Numa rubrica que se destina a enaltecer e realçar o talento e o percurso dos jovens da formação do FC Porto optamos, esta semana, por destacar Rui Pires. Trata-se de um médio defensivo de enorme qualidade que alinha, atualmente, na equipa B dos dragões e que é o capitão da Seleção Nacional na categoria de sub-20.
Nascido em Mirandela, a 22 de março de 1998, Rui Pires acaba de completar 20 anos de idade. Depois de um percurso na formação dedicado, exclusivamente, ao FC Porto, este jogador atingiu no começo deste ano desportivo idade de sénior tendo, desta forma, transitado em definitivo para a equipa B do clube onde, de resto, já se havia estreado ainda com idade de júnior na temporada transata. Aliado a um percurso consistente na cantera azul e branca, conta, igualmente, com uma caminhada a ter em conta nos mais variados escalões da Seleção Nacional, desde os sub-17 até aos sub-20.
Rui joga preferencialmente no vértice mais recuado de um triângulo de meio-campo (onde acredito firmemente render mais e explorar da melhor forma as suas capacidades) mas pode, igualmente, jogar mais adiantado ou até ser um médio de distribuição num esquema de 4x4x2 com apenas dois jogadores na zona central do meio-campo, como tem vindo a ser hábito na equipa principal do FC Porto liderada por Sérgio Conceição. Se me é permitido um exagero, vejo muitas vezes em Rui Pires caraterísticas muito semelhantes às de Sérgio Busquets, que alinha no todo-poderoso FC Barcelona. Sendo certo que estamos a falar do melhor médio defensivo do mundo e, talvez, do século (na minha opinião), vejo Rui Pires como um jogador à sua imagem (no que ao estilo de jogo diz respeito). Dotado de uma técnica invulgar para a posição que ocupa, possui uma visão de jogo e qualidade de passe assinalável para a idade que tem. Depois, não sendo alto nem propriamente robusto (1,82m), faz-se valer do seu excelente posicionamento para impor a sua lei. Muito mais do que um “trinco” portentoso fisicamente, é um jogador de fino recorte técnico e notável na ocupação dos espaços e na saída de bola.
No entanto, apesar de todas as qualidades e potencial que lhe reconheço tem, ainda, um longo caminho pela frente para se tornar num jogador de eleição e para poder disputar um lugar na equipa principal. Comete, ainda e naturalmente, erros capitais (tendo em conta a zona do terreno onde atua) e próprios da idade. Tanto no que toca à intensidade de jogo como, talvez, ao excesso de confiança em zonas proibidas, há muito trabalho a desenvolver com um jovem que, reduzindo milésimas de segundo à sua tomada de decisão e aumentando, um tanto ou quanto, o nível físico do seu jogo, pode vir a ser um caso sério no futebol nacional. Está na idade de dar o salto definitivo e deverá, como primeira oportunidade, fazer a próxima pré-época junto dos pesos pesados do plantel principal.
Em suma, espera-se que à imagem do que aconteceu com Rúben Neves (um jogador da formação do clube com caraterísticas muito similares), sejam dadas oportunidades para que Rui Pires possa demonstrar todo o seu potencial e que lhe seja conferido o devido tempo e espaço para errar e aprimorar o seu futebol. Espera-se, ainda assim, que o desfecho seja diferente e que as dificuldades financeiras do clube não atirem este talento para a porta de saída antes de tempo.
Foto de Capa: FC Porto
artigo revisto por: Ana Ferreira