KHVICHA KVARATSKHELIA
Deixou de ser o extremo com um nome impronunciável para ser um dos melhores da atual temporada. Chegou ao Nápoles com a complicada tarefa de substituir Insigne, e tem sido o destaque no conto de fadas napolitano.
É, possivelmente, o trabalho mais entusiasmante do Velho Continente. Spalleti assumiu o Nápoles, libertou os talentos num futebol funcional sem grandes amarras e, além de cativar espectadores, tem garantindo resultados. Está nas 16 melhores da Europa e é líder isolado do campeonato italiano. A política de contratações – jovens de ligas periféricas ou de clubes inferiores em Itália – tem dado frutos e Kvaratskhelia é o expoente máximo.
O apelido carinhoso de Kvaradona – referência ao maior ídolo do clube e da cidade de Nápoles – personifica as esperanças dos adeptos num regresso ao topo. As comparações com o argentino são exageradas, naturalmente, mas não é descabido encontrar traços de Maradona em Kvaratskhelia. Pela ousadia, pela capacidade de drible, pela facilidade em fazer o difícil parecer simples. Mais do que um craque – que também o é – Kvaratskhelia é o representante máximo de uma cidade que sonha em homenagear o seu principal Deus – D10S em linguagem divina.
Poucos imaginavam no início do ano que um jovem georgiano do Rubin Kazan conquistaria o topo de forma tão rápida e fácil. O futebol, mais uma vez, mostrou que a qualidade não se mede pela popularidade, muito menos pelo passaporte. E, por falar em passaporte, 2023 é um ano para observar a Geórgia. Muitas vezes desvalorizada, a Liga das Nações é um palco do futebol alternativo e, nesse campeonato, nenhuma seleção está ao nível da Geórgia. Em três edições escalou duas ligas: este ano alcançou a promoção à Liga B. Com novos talentos como Mamardashvili, Chakvetadze, Davitashvili, Tsitaishvili e, claro está, Kvaratskelia, a Geórgia tem tido um desenvolvimento bem interessante. Com o Euro 2024 à porta, 2023 pode ser o ano de ouro para o futebol georgiano.