As 5 revelações da Liga no primeiro terço da temporada

    A Primeira Liga Portuguesa arrancou a todo o gás e, 11 jornadas depois, já é possível fazer um balanço da Liga. Clubes, treinadores e jogadores são destaques todas as semanas e tornam a arte do futebol mais bonita aos olhos de quem assiste.

    Contrariamente ao que o dogma e os estigmas querem apontar, há muito futebol de qualidade nos três níveis. Há clubes com projetos bem cimentados, treinadores com ideias positivas e jogadores capazes de fascinar os adeptos.

    No leque dos jogadores, há um particular destaque: as revelações. Jogadores que iniciaram o ano longe dos holofotes, sem grandes expectativas sobre si e que, passadas duas mãos cheias de jogos, já entraram nas luzes da ribalta. Ninguém dava nada por eles e estão agora entre os principais nomes em Portugal.

    Ficam de fora desta lista nomes mais consagrados, nomes dos principais emblemas em Portugal e nomes de quem já se esperava grandes feitos. A principal nota de destaque é mesmo a enorme quantidade de jogadores que não estão nesta lista, não por falta de qualidade, mas porque é restrita a cinco jogadores.

    1.

    Rodrigo Gomes Portugal Sub-21
    Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

    Rodrigo Gomes (GD Estoril Praia): Está no limbo de ser considerado revelação. Rodrigo Gomes já era um dos principais nomes da formação do SC Braga e foi com alguma surpresa que foi dada a notícia do seu empréstimo ao Estoril Praia.

    O seu estatuto de revelação está principalmente na posição em que tem sido utilizado no Estoril Praia. Fez o percurso de formação como extremo, mas quando o clube da Linha (na altura ainda com Álvaro Pacheco no comando) passou a jogar com três centrais foi adaptado a ala.

    Não saiu mais de lá e, só não provou que dá garantias no lugar, como que será lá que construirá a carreira. Teve uma subida tão abrupta na sua jornada futebolística que está de pedra e cal na seleção sub-21 – inclusive como titular numa defesa a quatro, fazendo todo o corredor – como mereceu menção de Roberto Martínez. É difícil de perspetivar um futuro próximo na seleção principal dada a abundância e qualidade na posição, mas está a fazer para lutar pelo lugar.

    Continua a ser um jogador com um perfil claramente ofensivo, mesmo como ala ou lateral. Ameaça por fora e por dentro, é muito forte a atacar o espaço com bola em condução, mas também sem bola pela velocidade e agressividade com que se move em campo, e tem qualidade técnica no drible e na mudança de velocidade. Consegue também jogar por dentro e ataca zonas de finalização de forma natural, tendo golo nos pés. É um lateral talhado para grandes palcos e grandes equipas pelo perfil e pelo volume de função ofensiva. Defensivamente tem ainda algumas limitações, mas a agressividade que oferece aos duelos permite escondê-las ao máximo. A parceria com Rafik Guitane no corredor direito do Estoril é alegria, magia e complementaridade pura. O céu é o limite para Rodrigo Gomes que tem todas as condições para na próxima temporada regressar a Braga noutro patamar.

    2.

    Tiago Morais João Neves são duas das jovens promessas da Liga
    Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

    Tiago Morais (Boavista FC): O percurso que Rodrigo Gomes está a fazer neste ano é o mesmo que Tiago Morais fez no último. Sem espaço no plantel do Boavista, o jovem avançado foi emprestado ao Leixões SC.

    O empréstimo permitiu a Tiago Morais aumentar o nível competitivo, somar minutos nas pernas e conquistar um lugar no plantel de Petit. As limitações financeiras já bem conhecidas travaram a abordagem do Boavista no mercado e facilitaram a sua integração no plantel do Boavista, mas ao lado do sentido de oportunidade há um grande mérito que tem de ser dado ao extremo português.

    Depois de um início de sonho, o Boavista caiu. A queda – mais que expectável – dos axadrezados voltou a colocar novamente Tiago Morais algo fora do radar. Mais por culpa do coletivo, que produz menos, do que do jogador que continua a somar intervenções positivas, naturalmente em menos quantidade.

    Iniciou a Primeira Liga num nível absurdo. Parte da esquerda e tem na imprevisibilidade de movimentos a chave do seu jogo. É um destro a jogar à direita que faz das diagonais para finalizar e acionar o remate de pé trocado a sua carta de identidade e da variabilidade de movimentos a sua principal força. Consegue também ir à linha e cruzar com o pé esquerdo, tornando a tarefa do defesa adversário mais complicada. Chegar aos sub-21 foi prémio merecido para um jogador que, um nível competitivo e coletivo acima, apresentou-se a outro nível individual.

    3.

    Gonçalo Franco Moreirense vs Académico num jogo da Segunda Liga
    Fonte: Bola na Rede/ Pedro Loureiro

    Gonçalo Franco (Moreirense FC): Da Segunda Liga chegou também a equipa revelação do primeiro terço da temporada. O Moreirense chega à pausa de seleções de novembro em quinto lugar e, mais importante, com um futebol atrativo e capaz de valorizar jogadores.

    No Moreirense há quatro temporadas, Gonçalo Franco está no pico de forma demonstrado na carreira. Depois dos vários rasgos de potencial e de uma temporada na segunda divisão em que, finalmente, se cimentou como protagonista, aproveitou o regresso do emblema de Moreira de Cónegos ao convívio entre os grandes para se mostrar.

    É um jogador que, para se entender como se valorizou, é preciso perceber o contexto. Não só o Moreirense é uma equipa que procura ter bola e dominar os jogos, como tem um meio-campo complementar. Lawrence Ofori é o médio mais posicional que, sem arriscar muito, demonstra atributos na saída de bola. Alanzinho – ou Alan, como se lê nas costas nesta temporada – a referência criativa do Moreirense. E Gonçalo Franco o médio área-a-área.

    É um médio de transporte de bola que liga setores em campo e acrescenta em condução. Alia a esta vertente o critério no passe e a definição no último terço. Sem bola é o médio mais agressivo na contrapressão, recupera bolas em terrenos altos e permite ao Moreirense defender mais à frente. Por perfil, é o médio mais completo num Moreirense que junta perfis complementares, mas com uma semelhança: saberem o que fazer à bola. São o epicentro dos comandados de Rui Borges.

    4.

    Kialonda Gaspar veio da Segunda Liga como CF Estrela da Amadora
    Fonte: Cláudia Figueiredo / Bola na Rede

    Kialonda Gaspar (CF Estrela da Amadora): Da Segunda Liga chegou ainda um dos melhores centrais a atuar em Portugal. Já se percebia a sua qualidade no segundo escalão português, mas transpô-la para o principal escalão de forma tão natural não deixa de ser elogiável.

    «É valor consolidado no futebol angolano e já conquistou a titularidade na seleção nacional onde é um jogador de referência. Paralelamente à valia desportiva, tem uma postura perante a vida e a carreira profissional bastante meritória. Acredito que em breve possa estar num patamar mais elevado. Já podia ter ingressado num clube com patamar superior, mas preferiu esta época continuar no Estrela para uma época que pode ser de afirmação na Primeira Liga e que lhe abrirá outras portas», disse em julho em exclusivo ao Bola na Rede, Pedro Soares Gonçalves, treinador de Kialonda Gaspar na seleção angolana.

    Além da qualidade dentro de campo, as palavras do treinador de Angola evidenciam a maturidade e sobriedade na análise da carreira. Não será difícil perspetivar um futuro de Kialonda uns patamares acima do Estrela da Amadora, mas ter a consciência de procurar a estabilidade para não quebrar o crescimento revela muita consciência. Será recompensado mais tarde.

    Tem no Estrela da Amadora o contexto perfeito para evoluir. É um jogador com grande capacidade nos duelos – pelo chão e pelo ar –, na proteção da área e no controlo da profundidade. Quer a partir da direita, quer como central do meio oferece estabilidade à linha defensiva do Estrela da Amadora pela facilidade de jogar a diferentes alturas (quer num bloco alto, quer num bloco mais baixo). Ao vivo, nota-se outra característica no seu jogo: a liderança vocalizada e capacidade de orientar a linha defensiva. Com bola não sendo transcendente é cumpridor e seguro. Quando quiser dará o salto para outro patamar.

    5.

    Fonte: Filipe Oliveira/Bola na Rede

    Samuel Essende (FC Vizela): Também chegou da segunda divisão, mas desta feita da francesa. O Vizela encontrou pólvora no SM Caen e tem em Samuel Essende a principal arma esta temporada.

    Depois de perder Milutin Osmajic, encontrar um ponta de lança capaz de suprir a vaga do montenegrino era tarefa hercúlea. Não só pela capacidade individual do, na altura, jogador emprestado ao Vizela pelo Cádiz, como também pelo impacto deste na preparação estratégica que obrigava o adversário a adotar.

    Pela capacidade de ser referência num jogo mais direto e pelas ruturas a atacar o espaço deixado pelas linhas defensivas avançadas, Osmajic era autossuficiente. Samuel Essende foi escolha criteriosa e tem características semelhantes que permitem ao Vizela ter uma ameaça constante perto da baliza adversária.

    Permite ao Vizela variar o seu jogo. Oferece-se em apoio, dando sequência às jogadas e enquadrando os médios de frente, e ganha bolas pelo ar, num jogo mais direto que pretende chegar de forma mais rápida ao último terço. Procura posicionar-se em frente dos defesas e atacar as costas do lateral em movimentos de rutura para procurar o espaço. Dentro de área, prefere o ângulo cego nas costas do defesa para atacar a bola sem oposição. É camaleónico nos movimentos e nos posicionamentos, dando alternativas ao jogo do Vizela. Embora ainda falhe tecnicamente em alguns momentos, possui argumentos técnicos no remate. Saber abordar o mercado pode ser chave no sucesso da temporada vizelense na Primeira Liga.

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