«Faltam mais líderes e referências no FC Porto» – Entrevista BnR com Aloísio

    – O título merecedor dos dragões nesta época e o que ainda está por vir –

    “O Porto foi campeão com mérito, mas as lideranças e as referências são sempre importantes”

    BnR: É um sonho orientar a equipa principal dos dragões?

    A: (risos) Acho que se eu estivesse no ativo já há algum tempo, se eu tivesse dado continuidade à carreira quando vim embora para o Brasil, hoje estaria treinando numa equipa na liga em Portugal ou estaria em outro país. Isso tenho a certeza. Não vou dizer que não seria um sonho, mas eu não estando no ativo, não estando a treinar, isso seria utópico. Todo o treinador ou todo o ex-atleta gostaria de poder treinar o clube que jogou. Com certeza que seria uma grande honra para mim, mas neste momento não posso dizer “Eu quero treinar o Porto”, eu quero voltar ao ativo sim, mas tenho de ter essa humildade. Não só eu, mas acho que todo o grande treinador tem como meta treinar o FC Porto.

    BnR: Ainda acompanhas o futebol português?

    A: Sim, vejo aqui os jogos e também estou sempre nas plataformas de informações seguindo o FC Porto.

    BnR: O que é que achaste do campeonato deste ano?

    A: O campeonato foi um bocadinho atípico a nível de qualidade. Não houve assim uma equipa que conseguisse ter uma regularidade na qualidade e no nível do jogo. Acho que o FC Porto foi o campeão merecedor, mesmo em alguns momentos não estando no seu melhor nível, mas também acontece. O Sporting CP jogando um futebol bem moderno com a troca de treinador e com jogadores jovens, mas não foi suficiente. E o SL Benfica uma equipa também bem equilibrada acabou por não conseguir manter essa regularidade. O positivo foi o destaque de equipas, que em tempos foram pequenas ou médias, e se conseguiram consolidar. No caso do Famalicão foi uma excelente surpresa, com uma empresa que trouxe jogadores com qualidades que conseguem fazer frente aos grandes. Destaque também para outras equipas, mas particularmente o Famalicão acho que foi uma excelente surpresa. Oxalá que possam aparecer mais equipas assim com essa estrutura para que possam jogar de igual para igual com as equipas grandes.

    BnR: O que esperas para a próxima temporada do campeonato com Jorge Jesus no Benfica? Achas que vai ser mais complicado para os dragões?

    A: Acho que sim. Vai ter o regresso do Jesus e já sabemos como ele trabalha. Ele é um treinador ambicioso que com certeza vai querer se campeão nacional, ganhar a taça e estar envolvido também nas competições europeias. O grande objetivo dele é esse. Vai com certeza trazer jogadores que ele conhece e fazer uma equipa suficientemente competitiva para lutar pelo título nacional. Vai ser bom porque traz um novo alento ao futebol, até pela forma dele ser. Teve sucesso no Brasil, ele no Flamengo ganhou tudo. É um grande treinador, que vai acrescentar ao futebol português, neste caso ao SL Benfica.

    Fonte: FC Porto

    BnR: Achas que nos dias de hoje a mística perdeu-se ou que falta um líder de balneário no FC Porto? Achas que a tal “tocha Olímpica” de que falamos, já está mais apagada?

    A: Na verdade no meu tempo, nesses longos anos que eu passei no clube, nós tínhamos mais do que um jogador que passavam a mística. Eram líderes, capitães, jogadores com personalidade e com o perfil do clube. Como eu falei, compravam a ideia, faziam com que os jogadores que chegassem comprassem a ideia de onde estavam, como é estar no FC Porto, como se deviam comportar dentro e fora do campo e muitas vezes não precisavam de um treinador. Não precisava de ser os treinadores, eram os capitães e nós passávamos a informação para os jogadores. Queríamos ganhar e para ganhar temos de estar unidos. Todos temos de estar no mesmo barco e era natural fazermos isso. Talvez faltem mais líderes na equipa ou algumas referências que também são importantes para que os mais jovens possam olhar e digam “Afinal temos aqui alguém que em momentos apertados nem precisa de haver o treinador ou a direção”. Eles acabam por levar essa informação no treino, na sua conduta, na sua postura. Acho que a chama não está apagada, existe a chama do Dragão. O FC Porto foi campeão com mérito, mas as lideranças e as referências são sempre importantes.

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    Nélson Mota
    Nélson Motahttp://www.bolanarede.pt
    O Nélson é estudante de Ciências da Comunicação. Jogou futebol de formação e chegou até a ter uma breve passagem pelos quadros do Futebol Clube do Porto. Foi através das longas palestras do seu pai sobre como posicionar-se dentro de campo que se interessou pela parte técnica e tática do desporto rei. Numa fase da sua vida, sonhou ser treinador de futebol e, apesar de ainda ter esse bichinho presente, a verdade é que não arriscou e preferiu focar-se no seu curso. Partilhando o gosto pelo futebol com o da escrita, tem agora a oportunidade de conciliar ambas as paixões e tentar alcançar o seu sonho de trabalhar profissionalmente como Jornalista Desportivo.