TRIPLO SALTO: A TRADIÇÃO AINDA É O QUE ERA
Muitos diziam que Will Claye (USA) seria o favorito para este ano, depois de ter saltado enormes 18.14 metros em Long Beach, marca que o colocou como o 3.º atleta a saltar mais na história. Pedro Pablo Pichardo (POR) também já tinha tido importantes vitórias sobre Christian Taylor este ano (venceu no meeting de Londres) e na temporada passada (venceu a final da Diamond League em Bruxelas) e por isso existiam dúvidas se Taylor iria conseguir revalidar o título.
Mas apostar contra Christian Taylor não é inteligente e os 17.92 metros (melhor do ano) em Doha chegaram para provar que ainda é rei e senhor do Triplo (quatro Ouros em Mundiais e dois em Jogos Olímpicos). O recorde mundial tem andado longe para a estrela do Triplo, mas, quem sabe, se não é a sua grande aposta para 2020.
LANÇAMENTO DO PESO: A MELHOR FASE DA HISTÓRIA
Muitos dizem que nunca foi tão emocionante assistir a concursos do Lançamento do Peso e a competição de Doha provou que isso é real. A melhor competição da história viu três homens ultrapassarem os 22.90 metros, sendo que Joe Kovacs alcançou o Ouro porque conseguiu ainda mais um centímetro do que os seus companheiros de pódio! Kovacs, Crouser e Walsh todos eles bateram a marca que era o anterior recorde dos campeonatos e mostraram que a competitividade e a boa disposição podem andar de mãos dadas, sendo que as brincadeiras entre todos são uma constante antes e após os concursos.
LANÇAMENTO DO DISCO: AFINAL, STAHL NÃO ESTÁ AMALDIÇOADO
Daniel Stahl tem dominado os rankings nos últimos quatro anos, mas tem sempre falhado a medalha de Ouro em grandes campeonatos (Europeus 16’ e 18’, Mundiais 17’ e Olímpicos 16’). Desta feita, o sueco levou mesmo para casa a medalha mais desejada. No entanto, para tal, contou também com a desinspiração dos seus mais diretos rivais, uma vez que até lançou menos do que em Londres (onde foi 2.º) ou em Berlim (2.º também). Pode ser que lhe retire a pressão que ainda parece sentir em grandes finais.
LANÇAMENTO DO MARTELO: RIMA COM FAJDEK
Não há dúvidas que o Martelo tem perdido muito do protagonismo que tinha ao não fazer parte dos mais importantes meetings do circuito internacional e quem mais perde com isso são homens como Pawel Fajdek (POL). O polaco conquistou o seu 4.º título mundial consecutivo (!), outra vez acima dos 80 metros e vai a Tóquio à procura do primeiro título olímpico.
LANÇAMENTO DO DARDO: FAVORITOS… ONDE?
Talvez o concurso mais estranho destes Mundiais, com uma marca inesperadamente baixa como vencedora (86.89 metros) vinda de um ainda mais inesperado campeão mundial: Anderson Peters de Granada! Num evento que nos últimos anos tem sido largamente dominado pelos alemães, sabia-se que os mesmos tinham sentido algumas dificuldades este ano, mas até vinham recuperando a aura de favoritos.
Afinal, Vetter havia lançado 89.35 metros na qualificação! Nada disso aconteceu na final e se os alemães falharam (apenas Vetter entrou no pódio, no 3.º lugar, sendo que Hofmann e Rohler nem da qualificação passaram!), o mesmo se pode dizer dos outros que eram os grandes candidatos: Kirt (EST) ainda foi Prata no 2.º lugar, mas Cheng Chao-tsun (TPE) nem sequer entrou nos oito finalistas!
DECATLO: CUIDADO COM O QUE DIZES!
O grande favorito – e recordista mundial – Kevin Mayer (FRA) antes mesmo de começar o seu evento, lançou várias críticas à IAAF e à organização do evento, deixando claro que era contra a localização do evento no Qatar. Talvez demasiado preocupado com tudo menos com o seu evento ou talvez vítima de alguma praga, a verdade é que Mayer lesionou-se durante o 2º dia do evento (ou agravou uma lesão antiga, segundo o próprio) e não terminou o Decatlo. A vitória foi para um miúdo de 21 anos que muito promete.
PORTUGAL: CONVERSEM OS MAIS VELHOS
Não foram os melhores Mundiais para Portugal, sendo que apenas quatro homens se qualificaram para os campeonatos. Ainda assim, mais uma vez, se provou que não devemos retirar os nossos atletas mais experientes de cena e pudemos mesmo testemunhar uma inesperada (e merecida) medalha para João Vieira. Numa altura em que muito se fala de redução de apoios e orçamentos, é importante que os clubes reconheçam o valor de quem nos seus mais de 40 anos ainda apresenta a frescura dos 20 e que esses atletas sejam valorizados no país em geral.
Foto de Capa: IAAF
Artigo revisto por Diogo Teixeira