5.000 METROS: VENCER NO CORTA-MATO E EM PISTA
Cheptegei fê-lo, mas Hellen Obiri deu o mote um dia antes, aliando a vitória nos Mundiais de Corta-Mato do início do ano, a esta vitória em pista já em Outubro – quase sete meses depois! Obiri provou, mais uma vez, que é nesta distância onde se sente “na sua praia” em pista, controlando a prova e atacando quando quis, terminando em 14:26.72, um novo recorde do campeonato! Kipkemboi (KEN) também bateu um recorde pessoal para a Prata e Klosterhalfen (GER) pôs a Europa no pódio. Com o festival de Obiri, fica a sensação de que Hassan (HOL) fez bem em fazer os 1.500/10.000, não competindo nos 5.000 metros e fica a certeza de que o Crosse e a Pista são complementares.
10.000 METROS: A PARTE 1 DE HASSAN – ELA VAI A TODAS
Para a maioria dos atletas, a aposta nos 10.000 significa que dificilmente estarão preparados para competir em outro evento nos mesmos Campeonatos (pelo menos, ao mesmo nível). Não era o caso de Hassan que sabia que faria os 10.000 no primeiro dia e que depois iria lutar por outro Ouro nos 1.500 ou 5.000 (e fê-lo nos 1.500…). A holandesa não deu nenhuma mostra de se estar a poupar, tendo conquistado o Ouro com a melhor marca mundial do ano – 30:17.62. Atenção à jovem Gidey (ETH), que com 21 anos, fez frente a Hassan e alcançou um excelente recorde pessoal (30:21.23).
MARATONA: O TESTE DE RESISTÊNCIA
A Maratona já é conhecida por ser um autêntico teste de esforço e resistência, mas em Doha isso foi levado ao limite, sendo que esta foi a prova em que as condições atmosféricas em estrada estiveram mais adversas para os atletas. Ainda assim, o pódio foi composto por três favoritas e o Ouro voltou para o Quénia, com Ruth Chepngetich a alcançar a vitória mais lenta de sempre em Mundiais (2:32:43). Poucas ilações há a retirar para 2020. As principais Maratonas não terão os problemas de Doha e os Olímpicos agora também não, com a alteração das provas de estrada de Tóquio para Sapporo.
100 BARREIRAS: O SEGREDO É SER MÃE?!
Havia duas favoritas claras para esta final: a recordista mundial, Kendra Harrison (USA) e a líder mundial Danielle Williams (JAM), que havia dominado o circuito internacional depois da polémica nos Trials jamaicanos. Havia ainda a considerar a campeã olímpica, Briana McNeal (USA), que vinha a fazer uma época irregular, mas que poderia chegar a Doha em força. McNeal fez logo falsa partida nas eliminatórias e ficou fora de qualquer discussão.
Na final, Nia Ali (USA) surpreendeu tudo e todos, correndo um enorme recorde pessoal (12.34) aos 30 anos, numa das finais mais rápidas de sempre em Mundiais. A norte-americana já havia sido Prata no Rio e tinha títulos indoor, mas ninguém acreditava que um ano depois de ter sido mãe pela segunda vez (desta vez o papá é… Andre de Grasse!) pudesse voltar uma melhor atleta do que alguma vez o foi, sagrando-se campeão mundial. Em 2020 vai ser a guerra do costume num evento recheado de qualidade!
400 BARREIRAS: A MELHOR FASE DA HISTÓRIA
Com a chegada do “furacão Sydney”, Dalilah Muhammad (USA) sabia que teria que sacar da cartola algo especial para continuar a ser a dominadora do evento e fê-lo por duas vezes este ano, tendo batido, em Doha, mais uma vez, o recorde mundial! Já vai em 52.16 e Dalilah resiste assim ao ataque de Sydney McLaughlin (USA) que, aos 20 anos, já é a 2.ª mais rápida de sempre, com 52.23 segundos para alcançar a Prata em Doha.
Três meses antes, a marca de McLaughlin teria sido um enorme recorde mundial, o que demonstra bem o patamar da jovem. Será que veremos em 2020 o primeiro sub-52 da história? É difícil prever, mas é fácil constatar que a disciplina nunca foi tão excitante. Para já, este ano, Dalilah Muhammad é a grande favorita a receber o prémio da IAAF para a atleta do ano.