Perder de propósito

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Phil Jackson, o reputado treinador de basquetebol,  agora Presidente dos New York Knicks, não está com a vida fácil na  nova faceta. A equipa não para de perder e é das piores da NBA (10 vitórias e  40 derrotas).

Jackson, que assinou um contrato de 60  milhões de dólares válido por cinco anos, conta no seu curriculum com o maior número de títulos da história da NBA, sendo 11 como técnico e dois como jogador. Escreveu também  um livro que é best selling (“Eleven Rings: The Soul of Success”). No início da época, as expectativas em Nova Iorque eram altas  e apontavam claramente  para um lugar nos “play off”, até porque  os  jogadores tinham em boa conta Derek Ficher, o ex-base que se estreava como treinador.

Jackson, relativamente  ao desastre da  época e ao treinador, disse recentemente: “A culpa é só minha. Deixem o Derek Fisher  em paz, ele está a fazer o melhor possível. Obviamente  que  não escolhi bem os  jogadores, mas  vamos melhorar. Não ficamos à espera do final da época, vamos  fazer com que as coisas aconteçam. Tenho  de justificar a razão  pela qual fui contratado. Não adianta procurar uma  grande estrela para ter fortuna, isso nunca aconteceu nos últimos  45 anos. A melhor maneira de solucionar o problema é começar tudo de novo e  descobrir o caminho certo. Temos de mudar a cultura do Clube.”

A opção agora é clara: os Knicks desistem  desta época e  trabalham já na próxima. A renovação passa, não só pela contratação de jogadores free agency e por garantir boas posições nos próximos drafts, mas também pela venda de jogadores.

Não surpreende pois que  o poste Samuel Dalembert tenha sido despedido (pouparam $33 milhões de dólares) e que  dois dos seus melhores jogadores (Iman Shumpert e J.R. Smith) tenham sido  enviados para Cleveland com as respetivas compensações de futuros jogadores. O italiano Bergani (11,5 milhões), o base espanhol Calderon (quatro anos de contrato a 7,250 milhões por ano) e o argentino Pablo Prigioni (já com 37 anos, tem contrato de três por 4,9 milhões dólares) devem seguir o mesmo caminho. Em estudo está a situação  dos  consagrados Carmelo Anthony (cinco anos de  contrato por 124 milhões) e Amar’e Stoudemire, que está na última época de um contrato de cinco anos por 100 milhões de dólares e desespera por nada ganhar .

Jackson ainda equaciona reconstruir a equipa à volta de Carmelo Anthony, mas as constantes lesões e a inadaptação ao modelo de jogo levantam sérias dúvidas.

Marc Gasol: Trocar o bom pelo mau Fonte: @NBA
Marc Gasol: Trocar o bom pelo mau
Fonte: @NBA

Os alvos de Phill Jackson são óbvios. Entre eles está o poste espanhol Marc Gasol, dos  Memphis Grizzlies. Contudo, este  não  parece  muito interessado na equipa: “Memphis é a minha segunda casa. Não me estou a ver noutro lado. Não faz qualquer sentido trocar uma boa equipa por uma má, a menos que me provem que vão construir algo de novo”, afirmou o espanhol.

Claro está que Nova Iorque é uma grande e atrativa metrópole, onde os jogadores têm alta qualidade de vida e a experiência pode ser financeiramente lucrativa.

Perder de propósito

Na NBA as melhores posições do DRAFT continuam a ser atribuídas às equipas mais mal classificadas. Assim, não é de estranhar que as equipas não apuradas para os play off percam de propósito para garantirem melhores jogadores no futuro Draft.

 Jahlil Okafor joga nos Duke Blue Devils Fonte: @NBA
Jahlil Okafor joga nos Duke Blue Devils
Fonte: @NBA

Os Knicks sabem que, se tivermos o pior record da prova, têm 25% de hipóteses de garantirem o mais que provável número um: Jahlil Okafor, o poste de Duke.

Em situação similar, Knicks, Sixers e Lakers (que, segundo a Forbes, valem 2,6 mil milhões de dólares) fazem um campeonato à parte, a ver quem perde mais jogos.

“Os jogadores não gostam de jogar para perder, e os adeptos têm o direito de ver um desporto competitivo. Criaram um sistema que encoraja esta prática”, disse Michaele Roberts, do sindicato  dos jogadores.

A merecer um pedido de desculpas estão os adeptos ingleses, que recentemente também foram enganados no jogo Knicks – Bucks, disputado em Londres, que só podia ter acabado com mais uma derrota dos primeiros (79-95).

A culpa é do triângulo?

Falar do ataque dos “Triângulos” é relembrar a dupla de treinadores Tex Winter/Phill Jackson e as imagens de  Michael Jordan, Kobe Bryant, Scottie Pippen e Shaquille O’Neal. Todos eles foram protagonistas com este sistema nos Chicago Bulls e nos Los Angeles Lakers.

Com a chegada de Phill Jackson e Derek Fisher, o célebre ataque ganhou nos Knicks um papel de relevo.

Para o coach Jackson, o ataque não tem segredos: “Marcar pontos é uma coisa, passar a bola é outra, os jogadores necessitam de tempo e ritmo para aprenderem a  jogar coletivamente. Não me parece que seja algo de complicado”.

Jordan, Pippen e Bryant tiveram adaptações diferentes ao sistema. No início, Jordan sentia-se pouco confortável ao passar de extremo para base, o que foi ultrapassado com a ajuda de Pipen. Já com Kobe, tudo foi mais fácil.

No início da época, Derek Fisher aplicou os conceitos  na  Summer League (Las Vegas) e na Liga NBA Developmental, para mais tarde  passar à NBA. Os resultados têm sido péssimos Fonte: @NBA
No início da época, Derek Fisher aplicou os conceitos na Summer League (Las Vegas) e na Liga NBA Developmental, para mais tarde passar à NBA. Os resultados têm sido péssimos
Fonte: @NBA

A verdade é que Carmelo Anthony e os companheiros não gostam nada do “triangle offense”, argumentando que as outras equipas já sabem como defender tal sistema (o que não deixa de ser um pouco ridículo para este nível de competição).

O polémico Denis Rodman também opina sobre os Triângulos: “Como podem jogar o ataque dos Triângulos, se Carmelo Anthony quer lançar todas as bolas, enquanto os outros tentam desempenhar o seu papel? Com Phill sabíamos quem era o “boss”. Era Michael Jordan. Ninguém quer jogar com Carmelo.”

Contrariando os jogadores de Nova Iorque, Rodman disse ainda que para aprender o ataque só necessitou de 15 minutos nos Bulls. “Não é difícil,  é apenas um triângulo. Passas e vais para o canto. Ganhas posições interiores. Mudas o lado da bola. Mais um triângulo, boom, boom. Não é nada difícil, até porque todos têm oportunidade de tocar na bola e lançar. O pior é se aparece o Carmelo Anthony e tudo para…”

O ataque dos Triângulos não funciona nos Knicks, porque estes não têm bons jogadores e não são uma equipa, mas sim um conjunto de atletas que se equipam com a mesma camisola.

Já nem Spike Lee vai ver os jogos dos Knicks Fonte: David Shankbone
Já nem Spike Lee vai ver os jogos dos Knicks
Fonte: David Shankbone

Recentemente, os Knicks jogaram em Londres e a ausência de Spike Lee, o adepto mais fervoroso da equipa, causou estranheza. Porque não foi a Londres?

Já perdermos 16 “motherf… games” seguidos e quer que eu vá apanhar um avião? Para os ver perder, não apanho nem um táxi…

Conhecido pelo trabalho psicológico com as equipas, Phill Jackson bem pode recorrer à sua máxima para dar a volta ao texto:

The strength of the team is each individual member. The strength of each member is the team.

Foto de Capa: Nicholas Tam

Mário Silva
Mário Silvahttp://www.bolanarede.pt
De jogador a treinador, o êxito foi uma constante. Se o Atletismo marcou o início da sua vida desportiva enquanto atleta, foi no Basquetebol que se destacou e ao qual entregou a sua vida, jogando em clubes como o Benfica, CIF – Clube Internacional de Futebol e Estrelas de Alvalade. Mas foi como treinador que se notabilizou, desde a época de 67/68 em que começou a ganhar títulos pelo que do desporto escolar até à Liga Profissional foi um passo. Treinou clubes como o Belenenses, Sporting, Imortal de Albufeira, CAB Madeira – Clube Amigos do Basquete, Seixal, Estrelas da Avenidada, Leiria Basket e Algés. Em Vila Franca de Xira fundou o Clube de Jovens Alves Redol, de quem é ainda hoje Presidente, tendo realizado um trabalho meritório e reconhecido na formação de centenas de jovens atletas, fazendo a ligação perfeita entre o desporto escolar e o desporto federado. De destacar ainda o papel de jornalista e comentador de televisão da modalidade na RTP, Eurosport, Sport TV, onde deu voz a várias edições de Jogos Olímpicos e da NBA. Entusiasmo, dedicação e resultados pautam o percurso profissional de Mário Silva.                                                                                                                                                 O Mário escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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