Mundial de Snooker 2021 | Capítulo 5: A Final – Mark Selby é campeão!

    DIA 2

    3.ª Sessão (4-4)

    A primeira parte da penúltima sessão facultou-nos uma mistura de jogo longo e jogo defensivo. A tacada de abertura foi para Selby, que deixou, logo aí, uma possibilidade de bola longa para Murphy. O “Magician” aproveitou a oportunidade para pontuar, mas apenas somou três pontos, vindo-se forçado pela cautela a optar pela defesa.

    Com alguma surpresa, Shaun foi mesmo quem levou a melhor na batalha tática (um dos pontos fortes de Selby) e, com algum trabalho e esforço – e com uma tacada de 77 pontos -, reduziu para 10-8. O marcador da 19.ª partida foi inaugurado como havia sido o do frame anterior: bola vermelha longa de Murphy. Desta feita, o “Magician” conseguiu construir um break mais sólido, mas ainda assim insuficiente: 42 pontos.

    Chamado à mesa, Selby aproveitou para somar 21 pontos e defender (bem) atrás da bola castanha, provocando o erro do adversário. Novamente na mesa, o “Shark” elevou a sua pontuação até aos 62, momento em que parou a entrada, com 18 pontos na mesa e 20 de vantagem para Selby.

    Desenrolou-se um jogo defensivo com três bolas em cima do pano. Shaun conseguiu provocar a falta de cinco pontos ao adversário, passando a ter pontos em cima da mesa para vencer o frame. Murphy acabou por embolsar a bola azul num lance fortuito, não conseguindo dar sequência, num primeiro momento. Viria, todavia, a embolsar a bola rosa, mas viria também a deixar a bola preta a cair para Selby, que fez o 11-8. Duro golpe para Shaun.

    Terceiro frame da sessão, terceiro marcador inaugurado por uma bola longa de Murphy. 37 pontos foi o que o Mágico conseguiu nessa entrada. Mais tarde, somou o 38º ponto com mais uma bela demonstração de jogo longo e conseguiu uma boa defesa atrás da castanha, que lhe valeu 12 pontos em faltas de Selby. Murphy ainda permitiria a resposta do “Jester from Leicester”, mas uma bola preta falhada por Selby e uma “vitória” no jogo defensivo selariam o triunfo de Shaun e o 11-9.

    Quarto frame disruptivo, mas não muito. Desta feita, foi Selby a inaugurar o marcador com uma bola longa. No entanto, e à semelhança do que havia acontecido nos três jogos anteriores, a vermelha de longa distância não significou o início da entrada vencedora. O 21.º jogo, contudo, penderia mesmo para Mark “The Shark”, que ainda aproveitou para registar a primeira centenária da final e a 104.ª do torneio (107 pontos).

    12-9 para Selby ao intervalo. A segunda parte começa… com mais uma bola longa de Murphy, que mais uma vez faz uma entrada curta (14 pontos) e permite que Selby conquiste o frame e dilate a vantagem para quatro jogos. Shaun responde de seguida, reduzindo para 13-11 com duas vitórias consecutivas, uma delas com direito a centenária de valor mínimo: 100 pontos.

    No último frame da sessão, o “Jester” começou a construir o break que se julgava vitorioso com (mais) uma bola longa. Contudo, uma bola vermelha falhada para o meio travou a tacada de Selby nos 62 pontos e deu esperança a Murphy, que a ela não se soube agarrar. Selby inciaria novo break, com mais uma vermelha longa, e seguraria os três frames de vantagem que havia trazido para a sessão.

    4.ª Sessão (4-4)

    O empate na terceira sessão havia permitido a Selby chegar em vantagem à última. Contudo, como sabemos, o “Shark” não desmancha o semblante fechado e não perde a concentração e o estilo de jogo calculista enquanto não estiver matematicamente com a vitória final no bolso. Assim, Mark entrou na derradeira sessão com a sua versão mais reconhecível e com um 70-28, que alcançou muito graças a uma tacada de 66 pontos.

    Murphy nunca deixou de acreditar na reviravolta e respondeu com o triunfo no jogo seguinte, bastante dividido (73-48). Uma entrada de 68 ajudou Selby a fazer 108 pontos e vencer o terceiro frame da sessão. O padrão estava definido: um jogo para ti, um jogo para mim. Como tal, o quarto e último frame da primeira parte caiu para Shaun (79-11), que efetuou um break de 58 pontos.

    16-13 para Selby ao intervalo. O Tubarão de Leicester, a dois jogos da vitória final, já sentia o cheiro a sangue e já sentia o cheiro que a prata do mais cobiçado troféu do circuito mundial emanava. O início não podia ser melhor para Mark – o “Jester” foi mais forte numa curta batalha tática (como é seu apanágio) e partiu para uma entrada de 120 pontos que o colocava a um jogo do tetracampeonato.

    Do outro lado, todavia, estava uma alta que resistia. E que lutava. E que venceu os dois frames seguintes, fazendo cair sobre o Teatro dos Sonhos o espetro da dúvida, da indefinição. E fê-lo com duas centenárias: 100 e 103 pontos (esta última deu-lhe um total de 126). 17-15 e a emoção era palpável. Após meses de ausência, o público libertava as energias que o confinamento havia suprimido.

    O Crucible clamava por mais e mais Snooker, por vezes não da forma mais ordeira, obrigando mesmo o árbitro Paul Collier a uma reação autoritária, cerrando o punho e batendo com ele na mesa pedindo silêncio e respeito, pelos jogadores e pelo jogo.

    Contrastava Mark Selby. O “Shark” era granito. Impermeável, impenetrável, inamovível. Falhou uma bola longa na tentativa de inaugurar o marcador do 33.º frame: nem um grão de agastamento no olhar, olhar frio que se focava em Murphy enquanto este mimetizava Selby ao também falhar uma vermelha longa. Os embates da branca e da vermelha nas bolas do “D” levaram a que Shaun caísse para o adversário.

    Era o regresso – perspetivava-se, vitorioso – de Selby à mesa. Perspetivas erradas, viemos a saber. Mark faria 38 pontos até ser travado por uma vermelha que se recusou a precipitar-se para o buraco do canto da bola verde. Os jogadores alternariam as idas à mesa e permutavam galhardetes defensivos até o veredito final.

    Este viria a ser favorável a Selby, ainda que Murphy viesse a somar 57 pontos. Os 71 do “Jester” deixaram o pano verde despojado de bolas e deram por encerrado o confronto. Mark Selby soltou o grito de vitória e festejou uma conquista que, na sua essência, foi… à Selby.

    Foto de Capa: World Snooker Tour

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.