Nyck De Vries na Fórmula 1: Os prós e contras de uma promessa cumprida

PRÓ: A IMPORTÂNCIA DE SUBIR O ESCADOTE

Em 2014, Nyck de Vrjes alcançou o título de campeão da Europa de Fórmula Renault 2.0. Derrotou de forma clara Dennis Olsen e Alexander Albon, num campeonato que ainda contou com a participação de dois jovens promissores: George Russell e Charles Leclerc. Ambos são mais novos do que Nyck de Vries, mas não tardaram a mostrar o seu talento e foram campeões no escalão imediatamente inferior à F1 mais cedo até do que o próprio piloto neerlandês.

Justificaram inteiramente a aposta por parte das estruturas da Ferrari e até da Mercedes, ingressando nas estruturas da Alfa Romeo e da Williams, onde cresceram antes de avançar para duas das principais formações do campeonato. De Vries foi, todavia, campeão de Fórmula 2 em 2019, o que faz com que seja levantada a questão: porque é que o neerlandês precisou de mais 3 anos para conseguir um lugar definitivo na F1?

Será que foi porque simplesmente surgiu na “geração errada” em que por muito bom que seja, há sempre alguém melhor do que ele? Terá sido esse o caso com Nikita Mazepin, que apenas conseguiu 11 pontos, enquanto colega de equipa do piloto dos Países Baixos que, por sua vez, obteve 264 pontos?!

A chegada de Mazepin à Fórmula 1 foi questionada por diversos comportamentos do atleta, mas a falta de resultados do russo não passou despercebida. Aliás, o maior motivo para a contratação do piloto pela Haas terá sido mesmo, o investimento de Dimitry Mazepin, oligarca russo, na formação norte-americana. Só que este não foi, de todo, um caso único.

Outro caso mais gritante foi o da aquisição da estrutura da Force India pelo magnata Lawrence Stroll, pai de Lance Stroll. Em 2020, falou-se da possibilidade de o piloto canadiano abandonar a Racing Point (atual Aston Martin) para dar lugar a Sebastian Vettel. O contrato de Lance Stroll, não permitia, contudo, uma rescisão neste sentido ao contrário do vínculo de Sérgio Pérez, que acabou por rumar à Red Bull.

É difícil de acreditar que o parentesco com o dono da equipa não tenha tido algum peso, ainda que segundo o atual diretor da Aston Martin (já Diretor da Racing Point, na altura), tenha consistido numa decisão coletiva. E é capaz de ter sido o caso, em bom nome da verdade. Mas o investimento de 80 milhões de euros (valores noticiados pela publicação alemã Autosport und Sport em 2016) por Lawrence Stroll com vista a que o filho entrasse na Fórmula 1 com apenas 18 anos estabeleceu um precedente algo injusto para Lance Stroll.

Stroll já teve alguns resultados na Fórmula 1, nomeadamente pódios e é um piloto talentoso, mas nem pela Fórmula 3 passou. E passados 6 anos da sua estreia, será justo dizer que ainda não justificou a entrada tão madrugadora no maior campeonato tutelado pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA).

Se retrocedermos ainda mais, até 2011, temos a estreia de Pastor Maldonado na Fórmula 1, piloto patrocinado pela PDVSA, companhia petrolífera do Estado da Venezuela. No ano em que a crise do petróleo venezuelano eclodiu, Maldonado abandonou o campeonato.

Mas qual é a importância da chegada de Nyck de Vries à F1 perante estes casos? É muito simples, é um caso em que o trabalho e o talento prevalecem em detrimento da ganância, o que pode não ser nada (mais provável) ou marcar um precedente positivo em que se mata a ideia de que “só se chega à Fórmula 1 por causa do dinheiro, o talento não interessa”.

Filipe Pereira
Filipe Pereira
Licenciado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Filipe é apaixonado por política e desporto. Completamente cativado por ciclismo e wrestling, não perde a hipótese de acompanhar outras modalidades e de conhecer as histórias menos convencionais. Escreve com acordo ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Nottingham Forest fecha contratação de médio da Juventus por 30 milhões de euros

Douglas Luiz está muito próximo de regressar à Premier League pelas portas do Nottingham Forest de Nuno Espírito Santo.

Benfica empresta defesa ao AVS SAD até ao final da temporada

Diogo Spencer foi cedido ao AVS SAD até ao final da temporada, proveniente do Benfica. O lateral direito representou a equipa B das águias em 2024/25.

FC Porto oficializa saída de Andoni Zubizarreta: «Forma conjunta e amigável»

O FC Porto oficializou esta quarta-feira a saída de Andoni Zubizarreta. Dirigente de 63 anos deixa o cargo de diretor desportivo.

João Diogo Manteigas visa Pedro Proença: «Como é que Rui Caeiro é vice-presidente da Federação sem ter sido eleito?»

João Diogo Manteigas, candidato à presidência do Benfica, visa Pedro Proença pela nomeação de Rui Caeiro na FPF.

PUB

Mais Artigos Populares

Pablo Roberto está de saída do Casa Pia e a caminho do Brasileirão

Pablo Roberto prepara-se para regressar ao Brasil. Médio de 28 anos de saída do Casa Pia para reforçar o Fortaleza.

Yeremay Hernández recusa 4 clubes e apenas disse “sim” ao Sporting

Yeremay Hernández já disse sim ao Sporting. Extremo espanhol recusou entretanto quatro clubes neste mercado de verão.

Renato Sanches está de saída do PSG e já escolheu próximo clube

Renato Sanches está perto do Panathinaikos de Rui Vitória. Médio português não entra nos planos do PSG e sairá este verão.