Vincenzo Nibali: O «Tubarão» do pelotão

    UM CICLISTA PARA TODAS AS MEDIDAS

    2014 foi mais um ano em grande com a vitória no Tour, a primeira de um italiano no século XXI, a primeira também desde a dobradinha Giro-Tour alcançada pelo “Pirata” Marco Pantani em 1998. Devido ao quebrar deste jejum, Vincenzo Nibali mostrou o autêntico campeão que sempre foi e entregou uma camisola amarela à família do fenómeno italiano que perdeu a vida em 2004.

    Nibali dominou completamente essa edição da Volta a França. Mostrou mais uma vez que era um ciclista versátil, capaz de atacar em média, alta montanha e até no paralelo. Numa etapa com alguns setores de pavê do Paris- Roubaix, Nibali ficou no terceiro lugar e ganhou mais de dois minutos a Alberto Contador, nesse dia. A vitória final foi arrasadora, com o segundo classificado, Jean-Cristophe Péraud, a ficar a 7 minutos e 37 segundos da camisola amarela.

    A vitória do italiano persiste até ao dia de hoje sob uma grande interrogação: Contador e Froome não acabaram a corrida, devido a quedas. Teria Nibali ganho a prova rainha do ciclismo mundial, caso o espanhol e o britânico tivessem seguido até Paris? Uma daquelas perguntas que vai ficar sem resposta. O domínio de Vincenzo Nibali na Volta a França pode indicar que sim, mas Contador e Froome atravessavam também um enorme momento de forma.

    Foi a penúltima grande volta que Nibali ganhou. A última foi a Volta a Itália de 2016, que o “Tubarão” ganhou com uma recuperação tremenda nos últimos 3 dias da prova, muito graças a uma queda de Steven Kruijswijk na etapa 19. O neerlandês levava mais de quatro minutos e meio para o italiano à entrada do antepenúltimo dia de competição, uma chegada em alto a Risoul.

    Etapa 20, chegada em alto a Sant’ Anna Di Vinadio, numa contagem de 3ª categoria. Foi na penúltima subida do dia, uma contagem de 1ª categoria, o Colle Della Lombarda, que Nibali deixou o camisola rosa, Esteban Chaves, para trás, rumo à última “maglia rosa” da carreira. Voltaria a repetir o pódio no Giro por mais duas ocasiões (em 2017 e em 2019) e da Vuelta por uma ocasião (em 2017).

    Tanto nas grandes voltas, como nas provas de um dia, a explosividade de Nibali , bem como a sua capacidade exímia de descer vinham ao de cima. Foi o que se viu, particularmente na vitória alcançada na Milan – Sanremo, um dos cinco monumentos do ciclismo, em 2018

    Na prova que é conhecida como uma clássica para os sprinters, o “Tubarão” cheirou sangue e veio à superfície na mítica subida do Poggio. Seguiu um ataque de Krists Neilands, campeão da Letónia na altura. Deixou o ciclista letão para trás e conseguiu ganhar alguma distância que foi capaz de aumentar no falso plano que se seguiu.

    Numa chegada tão rápida como a de Sanremo, Nibali aguentou a perseguição de um grupo constituído por homens com ponta final do outro Mundo como Caleb Ewan e Arnaud Demáre, para alcançar o segundo monumento da carreira. As duas vitórias que alcançou na Volta a Lombardia foram obtidas com dois brilharetes na descida do Civiglio. Autênticos hinos aos ataques cirúrgicos que tornam o ciclismo tão belo.

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    Filipe Pereira
    Filipe Pereira
    Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.