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cab basquetebol nacional

A vida dos treinadores de basquetebol dos escalões de formação não está fácil. O campo de recrutamento em Portugal é cada dia mais diminuto, a modalidade perdeu muito do seu espaço e o futebol cedo recruta “tudo e todos”. Em grandes dificuldades económicas, os clubes, na sua maioria falidos, recorrem ao patrocínio dos pais, que suportam a maioria das despesas. Não surpreende pois que cada vez mais a interferências da maioria deles seja maior, sem entenderem bem o seu papel e complicando a vida aos treinadores, na sua grande maioria jovens. Alguns assumem a figura de pais/treinadores e na maior parte das vezes não conseguem despir a farda de pais. Outros sem conhecimentos da modalidade e do desporto vão para diretores ou seccionistas. Ambos, muitas vezes, desligam-se da modalidade quando os filhos acabam a formação.

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O problema não é obviamente exclusivo nacional. Encontrei no site Pro Shot Shooting System uma boa reflexão do tema. Relatava Paul Hoover, o responsável do sistema, que nas últimas duas semanas tinham sido despedidos dois dos seus amigos treinadores (um estava no “High School” de New Jersey e outro estava na “NAIA”). A razão justificativa de tais despedimentos era: “Os pais não estavam contentes com o tempo de jogo dos seus filhos na equipa.”

Isto é muito preocupante e, infelizmente, está a ser cada vez mais frequente no desporto. Sempre acreditámos que o tempo de jogo de cada atleta é uma decisão apenas e só do treinador, que coloca a jogar quem bem entende. Então, por que razão são os treinadores demitidos por causa do tempo de jogo? Vivemos na era dos direitos. Assim, muitos pais e atletas acreditam que têm direito a jogar o tempo todo. De onde vem essa noção? Provavelmente tudo começa em casa, e o facto de em Portugal a maioria pagar uma mensalidade leva-os a pensar assim.

Recordo um episódio recente em que uma mãe reivindicava um treino suplementar porque a filha não tinha sido convocada para o jogo do fim de semana, logo tinha direito a uma “aula” suplementar seguindo a regra em vigor nas escolas. Os regulamentos definem em alguns escalões o tempo mínimo para a participação de cada jovem. Para jogarem mais tempo, os jovens têm de conquistar minutos com trabalho e disciplina.

Os pais não estão nos treinos todos os dias e não sabem o que realmente lá se passa. Mas o que realmente preocupa a maioria é saber se os seus filhos jogam ou não. E se não jogam a “vingança” pode colocar o lugar do treinador em perigo. Temos notado que ultimamente houve uma mudança radical na forma como muitos pais olham para o basquetebol. No passado, a crença era a de que o basquetebol e os desportos em geral ajudavam a compreender e a suplantar as adversidades. Muitos de nós crescemos com o ditado “quando as coisas ficam difíceis, o trabalho duro vai recomeçar.”

O basquetebol também ajudou muitos jovens a desenvolverem uma ética de trabalho. Os que eram melhores jogadores eram assim porque trabalhavam muito mais e de forma muito intensa as suas habilidades. Como dizia Michael Jordan, “com o fracasso também se aprende”. Nos velhos tempos, jogar não era um direito. Era algo que se conquistava com trabalho e dedicação. E quando os jovens se queixavam aos pais estes diziam: “Tu precisas é de trabalhar muito mais.

basquetebol pai e fillho

Recentemente um treinador comentou: “o problema que vejo é que a criança, mal entra no carro após o treino ou jogo, a primeira coisa que ouve dos pais é: divertiste-te, filho?” Os treinos no basquetebol devem ser intensos, disciplinados e servir de experiência para as aprendizagens; não têm necessariamente de ser divertidos. A diversão deve vir só depois dos treinos ou dos jogos, como experiências de uma equipa que é bem sucedida e trabalha com uma direção e objetivo concretos. Não é assim que pensam muitos pais e “treinadores”, que acreditam que o desporto deve ser divertido ao longo de cada treino e dos jogos. “E se o pequeno “Johnny” ou a “Susie” não se estão a divertir com o basquetebol, então há algo de errado com esse treinador”.

Finalmente, quando um Diretor despede um treinador com base no tempo de jogo, devia ser também imediatamente demitido. Preocupam-se mais em agradar os pais do que com o que é realmente importante. Os treinadores nunca deviam estar preocupados com quem joga ou não e com o facto de isso irritar um certo grupo de pais, apenas porque o seu trabalho pode estar em perigo.

Razões para demitir um treinador devem incluir apenas e só mau comportamento, apatia, fraco motivador ou falta de compreensão de como ensinar o jogo. Em nenhum momento o treinador deve incluir o tempo de jogo como sua preocupação.

Mário Silva
Mário Silvahttp://www.bolanarede.pt
De jogador a treinador, o êxito foi uma constante. Se o Atletismo marcou o início da sua vida desportiva enquanto atleta, foi no Basquetebol que se destacou e ao qual entregou a sua vida, jogando em clubes como o Benfica, CIF – Clube Internacional de Futebol e Estrelas de Alvalade. Mas foi como treinador que se notabilizou, desde a época de 67/68 em que começou a ganhar títulos pelo que do desporto escolar até à Liga Profissional foi um passo. Treinou clubes como o Belenenses, Sporting, Imortal de Albufeira, CAB Madeira – Clube Amigos do Basquete, Seixal, Estrelas da Avenidada, Leiria Basket e Algés. Em Vila Franca de Xira fundou o Clube de Jovens Alves Redol, de quem é ainda hoje Presidente, tendo realizado um trabalho meritório e reconhecido na formação de centenas de jovens atletas, fazendo a ligação perfeita entre o desporto escolar e o desporto federado. De destacar ainda o papel de jornalista e comentador de televisão da modalidade na RTP, Eurosport, Sport TV, onde deu voz a várias edições de Jogos Olímpicos e da NBA. Entusiasmo, dedicação e resultados pautam o percurso profissional de Mário Silva.                                                                                                                                                 O Mário escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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