Belenenses SAD 1-4 FC Porto: Os opostos também se afastam

    A CRÓNICA: ADIE-SE O CASAMENTO

    Portugal e Nova Zelândia estão a 19 mil quilómetros, um dia e meio de viagem, uma receita de francesinha e outra de pastéis de Belém de distância. Em semelhante oposição, à escala do futebol português, posicionam-se o FC Porto, líder, e o Belenenses SAD, último classificado. A distância entre os antípodas da Primeira Liga media-se em 36 pontos à entrada para o jogo.

    Mesmo com noção de que o azul de ambos os conjuntos brilha em tons diferentes do esquema cromático, Franclim Carvalho, treinador dos da casa, tinha já marcado o casamento do Belenenses SAD com a manutenção para maio. As cerimónias referentes às juras matrimoniais exigem adequada preparação. Camará respondeu afirmativamente a um canto cobrado por Calila. Era o primeiro passo para deixar já tratado pelo menos o pedido de noivado.

    No entanto, Yaya foi agressivo demais numa relação que nunca se quer violenta. Viu o segundo amarelo e foi expulso. Evanilson resolveu definitivamente as lamechices à bruta. A bola sobrou para o brasileiro que igualou o resultado logo no lance seguinte ao cartão vermelho com o VAR a dar parecer positivo.

    Os dragões, com Vítor Bruno a fazer as vezes de Sérgio Conceição no banco, iam chamando a si as atenções. As ocasiões sucediam-se e as redes ainda abanaram por um par de vezes, mas o VAR impediu que o segundo golo portista subisse ao marcador.

    A inevitabilidade não se compromete nunca com o hipotético. Na primeira vez que tocou na bola, Francisco Conceição tricotou a malha à defesa e deixou para Evanilson bisar após um belo trabalho de pés em espaço reduzido.

    Taremi entrou para fazer dupla com Evanilson na frente e seguiu o exemplo do parceiro, colocando também ele o nome na lista de marcadores. Parte da culpa foi do passe de Fábio Vieira que mais parecia um concentrado de açúcar.

    Luis não esteve nos seus Díaz. Apesar de ter conquistado um penálti a Calila, não foi capaz de dar o exemplo aos meninos João Mendes e Gonçalo Borges que já se encontravam na linha de substituição para fazerem a estreia com a camisola portista no campeonato.

    Evanilson completou o hat-trick com a cabeça. O serviço de bandeja, desta vez na cobrança de um canto, voltou a ser de Fábio Vieira.

    O FC Porto respondeu com este 4-1 à vitória do Sporting CP e mantém-se como líder isolado. O Belenenses SAD é mais último e arrisca-se a ter que adiar o casamento.

    A FIGURA

    Fábio Vieira – mudou várias vezes de casa de partida, mas a magia foi sempre ter com ele. Três assistências, imaginação sem fim para desequilibrar através do passe e perspicácia no entendimento dos locais onde devia pedir a bola. Fica fácil para os homens da frente marcarem quando há esta qualidade a servi-los.

    O FORA DE JOGO

    Yaya Sithole não perdeu tempo em levar o primeiro amarelo logo aos quatro minutos. Nem o peso da primeira admoestação o impediu de voar descuidadamente contra Fábio Vieira. Tudo somado, deixou a equipa com dez ainda na primeira parte.

    ANÁLISE TÁTICA – BELENENSES SAD

    O Belenenses SAD arriscou uma situação de pressão média/alta para condicionar a saída de jogo do FC Porto. Yaya e Cafú foram importantes para trancaram o meio-campo, nomeadamente no que ao condicionamento das ações de Vitinha diz respeito.

    Do 4-2-3-1, salientar ainda o papel de Afonso Sousa como terceiro médio mais liberto. Pedro Nuno, só na frente, segurou variadas vezes a bola para tentar que a equipa transitasse ofensivamente.

    Curiosamente, do lado esquerdo defensivo do Belenenses SAD, onde o FC Porto se encontrava mais fragilizado pelas ausências, foi onde Franclim Carvalho colocou dois homens de características marcadamente defensivas, Chima e Nilton.

    Após o golo marcado, por opção, recuaram o bloco. O recuo hipotecou mais chegadas à frente.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Luiz Felipe (7)

    Diogo Calila (4)

    Yohan Tavares (5)

    Tomás Ribeiro (5)

    Chima Akas (5)

    Nilton Varela (6)

    Yaya Sithole (4)

    Cafú Phete (5)

    Afonso Sousa (5)

    Abel Camará (5)

    Pedro Nuno (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Alisson Safira (4)

    Danny Henriques (4)

    Andrija Lukovic (-)

    ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO

    Na ausência de Otávio, Vítor Bruno acabou por dar uma identidade tática diferente do costume à equipa. Fábio Vieira entrou no 4-2-3‑1 do FC Porto para jogar nas costas do ponta de lança Evanilson. Coube ao 50 dos azuis e brancos o papel de criação no último terço sempre metendo olho na oportunidade de fazer o último passe.

    Bruno Costa apareceu adaptado a lateral-direito. Em virtude das limitações ofensivas do habitualmente médio, Pepê caiu no flanco direito, jogando mais em largura do que aquilo que Otávio costuma fazer.

    No meio-campo, Vitinha assumiu o papel de construtor de jogo, enquanto Uribe organizou as marcações e estabeleceu os momentos de pressão. O colombiano focou também as suas atenções no auxílio ao pouco rotinado Bruno Costa, o que também justifica a sua menor participação no jogo com bola.

    Ainda na primeira parte, a saída de Bruno Costa fez Pepê recuar. Fábio Vieira passava a ser, com as peças paradas, extremo direito. Quando o xadrez mexia, passava a coabitar com Vitinha e Uribe no centro.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Diogo Costa (5)

    Bruno Costa (4)

    Fábio Cardoso (6)

    Mbemba (6)

    Wendell (5)

    Matheus Uribe (5)

    Vitinha (5)

    Pepê (6)

    Luis Díaz (4)

    Fábio Vieira (8)

    Evanilson (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Mehdi Taremi (6)

    Francisco Conceição (7)

    Marko Grujic (-)

    João Mendes (-)

    Gonçalo Borges (-)

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    BELENENSES SAD

    Bola na Rede: Colocou o Chima e o Nilton, que são dois jogadores com características mais defensivas, no corredor esquerdo. Por que é que o quis fazer, tendo em conta que o lado direito ofensivo do FC Porto estaria à partida mais fragilizado?

    Franclim Carvalho: Vou assumir: pensei que ia jogar o Pepê de início a lateral-direito. O Nilton ia trabalhar algumas vezes numa linha de cinco, com o Chima a fechar. Tanto o Chima como o Nilton têm o conforto de já terem jogado com uma linha de cinco muito tempo. Percebem o momento do jogo, percebem o momento de saltar. Preparámos o jogo assim. Com o Bruno Costa a lateral, nós estávamos avisados de que podia acontecer. Estávamos avisados que o Bruno podia ser uma das minhas alternativas. O comportamento era o mesmo, mas o Bruno ia dar menos saída por fora. Com bola, íamos ter o mesmo comportamento, quer fosse o Bruno, o Pepê ou outro qualquer.

    FC PORTO

    Vítor Bruno não compareceu à conferência de imprensa.

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.