Na última segunda-feira, o FC Porto deu um “murro no estômago” nas suas aspirações ao bicampeonato, após ter deixado 2 pontos em Moreira de Cónegos. Desta forma, o Sporting CP aumentou a sua vantagem para os 6 pontos, algo confirmado depois das respetivas vitórias na presente jornada, deixando a turma de Alvalade mais perto da conquista da liga portuguesa.
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— FC Porto (@FCPorto) April 26, 2021
Abstraindo este artigo de toda a confusão que se passou no pós-jogo, que é totalmente reprovável, e das questões de arbitragem, a exibição dos dragões foi insuficiente e é algo que já tem vindo a ser recorrente neste tipo de jogos. Ou seja, pode-se dizer que o árbitro errou ali e acolá, mas a verdade é que o FC Porto não fez uma partida em que se possa afirmar que o resultado é injusto, porque a produtividade ofensiva dos azuis e brancos pouco perigo conseguiu criar. Não estamos a falar aqui do domínio do desafio, da posse de bola, do número de remates, mas sim na efetividade de oportunidades de golo, da aproximação à baliza contrária.
Sérgio Conceição já vai no 4.º ano seguido no comando técnico do FC Porto e o seu sistema tático pouco ou nada variou, nos seus princípios de jogo. A maior mudança tem sido na matéria-prima à sua disposição e aí é que tem sido o grande fator de diferenciação da qualidade de jogo dos dragões de ano para ano, que tem vindo a piorar. Não está aqui em causa, a raça, o querer, o acreditar, porque é evidente que os jogadores dignam a camisola que vestem, a respeito desse capítulo. Porém, comparando, essencialmente, com o primeiro ano de Sérgio Conceição, a temporada de 2017/2018, as exibições do FC Porto tem decaído a olhos vistos e a assertividade e a firmeza das suas performances não são tão evidentes, como mostram os resultados.
As culpas podem recair todas sobre o técnico bicampeão, mas quem o fizer não está a ser justo, porque a composição de um plantel não é só da sua competência, é também da estrutura de futebol. Muitos adeptos utilizam o argumento de que os jogadores são a sua imagem, o que não é totalmente mentira, mas também não é totalmente verdade. Veja-se um exemplo, os laterais do FC Porto, na 1.º época sob a sua liderança, eram Ricardo Pereira e Alex Telles. Agora, são Manafá e Zaidu. Um dos pilares da tática dos dragões é movimentar os seus extremos para zonas interiores e assim libertar a ala, para que os seus laterais possam explorar a profundidade e tirar cruzamentos, algo que a primeira dupla era muito forte. No caso da segunda dupla, podem ter características físicas muito admiráveis, mas a técnica dos cruzamentos não são os seus fortes, pelo que retira muito da eficácia do jogo do FC Porto.
Outro fator diferenciador é no leque de avançados. Tiquinho Soares podia não ser um avançado de excelência, mas algo em que era especialista era no jogo aéreo, que vai um pouco de encontro com o ponto anterior, sendo que essa sua característica aumentava as possibilidades de o FC Porto concretizar oportunidades de golo, tanto em jogo corrido, como em bolas paradas. Atualmente, analisando mais a dupla atacante, nem Taremi nem Marega possuem competência nesse momento, pelo que é outro aspeto técnico que os portistas já não tiram tantos frutos e que antes era uma das principais ameaças da formação da invicta.
Tudo isto são conclusões que se puderam constatar da última partida, mas não só. Deste modo, após observar-se que muita coisa continua igual ao início, não se pode descurar que a qualidade do plantel tem vindo a descair e isso tem-se refletido, tanto nas exibições, como nos resultados.