Primeira Liga Portuguesa, 11.ª Jornada, sábado, 18h00, 29 de outubro de 2022
A ANTEVISÃO: A DIFÍCIL TRANSIÇÃO DA EUFORIA EUROPEIA E A ROTINA DOMÉSTICA
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A portentosa demonstração de força a meio da semana gera questões quanto ao desafio deste Sábado, na recepção a uma das mais positivas equipas desta Liga: conseguirá o SL Benfica encarar de forma respeitosa o adversário depois de atropelar um colosso europeu? Será o Chaves, atrevido como não há muitos – já ganhou em Alvalade e em Braga – o melhor oponente numa eventual mudança de postura competitiva? A resposta a esta segunda é obviamente um não redondo, um não convicto e um não que tem que ser levado a sério pelo plantel encarnado, que por muito avisado que esteja não terá tarefa facilitada em manter a concentração no máximo. A essa quebra mental juntar-se-á uma quebra física, provocada pela sequência interminável de duelos intensos.
Em Chaves sabe-se o que é ganhar em casa de pretendentes ao título, há muito bom futebol e a uma equipa recheada de boas individualidades, lideradas por um experientíssimo Steven Vitória e um talentoso João Teixeira: voltam os dois a casa e terão essa motivação extra para fazer boa figura. Vítor Campelos, que traz a equipa da Segunda Liga e já consolidou nela grande parte das suas ideias, não tem muito para se preocupar, sem ser as lesões para o lado esquerdo da defesa – o titular Bruno Langa saiu com queixas do jogo em Braga e é baixa até meados de Novembro, Euller está em dúvida e Sandro Cruz está impedido de ir a jogo pelo vínculo contratual ao Benfica.
No lado encarnado, tudo são rosas. A equipa deslumbra, vem de 20 jogos sem perder, lesionados só Draxler – Roger Schmidt é um dos homens mais felizes na Europa do futebol, mas já mostrou que o sucesso não o distrai das responsabilidades inerentes ao cargo e que a preparação tática da equipa estará afinada. Resta, sim, perceber o estado mental da equipa e de que forma entrarão em campo os onze escolhidos – da última vez que foi necessário mudar o chip houve a trabalhosa maratona das Caldas, jogada quatro dias depois do pujante empate em Paris (1-1). Entre o pujante dizimar da Velha Senhora e a recepção ao Chaves, os mesmos quatro.
Com o apito estará Luis Godinho, apoiado por Rui Texeira e Pedro Mota nas laterais e Hélder Malheiro no VAR.
10 DADOS RÁPIDOS
- Em 35 jogos contra os Flavienses, o Benfica venceu 28 e perdeu… três – sempre em Trás-os-Montes. 74-16 em golos.
- Na Luz, foram 19 jogos, com 17 vitórias e dois empates. 51-7.
- O último deles em… 1987-88. Ficou 1-1, golo encarnado assinado por um saudoso Chalana. 34 anos e 13 jogos depois, nova oportunidade para transmontanos de provocarem a desfeita.
- Última vitória do Chaves? Em 1996-97, por 3-1. Último empate? Em 2018-19, ainda o Benfica tinha Rui Vitória – Rafa bisou, mas Ghazaryan fez o mesmo em noite inspirada. 2-2.
- Portanto, fazendo bem as contas: últimos 10 jogos entre os dois em todas as competições dá nove vitórias do Benfica e esse empate de 2018. Vida difícil.
- Chaves na Liga: 10 jogos com quatro vitórias e três empates, que lhe garantem um positivo 10.º lugar. Na Taça correu pior, com a eliminação aos pés do Valadares Gaia, 3-2 após prolongamento.
- A boa prestação na Liga acentua-se com a sequência construída de três jogos sem perder: empate na recepção ao Estoril, a vitória categórica em Braga e o 3-1 ao Gil Vicente. Mais: nunca o Chaves tinha conseguido tantos pontos (15) ao fim de 10 jornadas desde que a vitória vale três pontos (1995-96).
- Goleador de serviço é Hector Hernández, recrutado ao Rayo Majadahonda (onde fez 16 golos na 3.ª Espanhola). Tem quatro golos marcados, um deles o que deu a vitória em Braga e lhe valeu a presença no onze da jornada da Liga.
- Vítor Campelos nunca ganhou ao Benfica: na única oportunidade perdeu, 1-2, com o seu Moreirense. Estávamos em 2019-20. Por culpa de Rafa, novamente, e Seferovic.
- No banco do Benfica, só Luisão sabe o que é defrontar Flavienses. Dois jogos, duas vitórias, uma fora e uma em casa.
JOGADORES A TER EM CONTA
GD Chaves 3-1 Gil Vicente
2-1
Joao Correia 🇨🇻 🎯
Jonathan Arriba 🇪🇸 #ValentesTransmontanos pic.twitter.com/3MBPkhwKTI— GD Chaves FRA 🇵🇹🇫🇷 (@GDCHAVESFRA) October 24, 2022
João Correia (GD Chaves) – O carrilero formado no Vitória Sport Clube vem progredindo avassaladoramente em Chaves, preenchendo a ala direita sem precisar de grande ajuda na exploração da profundidade ou na criação de oportunidades: que ele próprio se encarrega de desmanchar meia-equipa e finalizar se for preciso, como fez ao Moreirense FC no play-off para decidir quem integrava a Liga 2022-23. Contra o Gil Vicente FC, encarregou-se de mostrar a melhor versão do seu futebol e ajudar o Grupo Desportivo a uma vitória sem contestação, onde existiu até espaço para a nota artística, como prova a assistência no 2-1: recebe, percebe o espaço e descobre o colega sem grande esforço, em souplesse técnica.
David Neres (SL Benfica) – Desaparecido em combate, mas heroicamente substituído por Fredrik Aursnes, cabe ao brasileiro voltar ao andamento que já emulou esta temporada e pegar para si a responsabilidade ofensiva da equipa, num jogo que se espera de muita paciência para discernir fragilidades no bloco baixo adversário. Neres tem sobre si os olhos de todos que fantasiam com uma equipa ao nível que apresentou na 4.ª feira e a que esse festival se possa juntar o divertido talento do brasileiro, que na sua máxima expressão é a cereja no topo do açucarado bolo chamado Benfica 2022-23.
XI´S PROVÁVEIS
SL Benfica: Vlachodimos; Gilberto, António Silva, Otamendi e Grimaldo; Enzo e Florentino; Neres, Rafa e João Mário; Gonçalo Ramos.
Treinador: Roger Schmidt
«O Chaves já mostrou esta época que é uma equipa muito corajosa, também a atacar, e que pode fazer jogos muito bons fora de casa, não apenas pelas vitórias sobre o Sporting CP e o SC Braga».
Juventus FC: Paulo Vítor; João Correia, Nelson Monte, Steven Vitória e Euller; João Mendes, Guima e João Teixeira; Jonny Arriba, Hector Hernández e Abass
Treinador: Vítor Campelos
«Sabemos que vamos defrontar um adversário valoroso, até porque o tem demonstrado já desde o início da época. Vamos ter e encontrar grandes dificuldades, mas também estamos preparados, sabemos aquilo que temos feito e, por isso, temos de estar confiantes para o jogo que vamos fazer».
