Masterclass de Pogačar marca semana de loucura em França

    HAVERÁ ALGUÉM DISPOSTO A TIRAR POGAČAR DO TRONO? BOA SORTE

    Provavelmente, a questão reflete-se apenas e só na diferença gritante de capacidade física. Se isso vai ser um aspeto linear durante o que falta ultrapassar de Tour? A história e os resultados do prodígio esloveno dizem-nos que sim. É complicado prever um hipotético desfalecimento, uma queda, uma situação de corrida que coloque Tadej Pogačar, o homem mais forte em competição, fora do caminho do seu segundo título de campeão.

    Passando novamente para a estrada, a vantagem confortável já construída pelo líder da UAE-Team Emirates começou a ganhar forma com o contrarrelógio de outro mundo. Tirando os segundos ganhos nas etapas inicias, a primeira demonstração de força deu-se com um esforço individual de outro mundo, vulgarizando tudo e todos, até mesmo o próprio Roglič, que algo debilitado, perdeu 45 segundos em 30 quilómetros.

    A queda aparatosa que o líder da Jumbo-Visma sofreu na terceira etapa – que o obrigou a abandonar ainda na primeira semana – revelou-se decisiva para a ideia de redefinir objetivos (Vuelta no horizonte) e a consequente porta escancarada para o jovem Pogi revalidar o título em França.

    Como é possível verificar, o ciclista de 22 anos derrotou rivais na geral e especialistas em contrarrelógio com grande facilidade, mas a maior exibição da sua autoria até nem foi essa. Etapa número oito. Chegada a Le Grand-Bonard, 30 quilómetros para a linha de chegada e nem a situação favorável impediu um ciclista de se lançar ao ataque num dos ataques mais fulminantes de que há memória.

    Se Richard Carapaz, o mais esclarecido da formação da Ineos-Grenadiers, ainda aguentou durante uns escassos metros, ninguém foi capaz de seguir o vendaval que se seguiu, quer os líderes para a geral, quer os escapados do dia que, um a um, iam vendo um autêntico foguetão passar.

    Não deu para a vitória na etapa, mas foi uma das performances mais inacreditáveis de sempre. Dylan Teuns juntou-se a Matej Mohoric (vencedor da etapa sete), selando o segundo triunfo para a Bahrain-Victorious, numa situação vitoriosa idêntica à do Giro d’Italia, já depois do líder Jack Haig ter sido forçado a abandonar a prova.

    Relativamente aos humanos, digamos assim, o azar das quedas esbateu-se sobre a própria Ineos, que com Geraint Thomas limitado e Richie Porte atrasado, tem apostado as suas fichas no equatoriano Richard Carapaz. Apesar de se destacar dos demais no que concerne à capacidade física nas grandes dificuldades, a diferença para o restante top 10 tem sido mínima, o que complica a resposta à pergunta “quem é o melhor dos outros?”.

    Apresentando sucintamente cada um, e tendo em conta as características das grandes montanhas e o contrarrelógio final, podemos antever alguma vantagem para aqueles capazes de rolar melhor no esforço individual: Rigoberto Urán (3.º), Jonas Vingegaard (4.º), Wilco Kelderman (7.º) ou até o mais atrasado Mattia Cattaneo (12.º). A disponibilidade que Carapaz aparenta ter, terá que vir à baila para criar distâncias para estes nomes.

    Também Enric Mas e a dupla francesa, David Gaudu e Guillaume Martin, terão forçosamente de mexer ou pelo menos resistir mais tempo na frente do que os concorrentes diretos. Fazer uma menção para Ben O’Connor (2.º), vencedor da última etapa antes do dia de descanso e, em virtude disso mesmo, muito bem posicionado à geral, criando um fosso para todos os outros e que pode ser importante na gestão da prova por parte do escalador australiano. Alexey Lutsenko (8.º) é outra das surpresas, realizando uma primeira semana ao seu nível, faltando apenas saber como é que o seu corpo irá reagir a mais dois terços de corrida.

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.