ATP Challenger Porto Open: Nardi evita regresso épico de Sousa

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    Era e depois do complexo Desportivo do Monte Aventino ter acolhido na semana anterior uma prova pontuável para o circuito ITF, no caso um 25.000 conquistado pelo francês Jules Marie, que este recinto serviria mais uma vez de palco a um Challenger 125, o Porto Open. A cumprir a 24ª edição o maior torneio disputado a Norte do país, organizado em parceria pela Associação de Ténis do Porto, pela Federação  Portuguesa de Ténis- FPT e pela Câmara Municipal  da invicta, o rosto mais visível dessa organização era o diretor de torneio António Pais de Faria. Esta que é uma competição em crescimento, visto que subira de categoria na presente edição, aumentando assim o seu bolo monetário. De entre os tenistas com maior prestígio aí presentes contavam-se  Quentin Halys, semifinalista da última edição do Millennium Estoril Open que chegava a solo portuense ostentando o epíteto de maior favorito a vencer o torneio, visto ocupar a posição 73 da hierarquia individual masculina sendo o único Top 100 presente nesta prova. Benjamin Bonzi e Hugo Grenier, seus compatriotas, eram os outros grandes favoritos a um título na posse do turco, Altug Celikbilek, que procurava a terceira conquista consecutiva. Isto num certame que contava com alguns dos melhores tenistas nacionais da atualidade: João Sousa que voltava após mais de dois meses de ausência, Gastão Elias que jogava  depois de  o ter feito pela última vez em Maio, Gonçalo Oliveira, Jaime Faria, João Domingues, Frederico Ferreira Silva e Henrique Rocha eram  o restante contingente luso no quadro principal.

    Num evento marcado pela forte presença de público nas bancadas e pelos excelentes dias de ténis, eis os cinco tenistas, que em minha opinião, mais aproveitaram o torneio para evidenciar todos os predicados do seu jogo.

     5 – Henrique Rocha

    A atuar na sua cidade natal, foi demonstrando muita garra, espírito de luta e um ténis potente, intencional e pleno de capacidade ofensiva, embora sem grande consistência, regularidade e denotando grandes hiatos de concentração que Henrique somaria na cidade invicta a primeira vitória da sua vida num quadro principal de um Challenger, isto depois de ter ultrapassado, surpreendentemente, a fase de qualificação do Millennium Estoril Open deste ano. Já com três títulos e mais duas finais na presente época, fica a ideia de que o atleta com formação no Clube de Ténis da Maia pode ser o tenista nacional mais capaz de se afirmar ao longo dos próximos anos, sendo que prevejo que possa terminar a próxima temporada bem perto dos 200 melhores do mundo. Detentor de pancadas bem potentes, parece faltar-lhe ainda maior noção de quando desferir os golpes decisivos. Conseguirá Henrique cumprir e traduzir todo este potencial em resultados em torneios de cada vez maior nomeada?

    4- Gonçalo Oliveira

    Outro tenista oriundo da cidade do Porto, o ex Top100 da variante de pares e depois de duas temporadas não tão bem conseguidas, tendo saído  do Top 400, parece ter sido acometido por alguma poção mágica, pois no capítulo individual atravessa a melhor época da carreira, contando já com seis troféus de campeão na presente temporada. Carregando a pressão de ser o número três nacional no ranking ATP, no início da competição, realizou um excelente torneio vencendo na ronda inaugural o gaulês Lucas Poullain, perdendo em três partidas nos oitavos para o futuro campeão. Já com 28 anos ,o seu grande dilema será  que categoria de torneios disputar: se por um lado jogar torneios ITF onde embora colecionando várias vitórias não vê o seu ranking melhorar muito para além do atual ou se por outro lado compensará mais jogar fases de qualificação de torneios Challenger podendo não as transpor, resvalando novamente no ranking?

    3- Jules Marie

    O trintão gaulês, que nunca conseguiu entrar no Top 150 mundial,  alguém que confesso nunca ter visto jogar até há duas semanas aquando do ITF realizado neste recinto e do qual saiu vencedor, acho muito estranho que nunca  até aos dias de hoje tenha conseguido afirmar-se em provas de maior notoriedade. Se é certo que não possui uma  pancada diferenciadora capaz de causar desequilíbrios imediatos, não é menos verdade que revela uma grande leitura de todos os momentos do jogo, assim como denota uma grande inteligência tática. Mestre na colocação e profundidade da sua bola com o seu jogo a ter por base uma enorme consistência, Jules poderia ter tido uma carreira bem mais interessante do que o seu palmarés indica. A viver duas semanas de sonho, foi no Porto que alcançou as suas primeiras meias finais em provas deste grau de importância.

    2- João Sousa

    A cumprir uma autêntica travessia no deserto, tendo saído dos 400 primeiros do ranking, algo inédito na sua carreira ao mais alto nível, estava-mos longe de sonhar que o melhor tenista luso de todos os tempos fosse capaz de realizar o melhor torneio do ano na invicta. A voltar à competição após longo período de ausência por problemas nas costas, foi e mostrando toda a sua raça, fibra de campeão e classe , bem como o seu estofo competitivo e resiliência, marcas típicas de Sousa no seu auge, que o vimaranense alcançaria a final. Pelo caminho na ronda inaugural batera o quinto tenista mais cotado do quadro, o transalpino Mattia Bellucci em três partidas, sendo que fico com a ideia de que esse triunfo o terá alavancado para esta semana de excelência como há muito não víamos. Travado apenas por um grande Luca Nardi na final, as sensações deixadas só podem ser positivas e muito encorajadoras para o restante da temporada. Conseguirá o “conquistador” manter-se  física e mentalmente capaz de voltar a oferecer-nos o nível de outrora?

    1 – Luca Nardi

    Quando  no começo da semana se falava de um tenista capaz de no futuro militar entre os melhores praticantes da modalidade e com capacidade para poder daí a algum tempo pertencer à elite do ténis mundial, o jovem de então  19 anos era o nome que todos referiam. Capaz de servir com grande intensidade, constância e velocidade, revela grande capacidade para bater forte na bola tanto de direita quanto de esquerda, sendo necessário apenas melhorar alguns timings, assim como dosear a sua agressividade. Deverá ser capaz de controlar o aspeto mental do jogo nos momentos mais solenes, evidenciando todo o talento, capacidade e qualidade que ostenta. Foi impressionante como o italiano, durante grande parte da final, lidou tão bem com um ambiente de Davis, num court a rebentar pelas costuras e com o público a aplaudir muitos dos seus erros. Depois desta conquista ocorrida no dia em que cumpriu a entrada nos 20, sai da cidade do Porto bem mais motivado, ciente do grande ténis que pode praticar e mais que tudo confiante. Ténis não será problema, mas terá ele estofo para aguentar a pressão inerente a jogar torneios do circuito ATP?  Se assim acontecer estaremos em presença de um caso bem sério e de um nome a falar bastante num futuro nada distante!

    Quanto a Nós continuaremos a contar-lhe tudo o que de significativo se passa no desporto mundial, e com o ténis a não ser exceção. Marcamos encontro?

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.