complicada em termos de ranking e eles querem sair cedo. O que podemos fazer é dar-lhes uma boa educação e preparação para o seu próximo passo. Se correr bem, e é como dizia, podemos ter uma Seleção de Futebol bem preparada. E podemos dizer o mesmo em relação ao nosso Futebol Feminino. A nossa liga estava bem cotada há uns anos, mas com o crescimento de outros campeonatos como o inglês, francês, espanhol ou italiano, agora temos de trabalhar mais e adaptarmo-nos para desenvolvermos os nossos talentos de forma mais ágil para não perdermos a carruagem.

Bola na Rede: Apenas por curiosidade, e pegando no teu raciocínio, quais é que são os jovens de maior qualidade que vês a chegarem a níveis muito altos na Europa?

Patrik Anderson: Hum… Difícil…

Bola na Rede: [Alexander] Isak?

Patrik Anderson: Ah, sim, com certeza. Isak foi o jogador do ano e chegou ao seu nível. Cresceu muito no último ano, recebeu muita confiança do seu treinador, mas agora tem de dar o próximo passo: encontrar um clube maior. Mas, com os valores que hoje são pedidos, não creio que muitos clubes avancem para a sua contratação. No entanto, é um jogador muitíssimo interessante.

Mário Cagica Oliveira
Mário Cagica Oliveirahttp://www.bolanarede.pt
O Mário é o fundador do Bola na Rede, professor universitário e comentador de Desporto na DAZN Portugal e Rádio Observador. Vive o Desporto 24/7 e tem em José Mourinho a sua referência.

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