Egan Bernal triunfa num Giro d’Italia com muito “lume” português

    SAGAN, FORTUNATO, TACO, GANNA E COMPANHIA: OS HERÓIS DO GIRO

    Se a geral individual de uma grande volta motiva uma quota parte considerável de atenção mediática, existe também a necessidade de mencionar todos os outros momentos relacionados com as restantes classificações em disputa, assim como relembrar as próprias etapas mais emocionantes dos 21 dias de competição.

    E começando pela emoção, o que dizer de algumas vitórias de nomes improváveis, nomeadamente em fugas, como a incrível marcha até ao risco de meta por Taco Van der Hoorn, da Wanty, logo na etapa três. A grande vitória do holandês foi o espelho de uma corrida que ofereceu espaço aos mais audazes para tentarem a sua sorte numa fuga. Joe Drombovski, Gino Mader, Victor Lafay, Mauro Schmid, Andrea Vendrame, Victor Campenaerts, Dan Martin e Alberto Bettiol compreenderam isso mesmo e tiveram pernas para levar uma etapa para casa. Falta apenas o nome de Lorenzo Fortunato, que, de todos estes atletas, talvez tenha sido o responsável por orquestrar o triunfo mais contagiante desta edição do Giro d´Italia.

    25 anos. EOLO-Kometa. Monte Zoncolan. O que parecia uma fantasia virou realidade quando Fortunato, um dos elementos da fuga do dia, foi pela mítica montanha acima e ninguém foi capaz de o apanhar. A equipa de Alberto Contador e Ivan Basso jamais prognosticaria uma vitória desta magnitude, mas aconteceu e abrilhantou a prestação da formação “secundária” em termos de escalão World Tour.

    Se tivemos espetacularidade em diversas lutas por etapas, o mesmo se aplica à vitória de Peter Sagan na classificação por pontos, envergando a “maglia ciclamino” em Milão, depois de bater Davide Cimolai e Fernando Gaviria por escassos pontos. A juntar uma vitória em etapa, esta conquista significa ainda a oitava classificação por pontos para o versátil corredor eslovaco.

    Não se deu muito por ele, ou pelo menos como se costuma dar, mas o impactante ciclista da Bora-Hansgrohe respondeu da melhor maneira ao passado recente repleto de percalços físicos. A consistência e a capacidade para pontuar em praticamente todos os tipos de terreno são valias especiais ainda bem presentes no atleta, no entanto não se sentiu a frescura de outros tempos, o que acaba por se explicar com a natural curva do seu auge e a emancipação de adversários a entrar no mesmo, como é o caso de uma armada italiana bem conhecida dos adeptos e de um Caleb Ewan competente.

    Para além das duas prestações de Filippo Ganna à Filippo Ganna, com duas vitórias em dois contrarrelógios, o sprint, outro domínio igualmente importante, contou com um Caleb Ewan acima de todos os outros, pelo menos em termos de explosividade. Duas etapas, contra uma de Tim Merlier em ascensão em termos de carreira, outra de Giacomo Nizzolo, que obteve a primeira numa grande volta e a jornada vencida por Peter Sagan. Em relação aos restantes nomes, destaque para a prova consistente de Davide Cimolai, Elia Viviani e Fernando Gaviria. Sem vitórias, mas sempre na discussão das mesmas, assim como o regressado Dylan Groenewegen – a meio gás -, Max Kanter ou Matteo Moschetti, numa segunda linha.

    Em relação à outra classificação por pontos, mas relativa à montanha, não se pode dizer que a luta foi emocionante. Uma corrida a solo terminou com a vitória de Geoffrey Bouchard, da AG2R Citroen Team, que apenas encontrou oposição num Bernal desinteressado na luta pelo objetivo do francês. A classificação por equipas foi vencida sem espinhas pela Ineos Grenadiers, quanto à classificação da juventude, vencida por Bernal, destaque para os óbvios Vlasov, Martínez e João Almeida. Mencionar ainda as prestações de Foss e Attila Valter, dois jovens que prometem intensificar o seu crescimento a curto prazo.

    Na lista de surpresas e desilusões, em todos os parâmetros, existem alguns pontos a abordar. Começando pelas agradáveis surpresas, Damiano Caruso tem que ser uma das principais. O terceiro homem da Bahrain – Victorius portou-se como um senhor e levou um memorável segundo lugar para casa. Foss, um dos príncipes da nova geração dinamarquesa repleta de talento, garantiu também um excelente nono lugar, constituindo-se como mais uma promessa dentro da Jumbo-Visma para voos realmente grandes. Para além dos óbvios Fortunato, Valter ou um Bettiol de volta à ribalta, destaque para a conquista de Bouchard e ainda para Simon Carr, Chris Hamilton e Gino Mader.

    Quanto às desilusões, podemos enunciar as mesmas a partir da falta de correspondência em termos de expectativas. Diego Ulissi, Fausto Masnada, Vincenzo Nibali, Davide Formolo, Giovanni Visconti ou Elia Viviani foram os italianos de quem se esperava um pouco mais. Na mesma linha, Bauke Mollema, Marc Soler, Harm Vanhoucke ou Jai Hindley foram outros corredores que estiveram mais apagados.

    Rica em conteúdo, histórias e espetáculo. Terminou assim a primeira grande volta deste ano e as maiores ilações que podemos tirar dizem-nos que temos um Bernal para fazer frente à dupla eslovena e um português, de seu nome João Almeida, a fazer cada vez mais história a cada dia que passa e a trazer novos e antigos adeptos da modalidade, cada vez mais concentrados no apoio à Pantera das Caldas da Rainha. O melhor para João Almeida e para o ciclismo português ainda está para vir!

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.