Tu, outra vez? | FC Porto x Vitória SC

Primeira Liga, 28.ª jornada: domingo, 7 de abril de 2024, 20h30.

A ANTEVISÃO: DEPOIS DA TAÇA, O CAMPEONATO – E MAIS UM CONFRONTO DENTRO DUMA SEMANA

Depois dum confronto anticlimático no Dom Afonso Henriques, onde o FC Porto conseguiu sempre antecipar-se aos truques caseiros e, por isso, transformar o habitual reboliço em… ligeiro treino, a ritmo lento na maioria das vezes, a batalha deve agora acontecer de acordo com a maioria das previsões.

Em Guimarães, os portistas chegaram-se ao balcão da recepção, não para pedirem informações, mas para transmitir ao que vinham. E impuseram-se naturalmente, fruto da apetência fora-de-série do seu treinador para os jogos de xadrez dos duelos a valer. Aliás, Sérgio sublinhou essa sua qualidade na antevisão – «Não nos podemos esquecer do que o Vitória fez diante das equipas que estão à nossa frente» – , ele que fez melhor figura que Águias (que empataram) e Leões (que perderam), vencendo pela segunda vez no Castelo esta época. E se lá assim foi, no Dragão espera-se outro tipo de domínio, mais agressivo, muitas vezes em organização ofensiva.

Se, na 5.ª feira, o FC Porto não conseguiu contar com Diogo Costa e Francisco Conceição pelas peripécias da Amoreira, estarão à sua disposição em troca com Otávio e Evanilson, a fermentar na contagem de amarelos; a ausência do avançado brasileiro abre espaço à grande discussão em redor do jogo – quem será o ‘9’ portista?

Taremi, encostado às boxes desde a assinatura com o Inter de Milão? «Ele focado esteve sempre. O Taremi quando não foi convocado por opção técnica, foi porque não estava tão bem em termos físicos na preparação dos jogos. Por isso é que não foi convocado e foram convocados outros jogadores, mas ele está focado, porque quer muito jogar e dar o seu contributo à equipa, como todos os elementos do grupo. Se ele estiver bem, claramente será convocado»…  e quem fala assim, permite que se entenda uma prioridade aos nomes Danny Namaso ou Toni Martínez. O essencial serão os três pontos para conseguir aproveitar os deslizes de Sporting de Braga – descolando para cinco pontos no terceiro posto – e Benfica, mantendo lúcido o sonho Champions.

Do outro lado, a imperial questão do estágio: o erro de Bruno Varela, que deu origem ao golo de Pepê, deve justificar o banco de suplentes? Responde prontamente Álvaro Pacheco, desvalorizando o chorrilho de críticas com a lealdade própria dum astuto líder, que polvilha serenidade a gosto. «É normal que esses pormenores aconteçam, mas não duvidamos das nossas capacidades. Ele está ciente da sua mais-valia e da sua importância. Eu não ligo nada a isso e sei que o Bruno sabe lidar com o erro», não sem ao mesmo tempo, prolongar o suspense quanto à escolha inicial. «A mim os dois (Charles e Varela) deixam-me garantias. Dois excelentes guarda-redes. Eles já sabem que vai jogar, mas não vou dar essa benesse ao Sérgio Conceição».

De resto, todos prontos para vingar a derrota, assumir a 4.ª posição em igualdade pontual com os rivais minhotos e preparar desde já a melhor abordagem para virar a eliminatória de Taça – têm dez dias para encontrar o antídoto para a matreirice de Conceição.

O árbitro é Fábio Veríssimo.

10 DADOS RÁPIDOS

1. São já 179 confrontos entre Vimaranenses e Portistas, com a balança a pender para o lado azul, com 118 vitórias contra 24 – e destas 24, só quatro (4) foram nas Antas ou no Dragão!
2. Porque no Porto, mandam os da casa, com 66 vitórias em 84 jogos e… 235 golos marcados contra 65 sofridos.
3. As quatro vitórias dos de Guimarães: dois 1-2 seguidos, em 71-72 e 72-73; e dois 2-3, um em 95-96 e outro em 2018-19, já Conceição era o treinador portista.
4. Se olharmos aos últimos 20 confrontos entre as equipas, a mesma tendência – o FC Porto ganhou 17 e só perdeu dois: o tal em 2018-19 e outro 2015-16, no Castelo, por 1-0.
5. Sérgio Conceição gosta de defrontar o Vitória, que não haja dúvidas. 15 vitórias em 23 jogos e apenas quatro derrotas – uma em cada clube português que orientou, além dos vimaranenses (Olhanense, Académica, Braga e FC Porto). 
6. Já Álvaro Pacheco ainda não encontrou a receita certa – são seis derrotas em seis jogos, quatro pelo Vizela e as duas desta época.
7. Mas a equipa subiu e muito de rendimento sob a sua alçada, indo agora nas quatro vitórias consecutivas no Campeonato. É a melhor fase da época.
8. Figuras influentes desta fase? Bruno Gaspar, que vai com duas assistências nos três últimos duelos, e Jota, com quatro golos nas últimas cinco jornadas.
9. Nos mais utilizados, temos Jorge Fernandes (com 2671 minutos) muito perto de Jota Silva (2799’); A segui-los vêm Händel (2564’) e Tomás Ribeiro (2393’).
10. Fábio Veríssimo entrega sortes diferentes aos dois clubes: o FC Porto só perdeu quatro de 31 jogos apitados por ele, enquanto o Vitória não ganhou 12 de 28 (cinco empates e sete derrotas).

JOGADORES A TER EM CONTA

Nico González – Como brilha o galego, agora que finalmente se adaptou aos parâmetros idealizados por Conceição. É vê-lo revigorado, transformado num oito todo o terreno, acrescentando à subtileza natural a famosíssima raça portista. O talento permite-lhe coordenar qualquer intenção de investida colectiva como nenhum outro no plantel – e a visão panorâmica aprendeu agora a empregá-la no momento defensivo, controlando o ímpeto adversário pelo poder da adivinhação, complemento perfeito para um Varela de betão. 

Tiago Silva – Portentosa exibição no Castelo e o único a remar contra a maré de apatia que varreu os vimaranenses – Tiago tentou ser líder pelo exemplo, assumiu todas as tarefas sem mostrar desdém pela acumulação de responsabilidades: sacrificou-se pela causa, ingloriamente. No Dragão, caso queiram os colegas imitá-lo, será suficiente para sair de lá com pontos – e mostrar que ainda é possível chegar ao Jamor, apesar do obstáculo ser quase intransponível: nunca o Vitória se desenvencilhou em casa do FC Porto por dois ou mais golos…

XI´s PROVÁVEIS

FC Porto: Diogo Costa; João Mário, Fábio Cardoso, Pepe e Wendell; Nico González e Varela; Gonçalo Borges, Francisco Conceição e Galeno; Namaso

Treinador: Sérgio Conceição

«Não foi mais fácil, nem mais difícil, foi trabalho normal, habitual, na preparação para este jogo. Independentemente de serem as mesmas equipas em jogos seguidos, não há vantagens, nem desvantagens. Os jogos são todos diferentes, dependem da nossa postura no mesmo».

Vitória SC: Charles; Jorge Fernandes, Borevkovic e Tomás Ribeiro; Bruno Gaspar, Händel, Tiago Silva e Mangas; João Mendes; Jota Silva e Nélson Oliveira

Treinador: Álvaro Pacheco

«Todas as equipas passam dificuldades no Estádio do Dragão. Para este jogo, temos de ser capazes de contrariar isso, principalmente quando tivermos bola. Temos de saber posicionar-nos melhor nas transições ofensivas do adversário e sermos mais acutilantes, definir e finalizar melhor».

PREVISÃO DE RESULTADO: FC Porto 2-0 Vitória SC