Marta de chuteira preta
Se as razões do protesto de Hegerberg eram algo turvas, as razões para os de Marta são bastante claras. E, aliás, estão à vista de todos. Se já viu algum jogo do Brasil neste Mundial, terá reparado certamente no talento do seu número 10, que já foi sete vezes nomeada Bola de Ouro. Talvez até tenha reparado num detalhe curioso: esta número 10 joga com chuteiras totalmente pretas, sem qualquer patrocínio de uma marca desportiva. Se olhar com atenção, pode ver um bandeira rosa e azul nestas chuteiras.
Essa bandeira representa a igualdade de géneros, e é por ela que Marta está a protestar. Com o seu antigo patrocínio a expirar no ano passado, a brasileira recusa-se a assinar um novo contrato, afirmando que as quantias oferecidas às atletas femininas são inferiores às que se oferecem aos homens. Assim, pintou as chuteiras de preto – um processo que não é de todo invulgar (os jogadores fazem-no se, por exemplo, estiverem a discutir um novo contrato com outro patrocinador) – e desenhou nelas a tal bandeira, para onde apontou após marcar o primeiro golo da derrota do Brasil frente à Austrália (3-2).
Com ou sem patrocinador, a verdade é que Marta já fez história neste Mundial. Com golos nas cinco últimas competições, a brasileira é agora a melhor marcadora de sempre em Mundiais, ultrapassando o alemão Miroslav Klose (16 golos). Apesar dos seus 17 tentos, falta-lhe ainda a medalha de vencedora, o troféu que serviria para coroar a carreira de uma jogadora que tanto fez pelo futebol feminino.