HTV Cup: A “Grande Volta” do Vietname que tem mais etapas do que o Tour de France

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    As três corridas mais importantes do ciclismo, o Giro d’Italia, o Tour de France, a Vuelta a España, são conhecidas pela sua extensão de 21 dias, tendo nalgumas edições chegado aos 22 dias de prova. Mas a corrida com mais dias de competição do Mundo não é nenhuma destas três e nem sequer é uma prova europeia. Essa honra cabe à Ho Chi Minh City TV Cup (HTV Cup), uma prova de 25 dias que decorre no Vietname. É a prova de ciclismo mais antiga, assim como a mais importante, do país e tem o intuito de celebrar a unificação entre Vietname do Norte e Vietname do Sul no ano de 1975.  Conta já com 35 edições, tendo a primeira sido em 1988, com o número de dias a variar bastante de ano para ano.

     Em 2020, foi a primeira corrida de ciclismo a decorrer após a interrupção das competições durante vários meses, devido à pandemia da COVID-19 e contou com 18 etapas. 2 anos antes, na 31ª edição da HTV Cup, a corrida teve 30 dias e passou também por Laos e Camboja, demonstrando o caráter transfronteiriço tão habitual nas Grandes Voltas. De acordo com a Viêt Nam News, o vencedor da camisola amarela da edição de 2023 recebeu 200 milhões de dólares vietnamitas o que equivale a pouco mais de 7,5 mil euros.

    Para além do caráter festivo e patriótico, de acordo com a Cycling Weekly, a HTV Cup foi criada por uma razão bastante logística: ajudar os funcionários da Ho Chi Minh City Television a ganhar experiência na transmissão de eventos em direto. Para além disto, também se pretendia promover a estação que era (e ainda é) a transmissora oficial da prova.

    O PERCURSO

    A HTV Cup decorre, tradicionalmente, durante o mês de abril e foi ganhando popularidade ao longo dos anos, levando não só ao aumento do número de etapas, mas também a que a corrida adquirisse o tal caráter transfronteiriço, nomeadamente a partir de 2006.  Ao nível de percurso, a HTV Cup é predominantemente constituída por etapas planas, sendo que também existem dias bastante acidentados, até mesmo com subidas bastante extensas, como é o caso do Ngoan Muc Pass, com cerca de 20 km, também marcada pelas estradas perigosas.

    À semelhança do Tour, a HTV Cup também termina, tradicionalmente, no mesmo local: no Palácio da Independência em Ho Chi Minh City, com a particularidade de acabar sempre ao meio-dia de 30 de abril, data que assinala o aniversário da unificação do Vietname.

    O PELOTÃO

    No que ao pelotão diz respeito, em 2023, a corrida contou com 98 ciclistas espalhados por 18 equipas, todas oriundas do Vietname. Mas estas equipas não contêm apenas atletas vietnamitas, sendo que à partida alinharam 9 ciclistas de outras nacionalidades, nomeadamente 6 europeus, com quatro ciclistas da Rússia, um espanhol e um francês a integrarem o pelotão da prova asiática. Os outros três “forasteiros” eram oriundos da Mongólia.

    E curiosamente, é preciso recuar a 2018, o tal 30º aniversário da corrida para se encontrar o último vietnamita a conquistar a amarela: Thanh Tam Nguyen, que conta com vitórias de etapa na Volta à Tailândia e ainda um campeonato nacional do Vietname, em 2015.

    De resto, Hoang Sang Nguyen foi o último ciclista do Vietname a fechar pódio na prova, mais concretamente em 2021, com o melhor colocado em 2023 a ter sido Thang Nguyen que terminou na 6ª posição.

    No que aos vencedores diz respeito, o atual campeão é Petr Rikunov, russo de 26 anos que conquistou 11 etapas da prova, incluindo um contrarrelógio por equipas. O pódio da edição de 2023 foi completamente russo, com Igor Frolov (vencedor em 2022) e Vladislav Duiunov a completarem o top 3.

    O nome mais recente a conseguir revalidar o título é o de Javier Sarda Pérez, espanhol de 33 anos, que conquistou a classificação geral da HTV Cup em 2019 e em 2020. A última corrida que Pérez fez na Europa, de acordo com o First Cycling, foi no ano de 2017, mais concretamente, o Memorial Juan Santiesteban, em Espanha, o qual fechou na 4ª posição. Foi nesse ano que começou a correr ao serviço da Victoire Hiroshima, equipa japonesa.  Ao Cycling Weekly, Pérez comparou a experiência de correr na Europa com a de correr no Vietname

    “Aqui [no Vietname] passamos muito tempo com a equipa (…) Normalmente treinamos juntos todos os dias, o que nos ajuda a trabalhar em conjunto e torna mais fácil defender a camisola numa corrida. Penso que na Europa os ciclistas olham mais para si próprios do que para a equipa.”

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.