Não é fácil ser um jovem piloto com ambição em competir na Fórmula 1. Para além de todos os entraves para que possam fazer parte dela, é ainda mais difícil conseguirem manter-se na categoria principal.
Com uma presença cada vez mais reduzida de jovens no grid, o futuro não se avizinha risonho para aqueles que têm de provar ao mundo o seu talento.
A Fórmula 1 é cada vez mais competitiva e exigente, envolvendo muito mais do que apenas talento. É preciso maturidade e consistência para que as equipas sintam segurança em apostar em pilotos mais jovens. Contudo, se não for dado espaço para que possam mostrar a sua qualidade, será difícil serem uma aposta viável para qualquer equipa.
São várias as personalidades, como Hakkinen e Coulthard, que têm feito questão de abordar esta nova realidade, bem distinta à do seu tempo. Os jovens pilotos têm cada vez menos testes à sua disposição, o que dificulta a adaptação aos monolugares e às equipas. Isto revela-se bastante problemático porque não permite que se conheça aquilo que o piloto é capaz de fazer dentro das pistas, uma vez que, estando apenas a trabalhar na fábrica como piloto reserva ou em simuladores, não é possível perceber o seu verdadeiro potencial.
Ao contrário do que aconteceu com Charles Leclerc ou George Russell, atualmente, sagrar-se campeão de Fórmula 2 não significa garantir um lugar numa equipa de F1. Em alternativa a esta nova realidade, muitos jovens pilotos têm apostado em ingressar na Super Fórmula, no Japão, para que possam manter o ritmo competitivo com monolugares superiores aos da F2.
Um reflexo desta nova tendência – falta de oportunidades na categoria principal – são os exemplos de Mick Schumacher e Nyck DeVries. Ambos foram afastados por não apresentarem resultados que fizessem jus aos objetivos da equipa. Mick esteve dois anos na Haas, e depois de nunca ter tido um carro competitivo, não conseguiu que a sua estadia na Fórmula 1 se prolongasse. DeVries não foi tão sortudo e apenas fez 10 corridas pela AlphaTauri, não conseguindo completar o seu ano de rookie. Infelizmente, as equipas não dão tempo para que um piloto possa crescer e desenvolver as suas capacidades, podendo, depois de ano negativo, não voltar a ter um lugar na categoria principal. O futuro para jovens pilotos prevê-se cada vez mais difícil, até porque há uma crescente pressão por parte das equipas para que sejam cumpridos determinados objetivos, entre eles, o financeiro que está diretamente ligado aos bons resultados em pista. Como tal, não parece existir oportunidades para que haja uma adaptação à Fórmula 1. Até lá, podemos esperar poucas novidades no grid, pelo que os jovens continuarão a não ter lugar e veremos grandes talentos nas categorias inferiores a serem desperdiçados.