Portanto, com base nisto tudo, é possível concluir que o português terá de continuar a fazer pela vida, porque o espanhol não está ali para servir de apoio a nenhum colega, porque ele é que era o líder à partida para esta Volta. Por circunstâncias felizes, Vinhas tem aqui uma possibilidade incrível de vencer, inesperadamente, uma Volta a Portugal. Resta-lhe contar com algum apoio da equipa e com as suas próprias capacidades para tal. Provavelmente, tal como previsto, teremos esta Volta decidida no contrarrelógio final, onde Veloso tem mostrado ser muito melhor do que a maioria da concorrência.
Depois desta etapa desgastante, ainda antes do dia de descanso, havia a etapa que ligava Lamego a Viseu, a quinta etapa. Para felicidade do pelotão, esta é a etapa mais pequena em toda a corrida. São Macário e a Serra da Arada fizeram mais “estragos” do que o previsto e levaram a que apenas 26 ciclistas chegassem ao fim quase todos juntos (o 27.º ciclista chegou oito minutos depois).
Vitória na etapa para Vicente de Mateos, ciclista que, há dois anos atrás, tinha sido expulso da corrida nesta mesma etapa. Rinaldo Nocentini, de uma forma excelente e também pouco esperada, quase vencia ao sprint, mas o espanhol, como esperado, foi um pouco mais rápido do que o italiano e líder de equipa do Sporting-Tavira. Francesco Gavazzi ficou com o terceiro lugar da etapa, sendo que os colegas Daniel Mestre e Joni Brandão vieram logo a seguir.
Na geral individual, após o dia de descanso e à partida para uma etapa que se prevê duríssima e que irá passar duas vezes pela Torre e terminar na Guarda (uma mudança algo surpreendente noutra etapa mítica da nossa Volta), Rui Vinhas segue com vantagem de dois minutos e 45 segundos para Gustavo Veloso e três minutos e dois segundos para Joni Brandão. Daniel Silva (a idade de Rui Sousa começa a “pesar” e este ciclista da Boavista tem feito um grande trabalho, até agora), João Benta (excelente trepador) e Amaro Antunes (tem tentado fazer jus às elevadas expetativas depositadas nele, ainda para mais depois de alguma “quebra” do seu colega Marque nalgumas etapas) seguem-se na classificação.
Tendo em conta toda a classificação, ainda iremos ter algumas alterações, pelo menos no que ao Top10 diz respeito (ciclistas como Nocentini – a etapa de hoje é bem adaptada às suas caraterísticas -, Vilela, Marque, Belda ou Torres, por exemplo, terão uma palavra a dizer, ainda).
Continuem por aí a acompanhar a “Grandíssima”. Espero que hoje possamos ter um grande espetáculo na etapa com passagem pela Torre (se uma já é desgastante, imaginem duas vezes…) e chegada difícil à Guarda. Depois, provavelmente tudo se decidirá na última etapa, no contrarrelógio individual com 32 quilómetros.
Foto de Capa: Volta a Portugal