«Devíamos investir mais porque temos muito talento em Portugal» – Entrevista BnR com Henrique Chaves

– O pensamento para os próximos anos –

«O objetivo é, nunca parar de crescer».

Bola na Rede: Comentas (ou tens comentado, quando podes) Fórmula E na ELEVEN. Sendo uma categoria que, entre muitas outras, tem demonstrado que o Desporto Motorizado pode e deve lutar em prol da sustentabilidade ambiental, alguma vez passaria pelos teus objetivos a possibilidade de pilotares na categoria?

Henrique Chaves: Novamente, eu estou aberto a convites, a propostas, portanto, obviamente que, hoje em dia, não me veria na Fórmula E. A minha paixão pelo Endurance é bastante grande, gosto muito destas corridas. Mas obviamente que, e temos o exemplo do António Félix da Costa, e de outros pilotos no Campeonato de Fórmula E, que fazem o Campeonato do Mundo de Resistência [WEC], portanto, isso é possível, e estaria aberto para ter um papel no Campeonato. Acho o Campeonato interessante, com corridas espetaculares, ultrapassagens, uma grelha de pilotos com qualidade, que, se calhar, não se vê noutro lado, e se houvesse um convite para ingressar, acho que era um motivo de orgulho, porque o trabalho que estou a desempenhar está a ser bem feito, e estaria aberto a essa proposta.

Henrique Chaves, em ação, ao serviço da AVF, na Fórmula NEC 2.0, em 2015.
Fonte: AVF

Bola na Rede: Se tivesses que definir a tua carreira até ao momento numa única palavra, qual seria?

Henrique Chaves: São duas palavras, tem que ser. EM CRESCIMENTO. Porque, o objetivo é, nunca parar de crescer.

Bola na Rede: O que é que achas que o futuro tem reservado para ti, enquanto piloto? Qual é o teu maior objetivo para os próximos anos?

Henrique Chaves: Eu falo sempre, e é mesmo o que ambiciono, que é tornar-me piloto profissional. Ou seja, poder viver do Desporto, do Desporto Automóvel, que nem sempre em Portugal é o mais fácil. Temos poucos pilotos a viver do Desporto Automóvel, ou do Desporto Motorizado. Portanto, o meu objetivo para os próximos anos é trabalhar nessa direção do Desporto Automóvel.

Bola na Rede: Se tivesses, em mente, uma carreira alternativa, qual seria?

Henrique Chaves: Eu digo isto, às vezes em tom de brincadeira, mas por vezes era muito a sério. Eu acabei a escola, fiz o décimo segundo ano, tirei um curso, de Gestão de Empresas, e sempre disse isto abertamente «eu estou aqui, estou a tirar um curso, mas não o tenciono usar». Ou seja, é mesmo um Plano B.

E agora, estás a perguntar-me o que é que eu poderia fazer, numa realidade paralela? Se isso não se concretizar, não tenho uma resposta concreta para te dar, porque nunca foi uma opção na minha cabeça. Ou seja, tenho as ferramentas – a Licenciatura – para poder seguir outro caminho, mas nem sequer pensei que caminho era esse. Vamos supor que há duas ruas, e uma das ruas cortou ali no curso, e nem quis imaginar o que é que poderia ser, porque, o plano é mesmo o caminho das corridas, e esse é o meu foco, e é para isso que eu trabalho todos os dias.

Ben Keating, Marco Sorensen e Henrique Chaves festejam o triunfo nas 6 Horas de Fuji, na categoria LMGTEAM, da WEC. Fonte: Wynn’s Racing

Bola na Rede: Com 25 anos e certamente com um futuro brilhante pela frente, que conselho darias às futuras gerações do Desporto Motorizado?

Henrique Chaves: Bem, eu seguiria um pouco por aquilo que os meus pais fizeram comigo, que foi a decisão certa por parte deles, e diria «não deixes a escola, e depois da escola, tira um curso. Prepara sempre o Plano B». Ou seja, o Plano B tem que estar sempre preparado, porque, se fosse espanhol, francês, inglês, alemão, ou até italiano, eu diria «se calhar podes esquecer um bocadinho a escola, não deixar de fazer, mas esquecer a escola ou a faculdade por uns momentos para dedicar a isto», porque, por aquilo que eu vejo, há mais oportunidades nesses países; há mais vontade de terem pilotos e desportistas lá em cima. Mas, como é uma realidade portuguesa, eu diria «prepara o plano B, foca aquelas horas naquilo que vai ser o Plano B, mas também, dedica-te a seguir aquilo que são as tuas paixões, os teus sonhos. Seja Desporto Motorizado, seja Futebol, seja outro tipo de desporto. Foca-te naquilo que queres, trabalha duro, e tenta-te rodear das pessoas certas, porque sem as pessoas certas também não chegamos ao topo». Acho que seria isto que diria. Claro que o trabalho tem que estar sempre lá. Se não estiver, pode ter todo o talento do mundo, mas, sem trabalho, não chega lá.

Bola na Rede: Para finalizar, lanço-te um desafio: se tivesses que escolher apenas um carro e apenas uma pista, quais seriam?

Henrique Chaves: Outra pergunta difícil. Um carro e uma pista… não conduzi assim tantos carros quanto isso. Tão difícil (risos).

Foi um carro que conduzi poucas vezes, mas gostava de o explorar um pouco mais. Não é um Fórmula 1 nem nada disso, porque a meu ver, não seria realista. Se calhar, voltava a conduzir o Fórmula Renault, e iria juntá-lo a Portimão [Circuito]. Portimão está no meu top 3 de pistas, e aquele carro é um carro que conduzi poucas vezes, e gostava de explorá-lo mais e levá-lo ao limite. Dá muito prazer de conduzir, para além do som do carro, acho que era uma pista que combinava bem com aquele carro, especialmente, naquela última curva, a descer muito rápido a fundo, deve ser algo espetacular.

Foto de Capa: TF Sport 

Angelina Barreiro
Angelina Barreirohttp://www.bolanarede.pt
Natural de Monção, a Angelina é Licenciada em Relações Internacionais e, Mestre em Economia Social pela Universidade do Minho. Vê o desporto como um dos bons lados da vida, que forma uma boa parceria com a escrita e o jornalismo. O seu interesse pelo desporto surgiu cedo, tendo como principal área de interesse o Futebol, o Ténis e a Fórmula 1.

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