Carta Aberta a: João Lagos

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    Caro João Lagos,

    O Portugal Open é o único torneio português que integra o circuito mundial ATP e WTA. O Sr.Ténis de Portugal tem sido o herói de todos os amantes de ténis em Portugal e espero que sinta isso da nossa parte.

    O facto de já ter trazido a Portugal o melhor tenista de todos os tempos, Roger Federer, uma série de nº1 mundiais – Novak Djokovic é um dos últimos -, e uma série de vencedores de Grand Slam, dos quais o mais recente foi Stanislas Wawrinka, é uma divida impagável que o ténis português tem para consigo.

    Não vou matar para já o Portugal Open. Primeiro, porque não quero ser acusado de ser o arauto da desgraça; segundo, porque gosto do nosso torneio; e terceiro, porque nada tenho contra ele (ou melhor, até tenho, mas são coisas menores face às felicidades que o mesmo já me deu). O Portugal Open é a única semana do ano em que o comum dos mortais português tem a oportunidade de ver os melhores tenistas em acção. De ver o ténis da televisão, ali, a poucos metros, como só o inigualável Centralito nos proporciona.

    No entanto, caro João Lagos, caso este ano consiga levar avante o seu torneio, o nosso torneio, aqui ficam as minhas dicas para que daqui para a frente as coisas corram melhor. Infelizmente, tal como o Governo e a Federação, não tenho dinheiro para lhe dar, pelo que terei de me ficar apenas e só pelas ideias.

    1 – Chega! Está na altura de o Portugal Open deixar de ser o desfile de vaidades que se tem visto. O ténis tem de ter glamour. Certo. Mas a verdade é que 70% dos que se passeiam pela tenda VIP nunca viram um encontro de ténis e provavelmente também não é durante o Portugal Open que vão ver, por estarem mais preocupados em provar os cocktails da Sponsors Village.

    2 – Eles é que querem. Os tenistas é que têm de querer vir a Portugal. Todos nós sabemos que para ter um dos “big4” é necessário largar a nota, e que para ter um top10 é preciso uma série de regalias adicionais, mas o Portugal Open é dos torneios mais bem vistos no circuito, beneficia de uma localização excelente, de condições perfeitas para a preparação do Roland Garros, pelo que a Lagos Sport deve ter-se mais em conta. Não faz mal não ter um top10. Nós queremos ver é bom ténis e os portugueses a ter sucesso. (Certamente ainda se lembra de quando Frederico Gil lhe salvou um Estoril Open).

    Roger Federer – Estoril Open 2010 Fonte: Miguel Dias
    Roger Federer – Estoril Open 2010
    Fonte: Miguel Dias

    3 – Mais barato. Nós sabemos, é preciso dinheiro, mas não tem de ser o “povo a pagar”. Os bilhetes, principalmente para os primeiros dias, são demasiado caros. Quem gosta quer ir mais do que uma vez, e principalmente nos últimos anos viu-se muita gente a apostar tudo num dia. Ao baixar os preços terá certamente mais gente em mais dias.

    4 – A Festa do Ténis. O Portugal Open tem de ser verdadeiramente a festa do ténis em Portugal. Não podem existir torneios nesses fins-de-semana/semana; tem de existir uma relação mais estreita com a FPT, para promoção de acções de formação; tem de existir uma integração qualquer entre o Portugal Open e o Campeonato Nacional em Portugal. O ténis em Portugal tem de se concentrar TODO nessa semana nos court’s, nos auditórios e nas salas do Jamor.

    5 – Renovação. Quero acreditar que os melhores do ténis colaboram com o Portugal Open, mas desde os últimos anos para cá muitos outros têm surgido. Porque não uma limpeza de balneário? Porque não uma renovação de algumas posições dentro da estrutura, que venham trazer ideias frescas, sobretudo diferentes? Pegue-se no bom do passado e construa-se novo.

    Mas quem sou eu para dar dicas ao João? Ninguém. A minha admiração e respeito por si é tão grande que dificilmente o faria cara-a-cara, mas acredite, provavelmente sem saber, muita coisa tem feito mal ao Portugal Open.

    Quanto a este ano, que a sorte esteja do seu lado. Já merecia! Quanto a nós, quer acabe ou não, o nosso Estoril Open terá sempre um lugar nos nossos corações. O ano em que entrei lá e fiquei maravilhado com tanto tenista, tanto jogo, em que fiquei horas em pé para ver Roger Federer passar, não conseguir um autógrafo e voltar lá no dia seguinte para o conseguir. O Estoril Open que nos deixou colados à TV e emocionados, mais do que quando o Benfica foi campeão nesse mesmo dia.

    Esses são os Estoril Opens que ficarão na nossa memória.

    Aconteça o que acontecer.

    Muito obrigado, João Lagos!

    Atenciosamente,

    Miguel Dias

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    Miguel Dias
    Miguel Dias
    O Miguel jogou ténis durante mais de dez anos, sendo actual vice-presidente do clube ténis da sua terra natal, Almeirim. Para além disso, acompanha a modalidade desde 2008, tendo feito já a cobertura do Portugal Open, entre outros, e tendo sido já comentador convidado da Eurosport para a modalidade.                                                                                                                                                 O Miguel não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.