«Com 39 anos pareço o pai deles todos e penso se o “velhinho” ainda devia continuar aqui» – Entrevista BnR com Mário Sérgio

    Mário Sérgio é, com muito orgulho, natural da cidade de Lordelo, Paredes. Foi em Paços de Ferreira, a poucos quilómetros de casa, que deu os primeiros passos no mundo do futebol, chegando mesmo à Primeira Liga pela equipa principal. Passou pelo Sporting, jogou ao lado de Cristiano Ronaldo em Atenas e até teve de parar Messi, Neymar e Suarez na Champions League. Hoje, com 39 anos, continua aqui para as curvas, defende as cores do FC Felgueiras 1932 e enquanto o corpo deixar pretende continuar a desfrutar desta profissão que tanto lhe deu.

    «Não ia ter as oportunidades que queria no Sporting CP e acabamos a rescindir por mútuo acordo»

    Bola na Rede: Boa tarde, Mário! Antes de mais obrigado por teres aceite o nosso convite. Vamos tornar isto uma conversa normal entre dois apaixonados pelo futebol, utilizando a tua carreira como fio condutor. Como é tradicional começamos pelo início. Como foi a tua entrada no mundo do futebol?

    Mário Sérgio: Boa tarde! Por mim tudo bem, vamos a isso. Então, eu entro cedo no mundo do futebol, tinha oito anos quando comecei a jogar no Paços de Ferreira, sou de Lordelo e fiz a minha formação toda no Paços.

    Bola na Rede: Com que idade te estreias pela equipa principal?

    Mário Sérgio: Estreei-me com 18 anos, estava no meu segundo ano de júnior quando fui chamado para equipa principal. Isto acontece no ano em que subimos à Primeira Liga. Começo a carreira em grande, subi pelos juniores e pelos séniores.

    Bola na Rede: Preferencialmente a defesa direito, mas também jogavas a defesa esquerdo?

    Mário Sérgio: Sim é verdade, mas para ser sincero não gosto muito de jogar a lateral esquerdo. Óbvio que se for preciso jogar nessa posição cumpro o meu papel sem problema nenhum, mas a minha preferência recai sob a ala direita. Nas camadas jovens joguei muitas vezes a médio, comecei a lateral direito no segundo ano de juvenil porque tínhamos muitas baixas no plantel. A partir daí viram que tinha potencial e ficou.

    Bola na Rede: Três épocas na capital do móvel e chamas a atenção de um grande, o Sporting, como surge esta oportunidade?

    Mário Sérgio: Acho que todos os jovens quando iniciam a sua carreira profissional ambicionam um dia poder jogar por um “grande”. Eu trabalhei muito para poder ter essa “sorte”, porque acho que é uma coisa que temos de procurar e trabalhar, não cai nada do céu. Fiquei muito contente quando aconteceu porque temos a oportunidade de jogar noutros palcos, como a Liga Europa e a Liga dos Campeões.

    Bola na Rede: Apanhas um balneário recheado de craques, como João Vieira Pinto, Ricardo, Rui Jorge…

    Mário Sérgio: Sim é verdade, na altura apanhei um bom plantel. Tinha o Paulo Bento, o Sá Pinto, o Liedson, o Beto… Todos grandes nomes e com grandes carreiras que representaram a nossa Seleção Nacional.

    Fonte: FPF

    Bola na Rede: O ano de 2004 foi um dos melhores anos da tua carreira. Assinas pelo Sporting, vais ao Europeu de Sub-21 e és chamado à seleção olímpica portuguesa que vai a Atenas.

    Mário Sérgio: Foi um ano muito bom, estava a começar a minha carreira profissional da melhor maneira. Tanto nos sub-21 como nos jogos olímpicos tínhamos uma grande seleção, com Cristiano Ronaldo, Raul Meireles, Bruno Alves, Bosingwa, e a prova é que todos eles acabaram por fazer grandes carreiras.

    Bola na Rede: Como foi representar o nosso país no europeu sub-21?

    Mário Sérgio: Comecei a representar a seleção desde os Sub-20 treinado pelo Agostinho Oliveira e depois subi aos Sub-21 com o mister José Romão e fomos, salvo erro, à Alemanha disputar o Europeu. Ganhamos à anfitriã, que tinha estrelas como Schweinesteiger e Podolski e acabamos por ficar em terceiro lugar, o que nos permitiu estar presentes nos Jogos Olímpicos de Atenas.

    Bola na Rede: Fala-nos dessa experiência em Atenas, outra vez pela mão do mister José Romão.

    Mário Sérgio: É daquelas experiências que qualquer jogador gosta de ter no currículo, foi pena não conseguirmos ter um melhor desempenho na prova. Éramos um grupo jovem mas com talento e alguma experiência, porque podia-se chamar três jogadores mais velhos e se a memória não me falha, veio o Frechaut, o Fernando Meira e o Luís Boa Morte…

    Bola na Rede: Jogas com o Cristiano Ronaldo…

    Mário Sérgio: Sim, mas não foi a primeira vez. Quando assinei pelo Sporting ele ainda lá estava e fez a pré-época connosco. Depois fizemos o jogo de inauguração do estádio contra o Manchester United e foi quando eles o contrataram. Não é preciso dizer que era e é um jogador de grande qualidade, pela sua carreira acho que está à vista de todos. Assim como ele também apanhei o Quaresma, outro jogador que a carreira fala por si.

    Bola na Rede: Faltou a seleção principal?

    Mário Sérgio: Faltou jogar, porque cheguei a ser chamado (risos). Foi num jogo amigável no antigo estádio do Braga contra a Escócia. Trabalhei com eles, conheci o ambiente e só foi pena não ter entrado se não tinha somado uma internacionalização A. Mas pronto, o futebol é assim.

    Bola na Rede: Depois de dois anos de leão ao peito surge empréstimo para o Vitória de Guimarães?

    Mário Sérgio: Estive dois anos no Sporting, no primeiro ainda joguei, mas no segundo fui perdendo espaço. Como o meu foco sempre foi jogar com regularidade aceitei a oportunidade de representar o Vitória. Infelizmente esse ano acabou por não correr bem a nível coletivo, mesmo com uma boa equipa, descemos de divisão.

    Bola na Rede: No fim da época a Naval resgata-te a título definitivo ao Sporting, sentiste que não ias jogar em Alvalade tanto quanto querias?

    Mário Sérgio: Em conversa com os dirigentes percebi que não ia ter as oportunidades que queria e como ainda tinha mais um ano de contrato com o Sporting acabamos a rescindir por mútuo acordo. A Naval demonstrou interesse, tinha um bom projeto e contratou-me a custo zero.

    Bola na Rede: Alguma vez pensaste que essa decisão era um retrocesso na tua carreira?

    Mário Sérgio: Não vou mentir, claro que me passou pela cabeça, são equipas completamente diferentes e que lutam por objetivos distintos. Contudo, acabaram por ser dois anos muito importantes na minha carreira, precisava de jogar com regularidade, de me sentir útil e lá encontrei tudo isso.

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    Flávio Fernandes
    Flávio Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    Licenciado em Ciências da Comunicação, o Flávio sempre foi um amante do desporto e um fanático pelo futebol. Com uma passagem pelos quadros de formação do FC Felgueiras 1932, preferiu pendurar as botas mais cedo e ir em busca da sua formação académica. Acompanha assiduamente o futebol internacional e não falha um único jogo do seu grande FC Porto.