BnR: Como vês o futuro dos ralis em Portugal?
BM: Vejo com alguma preocupação porque há poucos pilotos jovens. Se compararmos com a altura em que estava no Nacional, é muito mais envelhecido e os pilotos são praticamente os mesmos, quem aparece também já não é muito novo. Não aparecem novos valores, o que é preocupante. Uma das coisas que mais gostava era poder acompanhar um piloto desde novo, para o ajudar a fazer campeonatos internacionais desde novo, mas vejo isto com muita dificuldade – desde já, por falta de apoios -, eles próprios precisam de mostrar potencial. Quando começamos, ou é o pai que ajuda, ou um tio, ou o padrinho; é cada vez mais difícil arranjar novos valores.
BnR: Temos como bom exemplo disto o Diogo Gago, que chegou à equipa oficial da Peugeot através de um prémio, mas que quase desapareceu, apesar de voltar agora no Rali do Algarve…
BM: É o melhor exemplo que se pode dar. É o piloto jovem com mais potencial, é muito rápido, chegou a uma equipa oficial graças a um prémio, mas, quando o prémio acabou… ele não conseguiu mais apoios para continuar. É triste porque ele era um piloto que, se fosse ajudado, poderia ter um futuro bastante bom. Mas está a viver as dificuldades que muitos outros estão a enfrentar.
BnR: Qual a história mais curiosa nos ralis?
BM: Esta é muito difícil, tenho que pensar. Mas o Rali do Brasil foi o pior que fiz, era a desorganização total. Chegamos a um controlo horário e o controlador não tinha caneta. A função dele era escrever, mas não tinha caneta. Este rali foi cheio de peripécias.
BnR: Qual o carro que sonhavas pilotar?
BM: Gostava de conduzir um WRC, porque nunca conduzi nenhum. Gostava de ter conduzido um Skoda S2000, porque nos dava muito trabalho quando estava na Peugeot. Gostava de ter conduzido um Peugeot 306 Maxi, porque foi um carro que, desde novo, fui habituado a ver e era espectacular o barulho dele. Gostava mais de carros do passado do que algo novo, tirando os WRC, carros que me marcaram de alguma maneira. Além do Skoda e do 306, gostava também do Clio S1600, que também nos dava muito trabalho.
BnR: Suponhamos que, em 2018, as quatro marcas do WRC te tentavam contratar. Qual escolhias?
BM: Acho que, neste momento, a Hyundai está pujante, na minha opinião, tem o melhor carro. Além disso, actualmente, parece ser a equipa que tem mais condições. Acho que neste aspecto, a Toyota também vai melhorar.
BnR: Que conselhos dás a quem quer começar nos ralis?
BM: Escolherem outra modalidade (risos). O melhor conselho que posso dar é fazerem isto com paixão, porque os obstáculos são muito grandes. Sem paixão já tinha abandonado a carreira e agora não era vice-campeão europeu, e já vimos vários pilotos que fazem dois ou três anos e depois fartam-se e desistem. A paixão é o mais importante.
Foto de Capa: Bola na Rede