Dois meses de puro rugby com grandes ensaios e placagens, com sangue e lágrimas: assim foi o Campeonato do Mundo de Rugby 2015, considerado o maior e melhor Mundial de sempre, disputado na Inglaterra. Para a posterioridade ficarão as grandes exibições individuais e colectivas, os melhores ensaios, as melhores jogadas, os ambientes frenéticos em todos os estádios…
A equipa: Com vitórias em todos os jogos disputados e a conquista de mais um Mundial, é difícil não atribuir o estatuto de melhor equipa à da Nova Zelândia. A um nível impressionante, os All Blacks continuam a dizimar quem ousa aparecer no seu caminho e já se trata da selecção com mais títulos mundiais conquistados.
A surpresa: O coração argentino fez-nos delirar por entre jogadas e placagens explosivas. Tecnicamente ao melhor nível de sempre, os Pumas não alcançaram o pódio mas apresentaram-se numa forma incrível ao longo de todo o torneio. Daniel Hourcade deu à Argentina margem para evoluir e essa aposta já começa a dar os seus frutos.
A desilusão: A disputar um cobiçado Mundial na sua própria casa, a Inglaterra acabaria por ser afastada da competição logo na fase-de-grupos – as derrotas frente ao País de Gales e à Austrália foram fatais e este seria mesmo o pior desempenho inglês de sempre num Campeonato do Mundo. Stuart Lancaster fica mal na fotografia – a convocatória para a competição deu azo a críticas que acabaram por se anunciar correctas -, mas fica a sensação de o capitão, Chris Robshaw, também ficar a dever a si mesmo, ao não conseguir unir e liderar a equipa em busca de, pelo menos, um lugar nos quartos-de-final.
O jogo: O Austrália vs Escócia, dos quartos-de-final, ficou marcado pelo equilíbrio constante ao longo de todo o jogo. Com todo o favoritismo do lado dos Wallabies, que vinham fazendo um Mundial de categoria, a equipa escocesa pressionou homem a homem e obrigou a formação australiana a cometer vários erros individuais e colectivos. Apenas quando faltavam quarenta segundos para o final da partida é que a Austrália conseguiria marcar uma penalidade que daria o acesso à fase seguinte.
O quinze: Fazer a combinação dos melhores jogadores do Mundial numa só equipa não é tarefa fácil, muito menos imune a injustiças. No entanto, a escolha recai para, na primeira linha, Marcos Ayerza (Argentina), Agustín Creevy (Argentina) e Sekope Kepu (Austrália); na segunda linha: Sam Whitelock (Nova Zelândia) e Lood de Jager (África do Sul); na terceira linha: François Louw (África do Sul), Richie McCaw (Nova Zelândia) e David Pocock (Austrália); formação: Will Genia (Austrália); abertura: Dan Carter (Nova Zelândia); centros: Matt Giteau (Austrália) e Mark Bennett (Escócia); pontas: Julian Savea (Nova Zelândia) e Santiago Cordero (Argentina); arrier: Ben Smith (Nova Zelândia).
O jogador: David Pocock. O australiano alia o carisma a todo o seu talento, envolvendo toda a sua equipa em prol de um só objectivo: vencer. Neste Campeonato do Mundo reapareceu em alta, após dois anos fustigado por lesões.
O árbitro: O incontornável Nigel Owens. Com boas arbitragens a pautar o Mundial, Nigel Owens soube destacar-se pela autoridade e pela visão de jogo a que já nos habituou. Como bónus pelas boas prestações que foi somando, foi o árbitro da final da competição.
Em 2019 é a vez de o Japão receber a competição. Terão os emergentes japoneses a capacidade para organizar a prova? Será que a selecção da casa irá conseguir continuar a evoluir? Irá a Inglaterra reerguer-se ou a Nova Zelândia continuará a tomar conta do maior troféu do mundo do rugby? Estas e outras questões serão desvendadas daqui a quatro anos. Até lá!
Foto de Capa: rugbyworldcup.com