3.000 METROS OBSTÁCULOS: Beatrice Chepkoech (KEN)
Seguindo a lógica “medalhas/títulos”, a escolhida seria outra. No entanto, há um antes e um pós-Chepkoech e não há como fugir a isso: a atleta queniana tem dominado avassaladoramente as últimas temporadas. Beatrice Chepkoech (KEN) tem quatro dos seis tempos mais rápidos da história e os outros dois pertencem a uma atleta apanhada nas malhas do doping – a campeã olímpica do Rio, Ruth Jebet (BRN).
Chepkoech tem o incrível feito de ter corrido seis corridas abaixo dos nove minutos (antes de 2016, apenas uma atleta tinha corrido abaixo dessa marca e uma única vez!) e em 2018, no Mónaco, destruiu o anterior recorde mundial (que era 8:52.78) com um inacreditável tempo de 8:44.32. Em 2019 dominou, mais uma vez o circuito, renovou o título da Diamond League (já tinha vencido em 2018) e foi a Doha passear e controlar o ritmo para se tornar campeã mundial pela 1.ª primeira vez.
Além de Chepkoech, há que destacar Habiba Ghribi (TUN), que foi Ouro nos Mundiais de Daegu e nos Olímpicos de Londres (não inicialmente, mas a russa Zaripova estava dopada e perdeu o Ouro mais tarde… em ambas as provas!) e Prata nos Mundiais de Pequim (esta ainda não subiu a Ouro…). Outras duas atletas merecem menção neste período: Hyvin Jepkemoi (KEN) foi Ouro nos Mundiais de Pequim (2015) e Bronze nos de Londres (2017), tendo sido Prata nos Jogos do Rio (2016) atrás de Jebet; Já Emma Coburn (USA) foi a bastante surpreendente campeã mundial em Londres (2017) e Prata nos Mundiais de Doha (2019), depois de já ter sido Bronze nos Olímpicos do Rio (2016).
MARATONA: Mary Keitany (KEN)
Brigid Kosgei (KEN) pode ser a nova recordista mundial – e que recorde, 2:14.04! – e ter conquistado três majors neste período, mas esta honra pertence a outras. Gladys Cherono (KEN), com três majors, e Florence Kiplagat (KEN), com quatro, são outros nomes que mercem ser aqui referenciados, mas a disputa é, para nós, entre duas outras enormes atletas quenianas.
Edna Kiplagat (KEN) conquistou três majors neste período – Nova Iorque, Londres e Boston – e ainda conquistou dois títulos mundiais (que têm o mesmo peso na estrada) em Daegu 2011 e Moscovo 2013, tendo ainda sido Prata em Londres 2017. Seria a nossa atleta deste período, não tivesse existido Mary Keitany (KEN). Sete majors num período de nove anos é algo que deve ser posto no contexto e Keitany deve estar no patamar das melhores de sempre.
Muitos dizem que ela “apenas” venceu em duas cidades – quatro vitórias em Nova Iorque e três em Londres – mas o facto da atleta apostar quase em exclusivo nessas duas provas não diminui em nada o seu feito, pois aí enfrenta sempre as melhores do mundo. Há mais quatro medalhas em Nova Iorque e uma outra em Londres para completar uma coleção de luxo de uma atleta que já entrou na história.
20 KM MARCHA: Liu Hong (CHI)
As russas – e os seus posteriormente conhecidos casos de doping… – marcaram os primeiros anos deste período, com Olga Kaniskina (RUS) a vencer os Mundiais de Daegu (2011) e Elena Lashmanova (RUS) a vencer os Jogos de Londres (2012) e os Mundiais de Moscovo (2013). Ambas foram suspensas por doping e como os casos foram posteriores, estes títulos mantêm-se nas suas mãos.
Liu Hong (CHI) – que também teve um caso menor de substância proibida, de apenas 1 mês de suspensão – venceu o primeiro título mundial em Pequim (2015), embora para muitos devesse ter sido a vencedora nas duas anteriores edições onde foi Prata e Bronze, apenas atrás de atletas com casos de doping que levaram a anos de suspensão. Além dessas medalhas, Hong – que já havia sido Bronze nos Jogos de Londres – venceu os Jogos do Rio em 2016. No ano passado – já depois de ter sido mãe – conquistou mais um Ouro em Mundiais, com a vitória em Doha, demonstrando que não há outro palmarés como o dela neste período.