Antevisão GP Japão: Suzu-campeão à vista?

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    A ANTEVISÃO: FÓRMULA 1 EM EBULIÇÃO NO REGRESSO AO JAPÃO

    Dois anos depois da última aparição do GP do Japão no calendário de Fórmula 1, ausência justificada pela pandemia, a “caravana” estacionava em Suzuka para um reencontro emotivo com os dedicados e criativos fãs nipónicos. Este era também mais um fim de semana em que Max Verstappen (Red Bull) se podia sagrar campeão, “bastando” para isso, desta feita, a vitória e a volta mais rápida. A juntar ao circuito desafiante e às contas do título, a imprevisibilidade meteorológica acrescentava mais um ingrediente a um caldeirão que fervia de expectativa.

    Três horas antes do início da terceira sessão de treinos livres, mais comoção no “paddock”: a confirmação esperada da “roda viva” de transferências de mercado. Depois de meses de especulação sobre o sucessor de Fernando Alonso na Alpine, bem como a definição de outras peças do “puzzle” de 2023, Pierre Gasly era confirmado pela equipa francesa para fazer parceria com o também compatriota Esteban Ocon nas próximas temporadas.

    Com Gasly a deixar vago o lugar na AlphaTauri em 2023, chegava quase em simultâneo o anúncio do nome do seu substituto. Nyck de Vries, neerlandês de 27 anos que havia impressionado aos comandos do Williams em Monza e antigo campeão de Formula E, conseguia agarrar o lugar do outro lado da garagem de Yuki Tsunoda.


    Ficavam assim apenas por confirmar os nomes dos pilotos que irão alinhar pela Williams (que dispensa Nicholas Latifi) e pela Haas, sendo que Mick Schumacher ainda parece o nome mais cogitado para renovar com a formação americana; no entanto, o alemão não fez favores a si próprio com um acidente dispendioso à chuva no final da primeira sessão de treinos…

    Assinados os contractos, e com o tempo de treino esgotado, as atenções viraram-se para a sessão de Qualificação. A primeira parte começou com um momento de felicidade para os fervorosos fãs japoneses – Yuki Tsunoda, em estreia absoluta no circuito de Suzuka, subia provisoriamente ao topo da classificação com uma volta quatro décimos de segundo mais rápida que a do colega de equipa Pierre Gasly.

    O sol (nascente) não foi de pouca dura: após a ronda final de voltas cronometradas, Tsunoda avançava para o Q2, enquanto Gasly se ia queixando de problemas nos travões e se via eliminado da contenda. Ao francês juntavam-se os dois Williams de Alex Albon e Nicholas Latifi, Lance Stroll (Aston Martin) e Kevin Magnussen (Haas).

    A segunda parte de qualificação decorreu sem problemas e novamente em piso seco, depois de uma sexta-feira de dilúvio, e viu eliminados Daniel Ricciardo (McLaren), Valtteri Bottas (Alfa Romeo), Tsunoda, Zhou Guanyu (Alfa Romeo) e Schumacher. Um dos favoritos da casa, Sebastian Vettel (Aston Martin), conseguia de forma algo surpreendente carimbar passagem ao Top 10, que iria então disputar o lugar da “pole” de domingo.

    Início do Q3 no Japão e todos os olhos postos em Max Verstappen e nos três “veteranos” da modalidade, Lewis Hamilton (Mercedes), Alonso e Vettel, todos em pista para dar o máximo em duas voltas de velocidade e compromisso absolutos. Verstappen foi o mais rápido na primeira ronda de voltas rápidas, deixando a mais de dois décimos os dois Ferraris pilotados por Charles Leclerc e Carlos Sainz.

    Nas voltas decisivas finais, Verstappen não melhorava e Leclerc chegava muito, muito perto (+0.010s), mas não o suficiente para destronar o neerlandês. “Pole position” e primeiro passo dado em busca do bi-campeonato. Nos restantes lugares ficavam Sainz, Sergio Pérez (Red Bull), Ocon, Hamilton, Alonso, George Russell (Mercedes), Vettel e Lando Norris (McLaren), este a apanhar valente susto quando se cruzou com Verstappen a aquecer pneus logo após a curva mais rápida do circuito (130R) e foi forçado a uma excursão à relva para evitar embate violento.

    Sem repercussões de maior pela manobra, e depois de um fim de semana desastroso em Singapura, Verstappen assegurava então o primeiro posto e podia assim olhar com mais confiança para o “radar” – a ameaça de chuva continua a pairar sobre Suzuka, o que pode resultar num domingo imprevisível, mas quem sabe abençoado para o campeão em título. A corrida tem início marcado para as 06:00 de Portugal Continental.

    EQUIPA A TER EM CONTA


    BWT Alpine F1 Team – A Alpine tem mostrado muito bom andamento durante o fim de semana, e caso algo aconteça às duas equipas da frente (Red Bull e Ferrari), a Alpine pode baralhar as contas do campeonato aos seus rivais. Fernando Alonso foi o mais rápido à chuva no FP1 (Ocon foi 4.º), foram sempre melhores que 9.º em todas as sessões até agora e Esteban Ocon parte de 5.º na grelha do GP do Japão. Com uma estratégia de corrida eficiente e alguma sorte, o pódio pode estar ao alcance dos dois talentosos pilotos.

     

    PILOTO QUE PODERÁ SURPREENDER


    Yuki Tsunoda (AlphaTauri) – Já o vimos no passado: um japonês num carro de “meio da tabela” conseguir desempenho muito acima do esperado e levar ao delírio uma multidão de fãs em Suzuka. Tanto Aguri Suzuki, em 1990, como Kamui Kobayashi, em 2012, o conseguiram. Tempo para mais um momento épico na história da modalidade? Tsunoda parte do 13.º lugar na grelha e para conseguir um resultado acima do esperado vai precisar de intervenção de terceiros e, provavelmente, da meteorologia. Mas se há uma coisa certa na Fórmula 1… é que nada é certo. O “pequeno samurai” vai ter o Japão inteiro a puxar por ele e isso pode também ser um factor determinante.

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    Carlos Eduardo Lopes
    Carlos Eduardo Lopeshttp://www.bolanarede.pt
    Concluída a licenciatura em Comunicação Social, o Carlos mudou-se para Londres em 2013, onde reside e trabalha desde então. Com um pai ex-piloto de ralis e um irmão no campeonato nacional de karts, o rumo profissional do Carlos foi também ele desaguar nas "águas rápidas" da Formula One Management, onde trabalhou cinco anos. Hoje é designer numa empresa de videojogos, mas ainda não consegue perder uma corrida (seja em quatro ou duas rodas).