Doha 2019: O risco da aposta

    Coe nunca em público criticou a escolha de Doha e afirma confiar inteiramente que os campeonatos serão bem-sucedidos. Mas claro, outra coisa não seria de esperar de Coe. Precisa de acalmar as hostes e passar uma mensagem positiva, pois só assim tudo poderá resultar. Ele próprio também sabe da importância deste evento e tudo fará para que seja um sucesso.

    Existe ainda a questão do extremo calor no Qatar, que, apesar do estádio possuir um sistema moderno de ar condicionado, obriga a que o evento seja disputado bastante mais tarde (entre 28 de Setembro e 6 de Outubro), fazendo com que seja o período mais longo da história entre dois Mundiais (desde que é disputado de dois em dois anos) e implicando também uma preparação completamente diferente dos atletas para uma época mais longa ou a começar mais tarde. Realizando-se numa fase tão tardia, irá também coincidir pela primeira vez com a Liga dos Campeões de futebol, evento que todas as modalidades procuram evitar chocar, pela sua dimensão em termos de audiência global.

    Menores preocupações existem relativamente à capacidade hoteleira da cidade, que é exemplar e capaz de dar resposta à demanda, existindo até planos da abertura de mais hotéis durante 2018 e 2019, estando a cidade totalmente preparada neste requisito – ao contrário da escolha de Eugene (Oregon) para 2021.

    A organização defende-se com as experiências passadas e com razão. No Atletismo, organizou os Mundiais de Pista Coberta em 2010 (e os de Atletismo Adaptado em 2015). Organizou os Mundiais de Natação (25m) em 2014, os de Andebol e Boxe em 2015, os Jogos Árabes de 2011 e todos os anos organiza um importante torneio ATP no ténis e um outro WTA. Ainda assim, a nível logístico e a nível de assistências este é o maior desafio que a cidade e o país já enfrentaram e o grande teste para o Mundial de Futebol em 2022 (que envolve ainda uma logística bem maior, espalhado por várias cidades e estádios).

    Ainda assim, o Atletismo precisa de se expandir e chegar a novos públicos. A aposta em Doha poderá parecer arriscada, especialmente nesta altura, mas é uma das opções mais óbvias para o primeiro passo dessa expansão. Os desafios são enormes e tudo terá que correr na perfeição, mas correndo bem, o Atletismo poderá respirar de alívio e finalmente alargar o seu calendário de elite a outros pontos do planeta.

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    Pedro Pires
    Pedro Pireshttp://www.bolanarede.pt
    O Pedro é um amante de desporto em geral, passando muito do seu tempo observando desportos tão variados, como futebol, ténis, basquetebol ou desportos de combate. É no entanto no Atletismo que tem a sua paixão maior, muito devido ao facto de ser um desporto bastante simples na aparência, mas bastante complexo na busca pela perfeição, sendo que um milésimo de segundo ou um centimetro faz toda a diferença no final. É administador da página Planeta do Atletismo, que tem como principal objectivo dar a conhecer mais do Atletismo Mundial a todos os seus fãs de língua portuguesa e, principalmente, cativar mais adeptos para a modalidade.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.