Ciclismo: Credibilização do desporto para a promoção do espetáculo

    CREDIBILIZAR O DESPORTO

    Apesar de tudo o que disse anteriormente, o ciclismo enfrenta hoje um problema de credibilização perante o grande público. O caso Lance Armstrong foi um autêntico murro no estomago no que à reputação da modalidade diz respeito.

    Não me querendo alongar sobre o tema, a verdade é que o norte-americano era um dos principais embaixadores da modalidade. A sua história de superação – Armstrong superou um cancro – inspirou milhões por todo o mundo e trouxe outros milhões para a modalidade.

    Contudo, o mais preocupante em toda esta história foi a forma sistemática e metódica como todo o sistema foi enganado. Não tenhamos a menor duvida de que ainda hoje o ciclismo sofre em virtude das ações praticadas por Armstrong e aqueles que o acompanharam.

    Outro ponto de vista relativamente a esta matéria é o de que Armstrong não era o único que corria fora das regras e que todo o pelotão também estava dopado.

    A Volta a França é uma das grandes competições de ciclismo do calendário anual
    Fonte: Le Tour de France

    Diogo Santos, diretor do site especializado ciclismo 24 por 24, partilha dessa opinião e não tem dúvidas em afirmar que “o escândalo Lance Armostrong foi encomendado, pensado e realizado pelos media (…) E no final do dia, para mim, Lance Armstrong venceu sete Tours de France. Pois, até hoje, ainda não me provaram que um ciclista do ‘seu’ pelotão estivesse 100% limpo”.

    Relativamente ao facto de o ciclismo ser bastante associado a casos de dopping, Diogo Santos é da opinião de que “o doping é um problema do desporto em geral. Enquanto não se aceitar isso, será mais difícil o seu combate”.

    Tentámos também perceber o porquê de o ciclismo não ter tanto mediatismo no nosso país: “em Portugal, o público assíduo de ciclismo tem aumentado e até rejuvenescido. As audiências do Eurosport comprovam isso. No entanto, os jornais, nomeadamente os desportivos, continuam a não ter a coragem de fazer uma capa sem ser a falar de futebol”. Diogo Santos afirma ainda que “no estrangeiro os jornais deram grande destaque ao Tour. O HLN fez cadernos especiais ao longo da prova. O N Het Nieuwsblad não deixou dar destaque com +/- 10 páginas diárias. O L’Equipe (jornal francês mas que por razões naturais também se destaca por ali) fez capa atrás de capa com o Julian Alaphilippe. Nos Países Baixos, o Steven Kruijswijk foi capa do De Telegraaf após fechar no pódio da prova francesa ao lado do Max Verstappen que ganhou em F1 o Grande Prémio da Alemanha”.

    Por último, tentamos perceber de que forma pode o ciclismo promover uma maior competitividade e espetáculo. Sobre o recente domínio da SKY/INEOS, o diretor do ciclismo 24 por 24 é da opinião de que “a INEOS não dominou este Tour como dominou outros. Ainda assim, fechou em 1º e 2º, feito que só fizera na vitória do Sir Bradley Wiggins. Agora, este domínio tem o devido mérito. Apresenta sempre o alinhamento mais forte. O mais talhado para o percurso, o que está em melhor forma. Além disso, tem por detrás uma estrutura técnica que faz a diferença”. Questionado sobre a possibilidade de limitar o orçamento da INEOS, Diogo Santos questiona-se se ao estarmos a limitar os orçamentos, não estaremos a limitar o desenvolvimento do próprio ciclismo?.

    Foto de Capa: Le Tour de France

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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