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«Custou-me estar na qualificação e depois levarem o Custódio. Chamavam os jogadores do Mendes» – Entrevista BnR com Paulo Machado

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– Regresso a Portugal e Viagem até à Índia –

BnR: Em 2017/18, acabas por regressar a Portugal e assinas pelo Desportivo das Aves. O que esteve na origem para o retorno ao nosso campeonato?

PM: O que motivou o regresso foi a entrada do meu filho mais velho, que ia começar o primeiro ano na escola, e achei que era importante estar ao pé da família. Até cheguei a receber a proposta de renovação do Dínamo e recusei, porque queria estar em Portugal. Acabou por aparecer o Desportivo das Aves e aceitei o desafio.

BnR: Sendo que tiveste dez épocas consecutivas fora do país, na tua opinião, o Futebol português sofreu melhorias em termos de ritmo de jogo?

PM: Claramente senti algumas diferenças, tinha de estar bem fisicamente, pois agora os miúdos começam a estar bem e senti alguma dificuldade ao princípio. Não estava à espera, cheguei ali ao Aves, a maioria achava que ia chegar lá um jogador que, por ter jogado em tantos sítios e tido uma carreira boa, pensa que é o maior, mas não. Eu sou mais simples possível, comecei a conquistar o pessoal, acabei por ir jogando e correu-me bem. Mas confesso que não estava preparado para regressar, pois a mentalidade portuguesa ainda está fechada, um bocado “arcanha”.

BnR: Em que sentido?

PM: Jogas num clube e vais ver a equipa do teu coração, as pessoas vão dizer “És um vendido”. Cheguei na altura em que qualquer coisa te vendias.

BnR: O lado mais polémico infelizmente…

PM: As ditas polémicas, tanto que dizia que Portugal estava mesmo… Estava não, está no limite. Qualquer coisa é a conversa do “Vendido”. Mas agora ninguém pode errar? Se fores a ver, quando se falam nessas histórias, é sempre os clubes grandes, as outras equipas não se ouve nada.

BnR: Os Três Grandes acabam por estar no topo das polémicas

PM: Nem são os Três Grandes, é só o Porto e o Benfica, o Sporting quase nem conta. Como joguei no Porto, ninguém fala que o meu melhor jogo no Aves foi contra o Porto em que empatámos a um golo. Mas pronto, não se fala nisso, o mais fácil é dizer que o jogador está “vendido”.

BnR: Apesar do percurso algo sofrido na Liga em que a manutenção é alcançada apenas no final, a época terminou em grande com a conquista da Taça de Portugal. Que memórias guardas do dia 20 de maio de 2018?

PM: Essa conquista foi esplêndida. Nós começamos a acreditar em vencer a Taça quando batemos o Caldas, em que estávamos a ver a situação bem complicada. É por isso que a Taça é especial, pois quando jogas com os clubes pequenos que dão a vida, jogam com tudo, e digo que mesmo que passamos “à rasca”. Depois de acabar o prolongamento, a equipa disse toda “Passámos isto, nós vamos ganhar na Final” e isso fez-nos acreditar. Aconteceu aquilo que todos sabemos ao Sporting, mas tínhamos em mente que íamos ganhar a Taça.

BnR: Desvalorizou-se o triunfo do Aves devido ao que aconteceu com o Sporting, na tua opinião?

PM: Sim, senti isso, mas é como eu digo: daqui a 10, 20 anos, o que se vão lembrar é da conquista do clube e fico feliz por ter ficado na história do Aves.

BnR: No final do jogo, optaste por fazer algo que espelha bem a tua boa-disposição não foi?

PM: Decidi colocar a música do Quim Barreiros para animar o pessoal. O que é que toda a gente faz normalmente? Vai logo para as entrevistas quando ganham a Taça falar com os jornalistas. Eu cheguei à zona mista, e disse “Hoje sou eu que vos vou dar música”, liguei a coluna e comecei a cantar. Acharam todos piada. (risos) A festa continuou no autocarro, tanto que não deixei ninguém dormir, pois ia fazer a festa com a coluna e microfone, o que é normal, pois logo no ano em que regresso a Portugal, consigo ganhar a Taça, foi uma alegria enorme.

BnR: De seguida, decides encarnar o navegador Vasco da Gama e partes à descoberta da Índia. Aceitaste o desafio do Mumbai City sem pensar duas vezes?

PM: Não, até porque a primeira proposta que recebi nem foi do Mumbai, mas sim do NorthEast, outra equipa indiana. Fiquei a pensar imenso “vou, não vou”, admito que nem queria muito ir, pois não sabia como era a Índia, só sabia que tinha muita população, pobreza, poluição, e disse “O que vou fazer para lá?”. Refleti imenso se ia ou não, o mister Jorge Costa acabou por assinar com o Mumbai, falei com ele sobre a proposta que tinha recebido e disse-me para ir antes para o pronto. Acabei por assinar muito por causa do Jorge Costa.

BnR: A comida super picante foi o maior desafio que tiveste de te habituar rapidamente?

PM: Claro, foi isso e comer frango durante sete meses, parece que não há mais nada. As ementas basicamente eram “frango, frango e mais frango”. Mesmo que não queiras comer frango, comes uma omelete, é com ovos de frango (risos). Eu sou fã de boa comida e gosto de frango, mas sete meses a comer o mesmo… O problema é que não tens grande opção de escolha, ou comes ou comes.

BnR: Lá voltas a encontrar com o Jorge Costa, o mítico “Bicho”, mas agora como treinador. Tiveste mais atenção às chuteiras que usaste nos primeiros treinos?

PM: Isso já não foi um grande problema, pois o Mumbai veste de azul (risos). Comprei umas chuteiras todas brancas e outras todas azuis, mas ele também não reparou nisso. Quando viras treinador, não dás grande importância à cor das botas, já que trocas de clube, e alguns têm vermelho, e nisso ele já não era como nos tempos do Porto, já está mais tranquilo. Foi uma enorme alegria reencontrá-lo, depois de ter jogado com ele no Porto e apanhá-lo agora como treinador, foi único.

Fonte: Mumbai City

BnR: E que tal o campeonato indiano? Quais as maiores diferenças que encontraste ao nível do ritmo de jogo?

PM: Em relação ao ritmo, digo que este ano foi melhor que o primeiro ano em que fui para lá. No primeiro ano, não havia tanto ritmo, os jogadores indianos não estavam tão preparados e acho que os estrangeiros acabam por dar mais qualidade ao campeonato, e agora nota-se mais qualidade, agressividade, o ritmo já é outro e aproxima-se ao da Europa. Eles começaram-se a habituar aos jogadores estrangeiros, e ganharam mais ritmo que não notei no meu primeiro ano. É normal que os estrangeiros ajudem no aumento da competitividade.

BnR: Quais são os planos para o futuro?

PM: Eu agora ainda tenho um ano de contrato com o clube, e ainda sinto que tenho pernas para andar. Se fosse um jogador que tivesse muitas vezes lesionado, mas, graças a deus, não é caso e sinto forças para continuar.

BnR: Então ainda é cedo para pensar em “arrumar as botas”…

PM: Nem pensei nisso ainda! (risos). Eu já disse a muita gente que “Só vou pendurar as botas quando não me quiserem mais”, agora se sentir que as pessoas ainda acreditarem que posso dar algo ao Futebol, vou continuar. Falo muito com ex-jogadores que são meus amigos, e hoje eles arrependem-se de ter terminado o Futebol mais cedo. É que ser treinador não tem nada a ver com ser jogador. Enquanto puder jogar, vou jogar, e nem que vá jogar para a Segunda, Terceira ou por aí abaixo, pelo menos o Futebol não vou deixar de jogar.

Guilherme Costa
Guilherme Costahttp://www.bolanarede.pt
O Guilherme é licenciado em Gestão. É um amante de qualquer modalidade desportiva, embora seja o futebol que o faz vibrar mais intensamente. Gosta bastante de rir e de fazer rir as pessoas que o rodeiam, daí acompanhar com bastante regularidade tudo o que envolve o humor.                                                                                                                                                 O Guilherme escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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