Diamond League 2018: As finais de Zurique – Antevisão

    1.500 metros (M): Timothy Cheruiyot (KEN) tem feito uma excelente temporada. É o líder mundial (3:28.41), venceu 4 etapas da Diamond League, sendo que em duas dessas ocasiões bateu o campeão mundial Elijah Manangoi (KEN). Acontece que as suas duas únicas derrotas nas onze provas que realizou este ano foram em duas finais: nos Jogos da Commonwealth e nos Campeonatos Africanos! Aí perdeu por duas vezes para o campeão mundial e será muito interessante perceber em Zurique se Cheruiyot conseguirá revalidar o título vencido no ano passado ou se voltará a ceder perante Manangoi. Sem ter ainda entrado nos 3:28 este ano (3:29.64), o campeão mundial tem a experiência e o “pedigree de campeão” do seu lado. A última prova que ambos fizeram foi na final dos Campeonatos Africanos, pelo que esta final poderá muito bem ser uma espécie de ajuste de contas entre os quenianos! Mas, atenção, em pista estará Abdelaati Iguider (MOR) e dois dos irmãos Ingebrigtsen: Filip e Jakob! Jakob, o mais novo, nem estava qualificado, mas a saída de cena de um dos atletas previamente qualificados, levou a que o mesmo fosse convidado a estar presente. E aí está ele, poucas semanas depois de se ter sagrado o mais novo campeão europeu de sempre nos 1.500 e nos 5.000 metros, pronto para voltar a surpreender.

    A nossa aposta: Elijah Manangoi (KEN)

    5000 metros (F): Será uma das provas mais recheadas de estrelas da elite mundial. Os 3 grandes nomes da distância em 2018 estarão por aqui: Hellen Obiri (a líder e campeã mundial), Sifan Hassan (a nova campeã e recordista europeia) e Genzebe Dibaba (já bateu Obiri em Eugene este ano e foi campeã mundial indoor dos 3.000 em Birmingham).

    Genzebe Dibaba é a atleta com melhor recorde pessoal em pista
    Fonte: IAAF

    Aliás, as 6 mais rápidas do ano estarão em Zurique. Difícil é apostar numa vencedora, principalmente porque parece que cada vez existem menos provas do fundo ao longo do ano, sendo que cada prova apresenta características totalmente diferentes. Hassan apenas correu a distância duas vezes este ano, mas ambas foram nos últimos dois meses e com excelentes resultados, o que lhe dará com certeza confiança extra. Dibaba correu pela última vez em Julho, em Rabat, e não conseguiu dar a melhor resposta ao andamento imposto por Obiri, acabando por ficar longe na 6ª posição, na prova mais rápida do ano. Obiri venceu os títulos da Commonwealth e Africano com bastante facilidade em provas táticas e lentas. Nas mais rápidas, perdeu em Eugene, mas há bem pouco tempo mostrou em Rabat que está na máxima forma, correndo em 14:21.75. Acreditamos que será entre elas, embora não se possa descurar a presença de nomes como Letesenbet Gidey (ETH), Senbere Teferi (ETH) ou Agnes Tirop (KEN), todas elas abaixo dos 14:25 este ano. 

    A nossa aposta: Hellen Obiri (KEN)

    400 metros barreiras (M): Foi um dos eventos que dominou as atenções neste ano, mas faltará por aqui o homem que foi a grande estrela. Abderrahman Samba (QAT) estará ausente por estar a competir nos Jogos Asiáticos, competição que para muitos atletas é fundamental para a manutenção das suas bolsas nacionais. Assim sendo, a disputa deverá ser entre dois homens que também têm corrido muito rápido este ano: o norueguês campeão mundial Karsten Warholm (que já o fez em 47.64) e Kyron McMaster, a grande estrela das Ilhas Virgens Britânicas que já correu em 47.54 segundos e que é o atual vencedor do troféu. Tal é a dimensão do evento que mesmo sem a presença de Samba e de Rai Benjamin (o universitário norte-americano que era o líder mundial antes de Samba baixar dos 47 segundos) deveremos ter um evento com bastante qualidade, muito rápido e com emoção até ao final. A juntar aos dois favoritos, ainda teremos Yasmani Copello, o turco que em Berlim deu luta a Warholm, ficando na segunda posição, com um grande recorde pessoal de 47.81 segundos. Em pista ainda estará um ex-campeão mundial, muito longe do seu melhor, o norte-americano Bershawn Jackson. 

    A nossa aposta: Karsten Warholm (NOR)

    400 metros barreiras (F): O evento parece estar um pouco em suspenso, à espera do furacão que se espera que seja a chegada de Sydney McLaughlin às competições profissionais. Ainda assim, têm sido emocionantes as lutas entre duas norte-americanas e uma jamaicana nos eventos prévios. Dalilah Muhammad (USA), que é a campeã olímpica, tem tido um ano irregular, ao vencer apenas um evento Diamond League (logo em Maio, em Xangai), vendo a jamaicana Janieve Russell triunfar em território norte-americano (Eugene) e com Shamier Little a ganhar em Lausanne e Londres, provas com emocionantes chegadas à meta, disputadas ao limite. A luta deverá ser entre as três, embora tenhamos em pista uma quarta atleta que também baixou dos 54 segundos este ano, a experiente norte-americana, Georganne Moline. 

    A nossa aposta: Shamier Little (USA)

    3000 metros obstáculos (M): As emoções dos obstáculos estarão aqui presentes com todos os principais protagonistas e com alguns tira-teimas em cima da mesa. Conseslus Kipruto, a grande estrela queniana, campeão mundial e olímpico e que ganhou por 3 vezes este troféu, voltou às vitórias em Birmingham há duas semanas, a sua primeira em eventos Diamond League este ano. No entanto, presente não estava El Bakkali, o marroquino que venceu no Mónaco, com um fantástico tempo de 7:58.15, um novo recorde pessoal. 

    El Bakkali e Kipruto já nos habituaram a apaixonantes duelos!
    Fonte: IAAF

    Em Zurique perceber-se-á se Kipruto conseguirá responder ao marroquino desta vez, caso o mesmo imponha um ritmo forte na prova, tal como o fez naquele dia no Principado. Quem mais vezes venceu em eventos da Liga Diamante este ano foi o queniano Benjamin Kigen, mas nas últimas provas tem dado sinais de alguma fadiga, não tendo dado luta em Birmingham, onde terminou num distante 5º lugar. Aí quem deu luta a Kipruto, foi o etíope Chala Beyo, que já foi por duas vezes segundo este ano e que procurará o lugar mais alto no dia em que mais importa. No entanto, se a prova for rápida, isso até pode beneficiar um norte-americano já acostumado a estes palcos. Evan Jager foi medalha de Prata nos Jogos do Rio e de Bronze nos Mundiais de Londres. Este ano, no Mónaco, correu em rápidos 8:01.02, muito próximo do seu recorde pessoal e irá a Zurique com ambições elevadas. 

    A nossa aposta: Soufiane El Bakkali (MOR)

    Salto em Altura (F): Uma imagem que fica dos Europeus de Berlim é a fúria de Mariya Lasitskene (RUS) após a conquista do seu Ouro. Não obviamente por ter ganho, mas sim por “apenas” ter saltado exatos 2 metros, uma marca que ficou muito abaixo daquilo que a russa esperava fazer na Alemanha. Isso demonstra bem em que campeonato ela joga, não contra as suas adversárias, mas sim contra ela própria e contra as suas marcas. É a óbvia favorita, apesar de este ano ter voltado a perder, 46 provas depois! Foi na reunião de Rabat, onde a vencedora foi Mirela Demireva (BUL), aquela que deverá ser aqui a sua maior rival, depois de em Berlim também ter saltado 2 metros para a Prata. Elena Vallortigara (ITA) que teve uma espetacular e surpreendente evolução este ano, Marie-Laurence Jungfleisch (GER) que foi Bronze em Berlim e Yuliya Levchenko (UKR) que foi Prata nos Mundiais de Londres, são outros dos grandes nomes que marcarão presença em Zurique. 

    A nossa aposta: Mariya Lasitskene (RUS)

    Salto Com Vara (F): Os grandes nomes a nível mundial deverão estar todos em Zurique neste evento, com todas as presentes (com a exceção da atleta suiça convidada, que não entra para as contas da final) a saltarem este ano, pelo menos, a 4.70 metros. Atletas como a norte-americana Jennifer Suhr (campeã olímpica em Londres), a sua compatriota Katie Nageotte, a russa Anzhelika Sidorova ou a neozelandesa Eliza McCartney têm mostrado uma excelente forma em 2018, mas será difícil apostar contra as duas atletas que têm dominado a disciplina nos últimos anos: a grega Katerina Stefanidi e a norte-americana Sandi Morris. A grega tem a experiência e o hábito de vencer dentro dela: é a campeã olímpica, a campeã mundial e a campeã europeia em título, além de ter vencido por duas vezes o Diamante. Não há como negar que o seu nome impõe respeito e que realisticamente deveria ser essa a nossa aposta. No entanto, Sandi Morris foi a que mais meetings da Diamond League este ano venceu (3) e bateu também Stefanidi em Birmingham para conquistar o título mundial de pista coberta. Será uma luta a duas ou será que algumas das anteriormente referidas conseguirá intrometer-se? 

    A nossa aposta: Sandi Morris (USA)

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.