Análise ao possíveis adversários do SL Benfica na pré-eliminatória

    OS LOBOS DE HERNING

    Fruto duma junção amarga entre dois rivais eternos mas inconsequentes do futebol dinamarquês – o Ikast FS e o Herning Fremad -, o FC Midtjylland forma-se em 1999 com outra pujança competitiva, que seria definitivamente consolidada uma década depois quando o atual dono do Brentford, Matthew Benham, se tornou o sócio maioritário do grupo FCM Holding.

    Estávamos em 2014 e no ano a seguir o clube é campeão pela primeira vez: sucesso mais retumbante não seria possível.

    Desde aí, mais dois títulos (2017-18 e 19-20), a entrada na Liga dos Campeões (2020-21) e o desenvolvimento da própria academia e rede de prospecção, alargando influência até África, definindo clubes satélites (como o FC Ebedei) que lhe permitem dotar o característico futebol nórdico de outras competências, ao nível da técnica e criatividade.

    Kjaer, Pione Sisto ou Onyeka – vendido ao clube-irmão Brentford em 2020 – são os melhores exemplos do produto saído da academia.

    Olhando à última época, a tabela espelha bem o bom desempenho conseguido pelos homens de Bo Henriksen e a ganância ofensiva duma equipa que se organiza em 3-4-3. Segundo lugar final, a três pontos do campeão Copenhaga, e melhor ataque da prova, com 59 golos marcados em 32 jogos.

    Evander, médio criativo brasileiro, foi o goleador (12 golos, 17 no total das competições) e assistente de serviço (9), ele que é a grande referência do conjunto e poderá já nem estar presente num eventual confronto com os encarnados, que o Galatasaray reforçou por estes dias o interesse e oferece algo entre os 10 e os 15M€.

    Ao lado de Evander actua a grande promessa da equipa, eleita Jogador Revelação da Liga 21-22: Onyedika, um recuperador de bolas incansável que garante a estabilidade defensiva necessária.

    Os três da frente podem ser considerados craques sem qualquer desprimor. Chilufyia, chegado a meio da temporada transata vindo Djurgarden por 2,5M€, oferece explosão; Dreyer, pelas posições habituais para um ‘9’, é tudo além disso – oferece apoio entre linhas, gosta de preservar a posse recorrendo a uma técnica assinalável, assumindo protagonismo no último terço como referência com bola no pé; e Isaksen, o menino prodígio que desponta agora nos séniores – é a coqueluche da massa adepta e outro com gigante margem de progressão.

    Há um reencontro possível com Roger Schmidt, que com o PSV eliminou o Midtjylland da Liga dos Campeões 22-23: deu-se aí a descida a pique dos nórdicos, que acabaram por ser terceiros na fase de grupos da Liga Europa – atrás de Sporting de Braga e Estrela Vermelha – e nova queda, para a Liga Conferência.

    O PAOK esperou-os no play-off para ganhar (2-2 ag e 5-4 nos penalties), avançando para a fase a eliminar e deixando os dinamarqueses sem Europa logo em Fevereiro: o que não constitui nenhum tipo de excepção face á história do clube, mas é um passo atrás na sua evolução no futebol uefeiro.

    Ponto positivo e coincidência a favor para os benfiquistas: foi Roger Schmidt o único a ganhar na MCH Arena durante todo este percurso de 12 jogos – Braga, Celtic e PAOK sucumbiram perante os estridentes Black Wolves num dos topos do estádio construído em 2004 e que consegue albergar aproximadamente 12 mil pessoas, sete mil sentadas.

    Portanto, Roger Schmidt ganhou na Arena mas SC Braga perdeu (3-2); se recuarmos 10 anos, o Vitória, o de Guimarães, empatou lá a zero, construindo assim uma insuficiente tradição nacional. Penderá o Benfica para a experiência do seu treinador ou para essas memórias portuguesas, caso visite os nórdicos?

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.