Verstappen vs. Pérez: Dilema para a Red Bull?

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Duas corridas disputadas no campeonato do mundo de Fórmula 1 em 2023, com um denominador comum: primeiro e segundo lugar para a Red Bull, com vantagem grande para os restantes. Max Verstappen venceu no Bahrain, Sergio Pérez respondeu na Arábia Saudita. Mas a corrida de Jeddah, sobretudo, deixou a entender que poderá não ser fácil à Red Bull gerir as corridas daqui para a frente.

No Bahrain, não foi muito complicado, uma vez que Sergio Pérez arrancou mal, perdeu posição para Charles Leclerc, precisou de meia corrida para o ultrapassar, e, quando o fez, Verstappen já tinha ido embora. A Red Bull pediu aos seus dois pilotos para gerirem o ritmo e assim o fizeram. O fim de semana da Arábia Saudita teve algumas variantes.

Desde logo, Verstappen teve um problema na qualificação que o obrigou a sair do 15.º lugar, com Pérez na pole position. Apesar de Pérez ter voltado a arrancar mal e ter perdido posição para Fernando Alonso, rapidamente a recuperou, enquanto Verstappen demorou meia corrida a chegar ao segundo lugar. A diferença para o Bahrain é que houve um safety car a reagrupar o pelotão. No recomeço pós-safety car, Pérez continuava a ser primeiro e Verstappen já estava em quarto, sem qualquer vantagem de pneus para nenhum dos dois.

Assim que Verstappen ultrapassou George Russell e Alonso, ficou a curiosidade de saber como é que a Red Bull ia lidar com a situação. Honestamente, acho que tentaram ser o mais justos possível com os dois pilotos. Estiveram até às voltas finais sem dizer nada, a deixá-los andar ao ritmo que achassem melhor, e Pérez teve o mérito de não deixar que Verstappen reduzisse demasiado a diferença. Só depois de Verstappen se queixar do driveshaft e de Pérez se queixar do pedal do travão é que a Red Bull entrou em ação e pediu aos pilotos para rodarem em 1:33.0 minutos.

O problema é que Verstappen ignorou esta indicação que lhe foi pedida várias vezes. A Red Bull queria apenas gerir a distância para o terceiro classificado sem forçar demasiado o andamento e pediu aos pilotos um tempo-alvo, mas Verstappen ainda não tinha desistido da vitória e continuou a andar mais rápido. Pérez referiu que não havia necessidade de continuar a puxar, mas só teve de o fazer porque Verstappen não abrandava. E aí, mais uma vez bem a Red Bull a ser justa com os dois pilotos, porque, se Verstappen não andava mais devagar, Pérez também não tinha de o fazer.

Em primeiro lugar, importa dizer que isto só se pode tornar numa luta pelo título se Pérez apresentar durante todo o ano a consistência que apresentou na Arábia Saudita. Verstappen mostrou nos últimos anos que consegue explorar o melhor do seu carro constantemente, faltando saber se Pérez o consegue fazer também ao longo de um ano inteiro. Mas com a Red Bull a possuir uma vantagem tão grande, estes dois deverão voltar a ter mais momentos destes. E aí veremos como se comportam os pilotos e a equipa.

Em 2021, no primeiro ano de Pérez na Red Bull, o mexicano ajudou Verstappen sempre que tinha de o fazer, saindo da frente sempre que o neerlandês estava atrás de si e até atrasando Lewis Hamilton sempre que podia (com Abu Dhabi à cabeça), tendo um papel no campeonato de Verstappen. Em 2022, houve momentos em que Pérez se tentou afirmar mais na equipa (Barcelona, em que queria ultrapassar Verstappen quando este tinha problemas de DRS, e Mónaco, em que bateu na qualificação, partindo à frente do colega, e vencendo a corrida). Mas Max foi claramente o mais consistente e Pérez via-se muitas vezes envolvido em lutas com os carros da Ferrari e Mercedes. Depois, houve o episódio no Brasil, em que Verstappen foi instruído a devolver a posição a Pérez e recusou-se a fazê-lo. Tudo isso fez espoletar uma relação mais desconfiada entre ambos.

Daqui para a frente, o mais expectável é que Verstappen esteja à frente, sempre que não tenha problemas. Se Pérez conseguir inverter o estado normal das coisas e tivermos de facto uma luta pelo título, a Red Bull já deve saber com o que contar dos seus pilotos. Veremos os próximos desenvolvimentos nas próximas corridas.

Bernardo Figueiredo
Bernardo Figueiredohttp://www.bolanarede.pt
O Bernardo é licenciado em Comunicação Social (jornalismo) na Universidade Católica de Lisboa e está a terminar uma pós-graduação em Comunicação no Futebol Profissional, no Porto. Acompanha futebol atentamente desde 2010, Fórmula 1 desde 2018 e também gosta de seguir ténis de vez em quando. Pretende seguir jornalismo desportivo e considera o Bola na Rede um bom projeto para aliar a escrita ao acompanhamento dos desportos que mais gosta.

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