CHAPEAU, MARK CAVENDISH!
Mark Cavendish venceu quatro etapas na Volta a França e igualou as 34 vitórias de Eddy Merckx na prova. É incrível ler isto e não pensar no “background” do dilúvio que colocou o míssil de Man com pé e meio fora do ciclismo. A ausência das grandes decisões durava há mais de três anos, o que torna toda esta caminhada simplesmente épica.
Recuperado fisicamente do vírus (Epstein-Barr) que quase lhe arruinou a carreira, a oportunidade para se relançar ao mais alto nível surgiu com o regresso à formação da Quick-Step, agora também denominada por Deceuninck. Quatro vitórias na Volta à Turquia e um triunfo sobre os melhores dos melhores em solo belga causou burburinho na questão Bennet vs Cavendish como o sprinter de eleição da equipa de Patrick Lefevere. Depois de muita polémica e a lesão do sprinter irlandês, Cavendish regressou ao Tour para deixar uma marca importantíssima no livro de recordes deste desporto.
🤩 From one legend to another. Respect!
🤩 D’une légende à une autre ! Respect !#TDF2021 pic.twitter.com/Jeuj13ZAmH
— Tour de France™ (@LeTour) July 16, 2021
Fougères, Châteroux, Valence e Carcassone. Faltou Paris no topo do recorde. Por enquanto, são 34 para a talvez maior lenda do ciclismo e 34 para o talvez melhor sprinter de todos os tempos. Fica complicado acreditar que Mark Cavendish não terá pelo menos mais uma oportunidade para superar o recorde que muitos pensavam impossível de atingir, já que Sam Bennet está de saída e a formação belga tem uma tradição de largos anos quanto a sprinters, lançadores, comboios e acima de tudo, em vitórias.
As etapas propensas a finalizadores continuarão a ser uma realidade e Mark Cavendish é, neste momento, um dos melhores do mundo. Seja na Deceuninck Quick-Step ou não, aquilo com que o icónico velocista nos presenteou pode dar mais frutos. Importa, contudo, refletir sobre as circunstâncias em que isto se tornou possível, e nesse campo, a equipa foi fundamental.
From his Deceuninck – Quick-Step teammates and sports directors to his beautiful family and some famous faces from England’s national football team, everybody had a special message for @MarkCavendish after his incredible run at #TDF2021.https://t.co/JsIOTsv2m6
— Deceuninck-QuickStep (@deceuninck_qst) July 19, 2021
Os méritos a nomes com Tim Declerc no controlo na etapa, a Julian Alaphilippe pelo trabalho que realizou em prol do seu colega e a Michael Morkov, por exemplo, têm de ser exaltados, pois o comboio azul funcionou na perfeição. Fosse no controlo das fugas, na aproximação aos metros finais, na colocação do sprinter e nos lançamentos perfeitos de Morkov, a equipa esteve imbatível, juntando esse esforço à qualidade, frescura e experiência de Cavendish.
Como o próprio nunca se cansou de referir, a equipa foi fulcral para estas quatro vitórias. Em Fougères bateu Bouhanni e Philipsen na linha de meta em ligeira subida. Seguiu-se uma vitória tirada a ferros sobre os mesmos rivais, em Châteroux, onde tudo começou. Em grande estilo venceu em Valence, conquistando mais uma vitória nos mesmos moldes das anteriores: excelente aproveitamento do trabalho dos colegas de equipa e principalmente do lançador dinamarquês, realizando ataques curtos e explosivos, triunfando assim com alguma margem sobre Wout van Aert.
¡Lo consiguió! Mark Cavendish vence en Carcassone e iguala a Mercx con 34 victorias en el #TDF2021
Fuente RTVE pic.twitter.com/tFGDo6KIqS
— Sergio Fernández Yustos (@sergioyustos_) July 9, 2021
A última, aquela que permitiu igualar-se ao canibal, surgiu de uma maneira bem mais tensa, com algumas dificuldades no posicionamento na parte decisiva da etapa, mas, curiosamente, naquela onde Morkov se revelou mais essencial. Aproveitando o cone de vento do seu parceiro, Cavendish arrancou nos últimos 100 metros para a glória. O resto é história, uma história que promete ter mais capítulos grandiosos. Mark Cavendish imortaliza-se (ainda mais) no consílio dos deuses do ciclismo por uma porta diferente.