Volta a Portugal #2: Mauricio Moreira vence em recital da Glassdrive-Q8-Anicolor

Na estrada, a hegemonia referida começou a nascer com a já esperada vitória do especialista Rafael Reis no prólogo lisboeta. Com Mauricio Moreira a começar a sua caminhada para a amarela com o segundo lugar na etapa, a surpresa ficou no primeiro dos “outros”: o britânico Oliver Rees, de 21 anos e a atuar pela Trinity Racing, foi uma das revelações da prova, sobretudo pelas valias dadas no formato explosivo, ou seja, esforço individual curto e chegada em velocidade com alguma dureza (terminou três etapas entre os dez mais).

Outro dos homens da “Grandíssima” foi o já falado Scott Mcgill. O jovem estreou-se a vencer como profissional em terras lusitanas, nomeadamente em Elvas, com uma vitória categórica sobre Rees e Mauricio Moreira. Destaque para a intromissão de João Matias naquela que foi uma chegada com uma dureza significativa, antevendo aquilo que teria para dar em finais com maior velocidade de ponta.

A chegada a Castelo Branco, na segunda etapa em linha da volta, viu João Matias vencer a primeira de duas etapas a favor da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados. Os algarvios colheram os frutos da melhor época da carreira do barcelense, que bateu Scott Mcgill num sprint longo, e bem pode agradecer o trabalho da equipa, principalmente de António Barbio, em questões de colocação e lançamento do sprint.

Ao quarto dia de competição, a Torre aparecia no horizonte dos ciclistas, sendo o palco da primeira machadada da Glassdrive-Q8-Anicolor na concorrência. A subida à mítica chegada da Volta a Portugal começou a jogar-se muito cedo e apenas um homem sobreviveu à jogada da formação de Rúben Pereira. Luís Fernandes respondeu a Frederico Figueiredo e foi batido na linha de meta apenas por Mauricio Moreira, cavando uma diferença que se estendeu acima do minuto e meio para todos os outros (André Cardoso, António Carvalho, a dupla espanhola da Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel ou a revelação dos escaladores: Jokin Murguialday).

O único corredor capaz de tirar a volta de um destino que parecia inevitável chamava-se Luís Fernandes. Antes do segundo teste de fogo, João Matias voltou a vencer, desta feita em Viseu e novamente com um sprint cheio de potência, suficiente para bater o rival americano na luta pela classificação pontual. Seguia-se a estreia do Observatório de Vila Nova na Volta a Portugal e uma prestação que deixou Frederico Figueiredo de “amarelo”, tornando-se uma séria ameaça a Mauricio Moreira na luta interna pela volta. O melhor trepador da “Grandíssima” arrancou de longe e garantiu a sua segunda vitória de sempre na prova, superiorizando-se a Henrique Casimiro e Luís Fernandes, por 37 segundos.

Desenhava-se, assim, o regresso ao lugar mais alto do pódio da Volta a Portugal por parte da estrutura florescente, depois da vitória de David Blanco, em 2012. Entre o empate de Scott Mcgill frente a João Matias, no sprint na cidade da Maia, a contar para a sexta etapa, e as duas fugas vitoriosas que se seguiram, em Braga e em Fafe, com vitórias de Luís Gomes (Kelly/Simoldes/UDO) e Victor Langellotti (Burgos-BH), faltava a subida ao Monte Farinha para decidir grande parte daquilo que faltava decidir.

A postura atacante do trio de Águeda revelou-se demasiado poderosa para literalmente todos os adversários. O ritmo impresso ainda antes da dificuldade final fez com que, a cerca de sete quilómetros da meta, o trio maravilha da Glassdrive-Q8-Anicolor se apanhasse na frente, com tudo para arrumar a questão de uma vez por todas.

Apesar das dificuldades evidenciadas por Mauricio Moreira em acompanhar os colegas de equipa, os três chegaram juntos, sendo António Carvalho recompensado com a vitória na célebre subida em Mondim de Basto.

Restava o contrarrelógio final nas margens do Rio Douro. Frederico Figueiredo, com uma margem de sete segundos, discutia a vitória final com o colega de equipa, Mauricio Moreira, assim como a conquista dos três lugares do pódio era possível, estando António Carvalho na calha para ultrapassar uma das figuras desta volta, Luís Fernandes.

Depois da formação da Milaneza-MSS em 2002, o triplete por parte de uma única formação voltou a acontecer, assim como o primeiro uruguaio venceu a Volta a Portugal, destronando o país anfitrião da sua 62ª vitória nas 83 edições já corridas. Este último dia viu também a Efapel Cycling perder a posição que tinha nos dez primeiros com Henrique Casimiro, destacando-se pela negativa em termos de resultados finais. Outros exemplos surgem, como por exemplo, a falta de vitórias da L.A. Alumínios / Credibom / Marcos Car ou Aviludo – Louletano – Loulé Concelho.

Vicente García Di Mateos, Joey Rosskopf, Tiago Antunes ou Juan José Lobato eram nomes apontados a exibições de destaque, mas passaram ao lado da volta. Pelo contrário, a “Grandíssima” pode ter sido a rampa de lançamento para diversos talentos: Scott Mcgill e Jokin Murguialday foram figuras de proa, assim como Luís Gomes e João Matias realizaram a melhor Volta a Portugal das suas carreiras, conseguindo os triunfos mais importantes apesar de se encontrarem no seu auge.

A imagem que fica, no final de contas, é a vitória incontestável dos homens de Rúben Pereira. O clima abrupto sobre o ciclismo português foi uma realidade que se abateu sobre o pelotão nacional no período antecedente à prova, assim como é justo referir que em termos de competividade, esta Volta a Portugal não esteve nem perto de igualar lutas de outros tempos. A diferença de orçamentos justificou-se na estrada, restando agora aguardar por desenvolvimentos futuros para verificar que ciclismo terá Portugal daqui para a frente.

Ricardo Rebelo
Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.

Subscreve!

Artigos Populares

Morreu Miguel Ángel Russo, treinador do Boca Juniors

Morreu Miguel Ángel Russo. O treinador do Boca Juniors estava hospitalizado e acabou por falecer devido a um cancro na próstata.

Jimmy Floyd Hasselbaink compara Ruben Amorim a Jurgen Klopp e Mikel Arteta: «Flexibilidade é a chave»

Jimmy Floyd comentou sobre Ruben Amorim não ser flexível com o modelo de jogo. O antigo jogador ainda questionou a continuidade do português.

Adeptos do FC Porto podem estar descansados: Victor Froholdt não pode deixar o Dragão em janeiro

Victor Froholdt terá que continuar a representar o FC Porto até ao final da temporada. O jogador não se poderá transferir em 2025/26.

Futsal: Eis os convocados de Portugal para defrontar a Letónia

Portugal irá disputar dois jogos particulares frente à Letónia para preparar o Europeu de 2026. A fase final será sorteada a 24 de outubro.

PUB

Mais Artigos Populares

Kerem Akturkoglu arrisca suspensão de 12 jogos

Kerem Akturkoglu pode ser suspenso por 12 jogos após a sua saída para o Fenerbahçe. O caso envolve irregularidades no contrato assinado.

Maísa Correia renova com o Sporting até 2028

Maísa Correia prolongou o seu vínculo com o Sporting até 2028. A jovem jogadora mostrou-se muito feliz e com confiança recebida.

Futsal Feminino: Portugal empata com a Espanha no segundo duelo ibérico

Portugal empatou com a Espanha por 3-3 no segundo encontro dos dois jogos frente à seleção vizinha. Os duelos Ibéricos contaram para a preparação do Mundial.