24h de Le Mans: Ferrari chegou, viu e venceu o centenário

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    A prova das 24h de Le Mans de 2023, que celebra o centenário da prova, viu a Scuderia Ferrari vencer à geral, com o carro #51. Atrás dele, terminou o Toyota #8, que teve problemas para o final da corrida, e, a fechar o pódio, terminou o Cadillac #2. Na categoria de LMP2, venceu o Inter Europol #34, seguido do Team WRT #41 e do Duqueine #30. Nos GTE AM, venceu o Corvette #33, carro que começou da pole, seguido do Aston Martin #25 da ORT by TF e, em último lugar do pódio, terminou o Porsche #86 da GR Racing.

    Com a finalização desta corrida, relembramos os momentos mais importantes em todas as categorias.

    HYPERCAR

    A história dos Hypercar começa com a batida do Cadillac #311 no muro logo nos primeiros minutos de corrida e com a ultrapassagem do Toyota #8 para a primeira posição, o que já era expectável, mas não tão cedo. Com a batida do Cadillac, teve de ser chamado precocemente o Safety-Car para a pista, destruindo algumas estratégias. No recomeço da corrida, a Toyota liderava a Ferrari, com os dois carros da scuderia italiana a lutarem entre si pela terceira posição. Graças a esta luta, aproximavam-se então a Porsche e a Cadillac.

    O Porsche #38, onde estava António Félix da Costa e que havia começado de 60º à geral, lutava pela segunda posição, também à geral, depois de duas horas e vinte minutos de corrida. Com a chuva a cair de forma torrencial, foi o momento da Peugeot brilhar e saltar para a liderança da corrida, enquanto eram acionadas slow zones e bandeiras amarelas.

    O novo recomeço da corrida trouxe o #38 da Porsche para a liderança da corrida, mas durou pouco. Foram 30 minutos de liderança até que Yifei Ye perdeu o controlo do carro e bateu com a traseira no muro, destruindo completamente o carro dourado. Passou a liderar a corrida o Ferrari #51 até parar nas boxs, em conjunto com o seu carro irmão. Assumia então a liderança o Porsche #75.

    Com o cair da noite, a chuva regressou para atrapalhar os pilotos e as equipas. Muitos deles acabaram por seguir em frente e fazer o caminho pela gravilha, já que não tinham como controlar mais o carro sem ter os pneus para chuva montados. A Peugeot chegou novamente perto da liderança da corrida até o #51 da Ferrari cometer um erro ao tentar desviar-se de outros carros e parar na gravilha. Seria a altura do #94 regressar ao comando da corrida.

    Muito pouco se falou do Toyota #7. Não estava a fazer uma boa corrida, inclusivamente estando para trás na ordem habitual de corrida. Kamui Kobayashi, que conduzia o TG010, disse “adeus” à corrida depois de sofrer um acidente que envolveu o Ferrari #66 da JWM e o Alpine #35. Terminava, assim, o sonho para o carro que venceu em 2019 (?).

    Nem tudo é o mar de rosas, e que o diga o #94 da Peugeot que, depois de estar a liderar e, com isso, cumprir um sonho em Le Mans, comete um erro e bate no muro, perdendo toda a distância que tinha ganho para o segundo lugar, o Toyota #8.

    A noite, considerado o momento mais complicado e duro em Le Mans, terminou e deu origem à luta pela liderança, que ficou ainda mais interessante com as paragens nas boxs e ultrapassagens em pista. A luta era Ferrari vs Toyota e foi assim até às horas finais. O sonho terminava para a marca japonesa com menos de duas horas para o fim; Ryu Hirakawa bateu com o #8 no muro e, apesar do dano não ser muito, foi o suficiente para ordenar tempo.

    A história termina com o Ferrari #51 a passar em primeiro na reta da meta  após 58 anos desde a última vitória em Le Mans. Apesar do sabor agridoce, o Toyota #8 conseguiu terminar em segundo e o Cadillac #2, que também liderou a corrida em momentos, terminou em terceiro lugar.

    LMP2

    Nos LMP2, o início da corrida correu de forma tranquila. Mas essa tranquilidade não durou muito tempo, pois o #14 da Nielsen Racing bateu sozinho na barreira e destruiu por completo a frente do carro. Graças a isso, foi acionada a slow zone para se poder retirar o veículo e arranjar a barreira.

    Mais adiante na corrida, fica marcado um infortúnio relacionado com o United Autosport #22. O carro pilotado por Frederick Lubin, envolveu-se num incidente com o Porsche #77, após bater-lhe de lado e destruir ambas as frentes dos carros, com o capô do Porsche a voar e a ficar na pista.

    Com a chuva a aproximar-se, também os LMP2 sofreram com a mudança drástica das condições climatéricas. Vários carros perderam tração e rodaram com a pista completamente inundada.

    Já durante a noite, os protótipos estavam a portar-se bem, tirando somente três incidentes: a batida entre o Toyota #7, o Alpine #35 e o Ferrari #66. O #35 acabou por continuar a sua corrida; o acidente feio do PREMA #63, que tinha Danill Kvyat a conduzi-lo e que ficou fora da corrida depois do impacto; já pela madrugada, o Cool Racing #47 seguiu em frente e bateu no muro de pneus, terminando ali a sua corrida.

    Com o nascer do dia, os problemas continuaram para os LMP2, neste caso, para o AF Corse #80 que já havia tido problemas anteriormente e bateu de frente, ficando irrecuperáve. Menos um carro a terminar a corrida centenária. Na liderança da corrida encontrava-se o Inter Europol #34. Andou em luta com o Team WRT #41, mas foi o carro polaco que acabou por sair vencedor. Há que fazer menção a Fabio Scherer, um dos pilotos deste carro, que havia sido pisado por outro durante uma troca de pilotos logo aos 15 minutos de corrida e que, mesmo lesionado, continuou a prova. Mais tarde, acabaria por levar o carro da Inter Europol a cruzar a meta pela última vez. Atrás do #34, terminou o Team WRT #41 e para fechar o pódio terminou o Duqueine Team #30, que ascendeu a esta posição após um mau pit-stop por parte do Team WRT #31.

    GTE AM

    Apesar de não ter tido tanta ação, a categoria de GTE AM não deixa de ser interessante, pelo menos para as últimas horas. Começamos com o Corvette #33, carro da pole, que teve problemas e caiu bastante nas posições do grid. Foi o carro sensação que liderou a corrida grande parte do tempo – o “Rexy”, carro da Project 1 – AO #56. O Porsche verde esteve na dianteira da corrida, com as Iron Dames #85 logo atrás.

    Para além do incidente com o United #22 e o Porsche #77, o Aston Martin da TF Sport #72 deu um toque no muro, que foi suficiente para perder o controlo do mesmo, e, por muito pouco (ou milagre), não bateu no Ferrari #51, que rodava em segundo na categoria de Hypercar. Acabou por bater e estragar a asa traseira com isso.

    A chuva retornou ao anoitecer e, tal como durante a tarde, fez de alguns carros as suas vítimas. Neste caso, foi o #66 da JMW a ficar preso na gravilha, conseguindo, no entanto, manter-se na corrida. O mesmo #66 que, durante a noite, esteve envolvido no acidente com o Hypercar #7 e o LMP2 #35. O carro ficou num estado terrível, até porque o mesmo, com o impulso da batida, levantou voo por meros segundos.

    Já de manhã, outra batida na categoria, desta vez com o #88 da Proton Competition. Foi uma batida forte e de frente, que fez com que a sua corrida terminasse ali. Pela frente, as Iron Dames #85 lideram a categoria do “temido” Rexy #56, que se aproximava para tentar roubar-lhes o lugar.

    Mas não podia deixar de GTE AM sem, infelizmente, assistirmos a mais uma batida, desta vez a 20 minutos do final. Porsche #911 da Proton Competition bateu, mas conseguiu chegar à box, onde se retirou.

    O carro #85 acabaria por perder o pódio para o GR Racing #86, enquanto que o Corvette #33 tinha a melhor recuperação de todas, ao terminar a corrida em primeiro lugar, com quase uma volta de avanço para o segundo classificado, o #25 da ORT By TF. Esta foi a última Le Mans que a Corvette participou, uma vez que não deve voltar em 2024; e fechou a corrida da melhor forma possível.

    MENÇÃO HONROSA – PROJETO GARAGE 56

    Le Mans viu a aparição de um carro de NASCAR a fazer a sua corrida de início ao fim, com poucos problemas à mistura. Terminou em último lugar à geral (39ª posição), mas aguentou-se mais do que os 23 carros que tiveram problemas ou bateram. Com Jenson Button, Jimmy Johnson e Mike Rockenfeller, conseguiu o seu objetivo inicial que seria completar a corrida. Foi modificado para aguentar e assim o fez. Fica aqui a prova de que Le Mans poderá convidar mais alguns carros para experimentar a pista, ao ritmo das outras classes. Fica aqui o som tipicamente americano deste Camaro ZL1.

    A próxima corrida será as 6h de Monza, dia 9 de julho.

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    Ana Catarina Ventura
    Ana Catarina Venturahttp://www.bolanarede.pt
    Esta é a Ana Catarina. Apaixonou-se pela Fórmula 1 com 14 anos e a partir desse momento, descobriu o mundo do desporto motorizado. Graças a isso, seguiu o caminho do jornalismo até se licenciar em Jornalismo e Comunicação, na capital do Alto Alentejo.