Viseu 2001 4–3 Portimonense SC: Viseenses emergem da zona de despromoção

    A CRÓNICA: MURALHA VISEENSE SÓ QUEBROU NO SEGUNDO TEMPO

    O Viseu 2001 e o Portimonense são duas das equipas que continuam com o seu futuro indefinido entre a descida, a manutenção e o acesso ao Playoff.

    A equipa da casa começou com uma postura mais conservadora, mas mesmo assim a tentar ter bola e a criar perigo no reduto adversário. Logo ao segundo minuto, os viseenses marcaram dois golos no espaço de 20 segundos.

    Primeiro, numa reposição de bola lateral, Daniel Ramos colocou a bola nos pés de Douglas que atirou nas imediações da área adversária para o 1-0. Quase imediatamente a seguir à reposição da bola em jogo pelo Portimonense, o Viseu 2001 recuperou a bola e, de novo, Douglas fez 0 2-0 novamente de fora da área, desta vez, na recarga, de um remate de Daniel Ramos sustido pela defesa algarvia.

    Os viseenses estavam focados na guarda à sua baliza, mas não enjeitavam chegar à baliza adversária. Aos 4´ de jogo, transição rápida com Douglas a rematar novamente perto da entrada da área do Portimonense e a bola embateu num jogador algarvio, enganando Gutta e alargando ainda mais a vantagem.

    A partir desta situação de jogo, os viseenses recuaram ainda mais e concentraram-se em fechar os caminhos para a sua baliza. O Portimonense tentava chegar à baliza e teve várias oportunidades para chegar ao golo, porém quando a pontaria era a certeira, Thiago ou os seus colegas mantinham a baliza inviolada.

    Renan Fuzo atirou a bola ao poste e noutro lance de perigo dentro de área, Rochato rematou para defesa incompleta de Thiago e na recarga, Wendell isolado atirou para fora.

    Quem não marca, sofre e foi isso que aconteceu ao Portimonense. A 10´ do intervalo, Muskito recuperou a bola em carrinho nas imediações da sua área e a equipa lançou-se no ataque, com no final, Daniel Ramos a assistir já dentro da área adversária Rafa Stocker para o 4-0 perante a passividade da defesa adversária.

    Os algarvios até ao intervalo tiveram algumas oportunidades para marcar. Renan Fuzo atirou a bola ao poste e noutro lance de perigo dentro de área, Rochato rematou para defesa incompleta de Thiago e na recarga, Wendell isolado atirou para fora.

    No segundo tempo, a situação não se alterou com o Portimonense a entrar muito pressionante e a jogar perto da área viseense. Contudo, os algarvios chegaram ao golo logo no primeiro minuto. Nuno Miranda recuperou a bola e entregou em Rossato que devolveu o passe ao internacional português que, do lado direito rematou para o fundo da baliza de Thiago.

    Pouco depois, os forasteiros podiam ter encurtado ainda mais a distância no marcador, mas o guarda redes viseense defendeu o remate potente de Nuno Miranda de fora da área.

    As equipas estavam agressivas na disputa da bola, com o Viseu 2001 a chegar à quinta falta ainda a 13´ do final do jogo.

    Depois da incursão viseense mais duradoura no ataque, o Portimonense conseguiu marcar aos 9´. Renan Fuzo rematou de meia distância para o segundo golo algarvio. A seguir, novamente Miranda atirou de longe para defesa apertada de Thiago.

    No minuto seguinte, o Portimonense havia de reduzir a desvantagem mínima depois de Dudi arranjar, de fora de área, um buraco no meio da muralha viseense para atirar para o fundo da baliza.

    Com a vantagem encurtada e depois de vários calafrios em jogos anteriores, Viseu 2001 pareceu também preocupado em atacar. Numa bola longa de área a área, Kiko cabeceou perante a pressão do guarda redes adversário e a bola embateu no poste esquerdo da baliza.

    No entanto, o Portimonense continuava a criar mais lances de perigo e obrigou o guarda redes do Viseu 2001 a trabalhos redobrados. Dudi atirou ao poste e Wendell obrigou Thiago a uma intervenção difícil.

    Já perto do último minuto do jogo, o Portimonense já com cinco faltas, apostou no 5×4, mas não conseguiu criar situações perigosas para alterar o resultado.

    O Viseu 2001 conseguiu uma vitória importante e muito complicada e sai da zona de descida, ficando a um ponto do Portimonense.

    A FIGURA

    Douglas – Fez dois golos mais um a meias com a defesa adversária. Foi decisivo no resultado e esteve como toda a equipa empenhado em fechar os caminhos para a baliza para defender a vitória até ao final da partida. Decisivo.

     

    O FORA DE JOGO


    Wendell – O jogador do Portimonense foi um dos que participou na avalanche ofensiva algarvia e no desperdício também. Acabou por ser o único jogador de campo do cinco inicial a não conseguir concretizar nesta partida.

     

     

    ANÁLISE TÁTICA – VISEU 2001

    A equipa de Paulo Fernandes entrou preocupada em baixar as linhas perante o adversário que é forte nas transições rápidas e tentou ser mais rápida no momento ofensivo. Os dois golos obtidos logo no segundo minuto da partida colocaram o conjunto viseense ainda mais preocupado em conter os desequilíbrios atacantes do Portimonense. Os passes errados, por vezes, não ajudaram à tarefa.

    No segundo tempo, com o golo sofrido logo no início, a equipa não conseguiu segurar a bola e esteve confinada à sua zona defensiva por largos minutos.

     

    5 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Thiago (8)

    Douglas (8)

    Kiko (6)

    Rafa Stocker (7)

    Daniel Ramos (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Dudu (6)

    Mamadu Ture (7)

    Alexandre Lopes

    Muskito (6)

     

    ANÁLISE TÁTICA – PORTIMONENSE SC

    O conjunto de Pedro Moreira viu-se a perder muito cedo no jogo e aumentou a pressão sobre o adversário que se fechou. A equipa conseguiu criar desequilíbrios com a aceleração que punha no ataque, mas não conseguiu marcar na primeira parte. Na vertente defensiva, o Portimonense teve dificuldade pelo espaço existente nas costas dos seus jogadores e também por alguma passividade na abordagem dos lances.

    No último minuto de jogo e com a desvantagem reduzida para a margem mínima apostou no 5×4 com Wendell como guarda redes avançado, mas faltou alguém na área para finalizar.

     

    5 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Gutta (6)

    Renan Fuzo (6)

    Nuno Miranda (7)

    Wendell (5)

    Dudi (6)

    SUBS UTILIZADOS

     Rochato (6)

     Deivão (6)

    César (5)

    Júnior (5)

    Lucas Tanke (5)

     

    BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA:

    Viseu 2001

    Bola na Rede: O Viseu 2001 acaba por obter uma vitória difícil construída na primeira parte. Como viu a exibição da sua equipa?

    Paulo Fernandes (Técnico principal): Um jogo com duas partes completamente distintas. Uma primeira parte, em que aos 10´/11´, marcámos quatro golos. Tivemos muitas mais oportunidades para dilatar o resultado. Na segunda parte, praticamente só deu Portimonense. O golo muito cedo do Portimonense criou alguma ansiedade nos jogadores e depois pior do que o golo foi a nossa reação no primeiro, segundo minuto a seguir ao golo. Nós não conseguíamos tirar a bola da zona de pressão, não conseguíamos dar profundidade ao jogo, mas acredito que com o desenrolar do tempo, fomos criando novamente novas oportunidades, mas não há dúvida nenhuma que na segunda parte foi um Portimonense superior ao Viseu.

    O Viseu também muito condicionado já com as ausências, mas também com as duas lesões que tivemos aqui. Perdemos o Dudu, o Daniel muito condicionado pelo excesso de tempo de jogo que teve de fazer e isso condicionou-nos um pouco. De qualquer forma, estes rapazes estão de parabéns. Meteram aqui muita alma, muito coração. Nos momentos mais complicados, souberam sofrer. Acho que isto resume-se à eficácia e ao caudal ofensivo da primeira parte e ao caudal ofensivo da segunda.

     

    Bola na Rede: Apesar de ter chegado cedo à vantagem, o Viseu 2001 pareceu desde o início preocupado a baixar as linhas de jogo. Houve preocupação com as transições rápidas do Portimonense?

    Paulo Fernandes (Técnico principal): Exatamente. Isso era estratégico, não era preocupação. Nós sabíamos que o jogo do Portimonense era muito à base das transições. Independentemente de hoje até terem trabalhado e de terem feito alguns golos em ataque posicional. De qualquer forma, isso foi estratégia. Tanto esticávamos o jogo, como baixávamos as linhas de forma a condicionar um pouco o trabalho do Portimonense e foi muito positiva a primeira parte.

    Na segunda parte, aquele golo logo aos 19 segundos, condicionou logo duas bolas de saída que nos atrapalhávamos e a bola parecia que queimava. Isso, sim, condicionou bastante a nossa forma de jogar, a nossa forma de sair e o Portimonense foi acreditando. Foi acreditando, foi nos encostando cada vez mais até que tivemos que pedir um time out logo quando sofremos o terceiro golo para dizer à equipa o que tínhamos de fazer, como é que tínhamos de condicionar o jogo para tentar chegar à baliza adversária. Criámos oportunidades mais do que suficientes aí, mas apareceu o guarda redes do Portimonense bem. De qualquer forma, por tudo o que se passou no jogo, esta vitória não nos podia fugir de forma alguma.

     

    Portimonense SC

    Bola na Rede: O Portimonense conseguiu chegar ainda ao 4-3 depois de ter saído para o intervalo a perder por 4-0, apesar das oportunidades criadas. O que falhou para não saírem daqui com pontos?

    Pedro Moreira (Técnico principal): Acho que não falhou nada. Entregámos o jogo ao Viseu. O Viseu não fez nada para estar a ganhar por 4-0. O Portimonense entrou a dormir e o Viseu bem aproveitou. Depois o Portimonense fez-se à vida. Só que a diferença é que esteve lá um guarda redes porque a partir do 4-0, o jogo foi de igual para igual. Se formos a ver, não houve superioridade nem do Portimonense, nem do Viseu. Houve, sim, o Thiago Soares a tirar.

    Depois, na segunda parte, aos 2´, o Portimonense podia ter feito o que o Viseu fez na primeira parte. Em dois minutos e meio, já podia estar 4-3, só que a diferença é que o Portimonense foi muito perdulário na parte final. Acho que o Portimonense justificou o 4-3. Faltando 10´ com cinco faltas, acho que mais por demérito nosso do que superioridade defensiva do Viseu, não empatámos o jogo. A partir daí, foi um jogo partido. O Viseu podia ter marcado o quinto, mas o Portimonense também podia ter marcado o quarto. Contudo, começámos a jogar mais com o coração do que com a cabeça e acho que, vendo as duas partes, o empate era mais do que justo. Não o conseguimos, mas volto a dizer: resume-se tudo a três, quatro minutos da entrada inicial do Portimonense.

    Bola na Rede: O facto do Viseu 2001 ter jogado sempre muito recuado dificultou o processo de jogo do Portimonense?

    Pedro Moreira (Técnico principal): Não, pelo contrário. Na minha opinião, o melhor jogador do Viseu foi o guarda redes. Repara, quantas bolas de golo tirou na primeira parte e na segunda, umas quatro ou cinco. Por isso, acho que não. Equipas que recuam contra o Portimonense que é uma equipa muito ofensiva dão mais confiança e liberdade. Não nos provocam tanto o erro porque não nos vêm pressionar na nossa zona de transição. Jogamos mais tranquilamente. Por isso, acho essa ideia errada.

    Equipa a jogar em baixo é, às vezes, para ganharem transições. Nenhum dos golos do Viseu foi em transições. Até houve um que nós oferecemos, outro de lançamento, ou seja, não foi muito de transições. Muito demérito da nossa parte com o Viseu a aproveitar o erro, mas depois nós mostrámos que nós é que estávamos mal e não o Viseu muito forte. Se não, não tinha acontecido o que aconteceu.

    Acho que o Viseu acabou a tremer e o Portimonense nunca acusou o desnível, mas marcou quatro golos, soube aguentar o poderio ofensivo do Portimonense e soube sofrer. Também há que dar mérito a isso. Sabíamos que o Viseu iria jogar muito nervoso, muito ansioso até pela posição na tabela classificativa. Uma derrota hoje complicava e de que maneira. Por isso, há que dar mérito ao Viseu nesse aspeto. Saio daqui triste porque sei que o Portimonense que vimos nos primeiros dez minutos não é o Portimonense que eu treino e isso paguei caro. Não há jogos iguais, o Portimonense só depende dele próprio [para a manutenção] e saímos daqui com uma lição do que não se deve fazer. O jogo tem 40 minutos e temos de entrar logo concentrados no primeiro minuto. 

    Bola na Rede: O que falhou na primeira parte, em termos defensivos, para sofrerem quatro golos? Dificuldade na ocupação de espaço, falta de agressividade na recuperação da bola?

    Pedro Moreira (Técnico principal): Acho que foi falta de concentração mesmo. O Portimonense entrou a dormir porque o Viseu marcou, num minuto, três golos. Em relação à ocupação de espaço, a equipa trabalhou bem durante a semana. Sabemos bem os padrões ofensivos. Se o Portimonense fechar a profundidade, eles jogam interiormente. Estávamos bem preparados para isso. Foi mais a entrada desconcentrada do Portimonense.

    Não é só o Portimonense. Ontem, o Braga aos 5´, também estava a dar 3-0, mas o Fundão foi mais feliz e conseguiu marcar logo um ou dois golos logo na primeira parte. A história do jogo passa muito por aí: o Portimonense não conseguir marcar. O Portimonense não acusou os 4-0, continuou a atacar o Viseu e teve várias oportunidades, mas não marcou. Essa vantagem por 4-0 deu alguma tranquilidade ao Viseu porque se o resultado fosse 4-1 ou 4-2 ao intervalo, o jogo seria diferente. Por isso, não digo que foi fator meritório da organização ofensiva do Viseu. Acho que foi mais demérito defensivo, desconcentração total e muito nervosismo. Quando pedi a pausa técnica, a partir daí, a equipa jogou melhor e já não sofremos mais nenhum golo. O Portimonense, em sete, oito minutos leva quatro golos e depois em 32 minutos já não sofre.

     

    Bola na Rede: À entrada do último minuto, o 5×4 foi aposta. O que esperava que o 5×4 trouxesse de novo para o jogo?

    Pedro Moreira (Técnico principal): Durante a semana, preparámos bem o 5×4 porque sabíamos aonde podíamos atacar o 4×5 do Viseu. Sabíamos que eles davam muito a bola no lado contrário, que o [Rafa] Stocker na primeira linha vira muito, de posição, de corpo, dando-lhes sempre muita lateralidade. Tínhamos muito bem delineados esses erros, só que não conseguimos.

    [Aposta no 5×4 só no último minuto] Deixei levar a equipa até ao limite porque tínhamos cinco faltas. Sabendo que os meus jogadores são muito verticais, muito individuais, esperei até à última na esperança de ganhar a sexta falta. A partir daí, sabendo que faltava um minuto e que tínhamos essa jogada preparada, tínhamos de explorar por aí. Só falhámos o último remate, mas foi o Portimonense mais com o coração, com ansiedade do que a pensar com a cabeça, com o que treinámos, com aquilo que trazemos. Foi uma equipa já perdida, a querer fazer as coisas bem, mas a sair mal. O Viseu geriu bem isso. Acho que se tivesse tentado o 5×4 mais cedo, se calhar não tinha tido tanta produtividade. Tinha tirado o benefício de ter as cinco faltas do Viseu. Foi uma opção minha e volto a dizer, não conseguimos trabalhar o 5×4 por essa razão.

    [Aposta no 5×4] O Portimonense é exímio nisso. O Portimonense estava a perder, no último minuto, frente ao Benfica, e no primeiro ataque em 5×4 conseguiu empatar. Em Braga, a equipa teve a perder por 6-5 e no último ataque em 5×4 fez golo. A vitória no jogo de hoje dava a permanência do Portimonense e, se calhar, a equipa acusou isso. Contudo, não deixou de ser um bom jogo com duas boas equipas. Espero que ambas continuem na I Divisão para o ano. Eu, como culpado, saio daqui triste pelos primeiros dez minutos iniciais.

     

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    Pedro Filipe Silva
    Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
    Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.