Mehdi Taremi: Um ponta-de-lança de classe (nacional)

    Dissecadas as principais virtudes, importa, agora, enunciar as suas debilidades. Taremi não é um jogador especialmente veloz nem, tampouco, é dotado de uma capacidade de drible por aí além. É dotado de uma boa capacidade técnica (que provém da tal inteligência de jogo), mas não estamos propriamente a falar de um fantasista.

    Ainda assim, conhecemos inúmeros avançados de classe mundial que não são sobredotados nestes atributos. Portanto, aquilo que distancia Taremi da alta roda do futebol internacional e da órbita dos grandes clubes europeus é falta de eficácia. Aquilo que, por exemplo, Falcao tinha “para dar e para vender”, em Taremi é escasso.

    O iraniano é um jogador que, como já referido, apresenta números interessantes no que aos golos marcados em Portugal diz respeito, mas tal sucede porque beneficia do facto de ser o principal marcador de grandes penalidades.

    Momento do jogo em que, aliás, roça a perfeição, não só porque é um exímio marcador, mas, também, porque é um jogador mais propenso a sofrer faltas dentro de área pela forma intuitiva como utiliza o corpo no controlo e proteção da bola e pela sagacidade nos movimentos de ataque à baliza.

    Paralelamente, não é alheio à estatística goleadora do número 9 portista, o caudal ofensivo que uma equipa como o FC Porto apresenta em contexto de competições internas.

    Fonte: Isabel Silva / Bola na Rede

    Na verdade, é um jogador a quem falta o faro de golo e que falha demasiadas oportunidades claras, até para o que se exige a um ponta-de-lança de nível FC Porto. É demasiado perdulário em frente à baliza e essa é a grande fragilidade do seu jogo e aquilo que o afasta dos grandes nomes da sua posição.

    Porém, parece-me que, por mais estranho que possa parecer, a ineficácia de Mehdi Taremi acaba por ser, na perspetiva dos adeptos portistas, uma boa e uma má notícia.

    Se é verdade que já muitos cabelos ficaram em pé como consequência das suas abordagens ineficientes na finalização e que uma parte significativa da explicação do afastamento precoce do FC Porto da Liga dos Campeões passe por esses momentos decisivos em que Taremi não conseguiu converter exibições meritórias em golos, também não é mentira que é precisamente por isso, porque não estamos na presença de um finalizador nato, que é um jogador que se enquadra no futebol português e numa equipa com a dimensão (ou a capacidade financeira) do FC Porto.

    Estou em crer que, não fosse essa fraqueza, altos voos estariam destinados ao iraniano e que se encontraria, certamente, a explanar o seu futebol em equipas de outra nomeada.

    É, portanto, um ponta-de-lança que tem características de classe mundial, mas as dificuldades que apresenta no capítulo da finalização, convertem-no num avançado mais apropriado para consumo nacional.

    De certa forma, e paradoxalmente, os adeptos do FC Porto agradecem. É por isso que poderemos continuar a ver Mehdi Taremi a espalhar a sua classe (nacional) e requinte técnico pelos relvados portugueses.

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    Bernardo Lobo Xavier
    Bernardo Lobo Xavierhttp://www.bolanarede.pt
    Fervoroso adepto do futebol que é, desde o berço, a sua grande paixão. Seja no ecrã de um computador a jogar Football Manager, num sintético a jogar com amigos ou, outrora, como praticante federado ou nos fins-de-semana passados no sofá a ver a Sporttv, anda sempre de braço dado com o desporto rei. Adepto e sócio do FC Porto e presença assídua no Estádio do Dragão. Lá fora sofre, desde tenra idade, pelo FC Barcelona. Guarda, ainda, um carinho muito especial pela Académica de Coimbra, clube do seu pai e da sua terra natal. De entre outros gostos destacam-se o fantástico campeonato norte-americano de basquetebol (NBA) e o circuito mundial de ténis, desporto do qual chegou, também, a ser praticante.