As 3 razões para a má fase do SL Benfica

    1. Falta de Exigência

    A falta de exigência é, porventura, o fator determinante para a má fase do SL Benfica
    A falta de exigência é, porventura, o fator determinante para a má fase do SL Benfica                       Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Depois de uma temporada inadmissível a todos os níveis, desculpada pelo fenómeno COVID, Jorge Jesus entrou com o mesmo ou ainda maior crédito para 2021-22: as vitórias foram-se sucedendo e o fantasma tinha ficado esquecido nos escombros da memória geral – muito também por culpa da instabilidade diretiva encarnada.

    Contudo, a espiral negativa pela qual a equipa enveredou nos últimos jogos trouxe ao de cima o regime de “vitória moral” em voga no tribunal da Luz, outrora dos mais exigentes da Europa. má fase

    As toneladas de oxigénio oferecidas pela vitória categórica frente a um FC Barcelona em decomposição possibilitaram a aceitação geral de fases menos positivas e a desculpabilização de qualquer passo em falso.

    A derrota com o SC Portimonense em casa foi aplaudida e… Samuel Portugal encarado como único responsável, com a inesquecível exibição do goleiro a chegar para anular qualquer impacto da falta de eficácia benfiquista. Cair perante um adversário como os algarvios em Lisboa seria motivo, noutros tempos, para assobiadela monumental. Qualquer que fosse o motivo.

    Com o CD Trofense, nova demonstração de benevolência associativa – um clube do segundo escalão obrigou o grande SL Benfica a prolongamento e nada. Nem um laivo de contestação, que também não surgiria com a hecatombe frente ao FC Bayern, a melhor equipa do mundo, mas que em condições normais nunca pode obrigar o SL Benfica caseiro a submeter-se como aconteceu na última quarta-feira.

    Se podemos apelar às realidades financeiras distintas como justificação, lembremo-nos que foi este ano que o principiante Sheriff foi a Madrid ganhar, o último de milhares de exemplos de saudável competitividade. Má fase

    Se optarmos pelo argumento factual de que os alemães conseguem aplicar chapa múltipla a qualquer um que se atravesse no seu caminho, é importante relembrar que a última derrota “uefeira” por quatro golos, na Luz, tinha sido em 1983-84, frente ao Liverpool de Dalglish e Rush – ou seja, 38 anos.

    Desde aí, o SL Benfica conseguiu eliminar o Olympique de Marselha de Tapie, enfrentou dignamente o Milão de Sacchi na final de 90, esteve a um passo de eliminar o FC Barcelona de Cruyff, bateu o Manchester United de Ferguson e logo a seguir o Liverpool FC de Benítez, campeão europeu em título, foi a Turim impedir a Juventus de Conte de jogar uma final na própria casa e obrigou o FC Bayern de Guardiola a suar oceanos.

    Em quase todos estes confrontos o fator Estádio da Luz sempre interessou como fortaleza intransponível, o oposto da realidade atual na qual vem sendo encarado exclusivamente como palco de gala para as grandes noites, sem grande preocupação com o resultado.

    Há, acima de tudo, um perigoso desleixo em relação à imagem deixada pela equipa no relvado nas já previsíveis derrotas, uma habituação ao vexame às custas de qualquer tipo de adversário e, sobretudo, uma crescente descaracterização da reputação e valores mais elementares da instituição.

    Interessa apenas participar, num sintoma da má fase que o Glorioso atravessa. Falta a chama encarnada, o que leva a um desaparecimento quase total de uma exigência antes preservada como o órgão mais vital da mística benfiquista e sinal de uma paixão inigualável, que alimentava equipas e atemorizava adversários.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.