«Custou-me estar na qualificação e depois levarem o Custódio. Chamavam os jogadores do Mendes» – Entrevista BnR com Paulo Machado

– Ganhar experiência longe do Dragão –

BnR: Em 2005/2006, é a tua primeira época longe do Dragão. És tu quem pede para ser emprestado para ter mais minutos de jogo? 

PM: Não, nunca pedi nada. Aliás, fui para o Estrela da Amadora, União de Leiria e Leixões sem ter pedido para ir, foi o Porto que me mandou. E com o Leixões foi pior, soube da minha ida para lá através do jornal. Apesar disso, não guardo mágoa e nem nunca guardei, porque adoro o Porto. No Estrela, disseram “Vais para lá que precisas de jogar”. Saí do Estrela a pensar que ia voltar ao Porto, mas não, vou para o Leiria. Nem sequer tinha voto na matéria, ia para onde me mandavam.

BnR: Sendo o primeiro ano fora da zona de conforto, sentiste algumas diferenças entre o modo de viver em Lisboa e no Porto?

PM: Senti um bocado. Fui emprestado com o Bruno Vale que jogava comigo na equipa A e B, sabia que íamos morar perto um do outro, e disse “Vamos embora que isto vai correr bem”. Se calhar a melhor ajuda que tive foi estar com o Bruno. Senti muitas diferenças, porque de Lisboa para o Porto não tem nada a ver. Vivi um ano no prédio e não conheci sequer um vizinho, eles passavam e nem um “Bom dia” diziam. Em Lisboa, as pessoas são mais fechadas e desconfiadas, enquanto que aqui no Porto convivem contigo uma, duas vezes e, se gostarem, passas a ser o melhor amigo.

BnR: Uma realidade bem diferente do que estavas habituado…

PM: Como te disse, em Lisboa, uma vez estava no elevador, entra um vizinho e digo “Bom dia vizinho, então tudo bem e tal?”, não respondeu (risos). Perguntei logo “Fogo, custa alguma coisa dizer ‘Bom dia’?”. Falou que não era obrigado a falar. E eu “Pronto, está bem. Mas olhe quando voltar a vê-lo, vou sempre dizer ‘Bom dia’ na mesma, pois é a minha forma de ser”.

BnR: A simpatia e boa-disposição que te é caraterística, não é verdade?

PM: (Paulo esboça um enorme sorriso) Isso aí foi sempre o que tive, a alegria e animar o pessoal é comigo!

BnR: No Estrela, fazes os primeiros golos no campeonato. Qual foi o melhor: o lance individual contra Naval ou o livre lateral ao Benfica?

PM: Aquele lance individual contra a Naval foi dos melhores golos que marquei na minha carreira, em que arranco do meio-campo, passo por três jogadores e atiro a contar. Até me lembro que dei uma entrevista e obrigaram-me a recriar o lance sozinho em campo, só que aí não consegui marcar golo (risos).

BnR: Foi estranho ter de recriar isso sem adversários não? (Risos)

PM: Foi um pouco, ter de dizer “Fui para aqui, e depois para ali…” (risos). O golo ao Benfica também foi especial, não só por ser o Benfica, mas também porque, para mim, nesse jogo, ganhei duas vezes: primeiro, dei uma “fruta” no Petit num lance em que devia ter visto o vermelho, e depois marquei golo.

BnR: Ui…

PM: É! No lance com Petit devia ter levado vermelho e não levei, depois faço o golo de livre.

BnR: Nesse livre, vê-se bem que aproveitaste o facto do Moretto estar à espera que batesses o livre para a área.

PM: Sim. Eu tenho alguns golos assim na minha carreira de livres laterais, em que os guarda-redes estão preparados para o cruzamento e a pensar “Ora bem, ele vai mandar para a área, vou sair e agarrá-la”, só que eu vejo que vão todos fazer isso, então chuto direto à baliza, e quando eles querem ir buscar a bola, já ela está lá dentro da baliza.

BnR: O famoso efeito-surpresa…

PM: É isso mesmo. Uma das coisas que aprendi quando comecei a bater livres, e foi no Estrela da Amadora que aprendi a bater livres com um dos adjuntos do António Conceição, em que me ensinou “Tu bates bem os livres, mas muita das vezes não é tu saberes que metes ali, tens sim é de olhar para o guarda-redes, os pés dele contam muito, a forma como se posicionam.” Se tiveres isso em atenção, quando bateres a bola para um lado, o guarda-redes não vai conseguir chegar lá.

BnR: O tempo de reação por vezes não é o ideal.

PM: Não conseguem. Às vezes, eles estão posicionados só para ir para um lado e ficam com aquilo na cabeça: “Ele vai meter para ali, então vou me atirar para ali”, só que se esquecem que meto do outro lado, e foi isso que aprendi.

BnR: Leiria é a paragem seguinte na tua carreira. Gostaste da experiência na equipa do Lis?

PM: Gostei, o meu objetivo era poder jogar cada vez mais e adquirir mais experiência, e tinha sempre na mente que ia voltar um dia ao FC Porto. Vi muitos jogadores que foram emprestados, tiveram um bom ano, regressaram e conseguiram ser titulares no Porto.

BnR: Temporada 2007/08 e vais para o Leixões que estava de regresso à Primeira Liga, 18 anos depois. Que tal foi o ano em Matosinhos?

PM: Se calhar, no Leixões, foi para mim a melhor época até então. Joguei bastante, começaram a falar mais de mim, tanto que os adeptos do Leixões também foram importantes para mim. É uma massa adepta que apoia muito o clube, são muitos e vibram imenso, até cheguei a ter uma música com o meu nome. Parecendo que não, começou-se a falar muito mais no nosso país e isso fez a diferença, tanto que, quando os diretores do Porto me dizem que iria fazer a pré-época no ano seguinte, aparece o Saint-Étienne.

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Guilherme Costa
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O Guilherme é licenciado em Gestão. É um amante de qualquer modalidade desportiva, embora seja o futebol que o faz vibrar mais intensamente. Gosta bastante de rir e de fazer rir as pessoas que o rodeiam, daí acompanhar com bastante regularidade tudo o que envolve o humor.                                                                                                                                                 O Guilherme escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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