Moreirense FC 2-2 CD Nacional: Pouco futebol, poucos motivos para sorrir

    A CRÓNICA: MOREIRENSE VÊ MISSÃO EUROPA MAIS LONGE, NACIONAL VÊ SEGUNDA LIGA MAIS PERTO

    Numa pouco usual quinta-feira de futebol, os primeiros protagonistas do principal escalão do futebol português subiram ao relvado do Estádio Joaquim de Almeida Freitas numa partida que colocou frente a frente Moreirense FC e CD Nacional, a contar para a 31.ª jornada do campeonato.

    Referir, primeiramente, as disparidades em termos de responsabilidade de parte a parte, principalmente pela situação complicadíssima em que o Nacional, lanterna vermelha, se encontrava. Já o Moreirense, tranquilo na primeira metade da tabela, procurava a sempre importante primeira vitória no seu reduto enquanto orientado pelo técnico Vasco Seabra.

    Os primeiros 45 minutos de jogo brindaram os adeptos com um espetáculo no limiar do aborrecido. A equipa da casa, potencialmente mais capaz de realizar um jogo de encher a vista, não traduziu a vontade de voltar a vencer para o relvado. David Simão, num momento de inspiração, viu um excelente remate da sua autoria embater com estrondo no poste, registando a principal oportunidade dos minhotos em toda a primeira parte.

    A incapacidade para superar o bloco montado por Manuel Machado foi quase similar do outro lado se olharmos para a capacidade ofensiva do emblema da Madeira. O encaixe entre as duas formações até se pode explicar pela disposição tática em campo, no entanto, a equipa do Nacional pareceu sempre ligeiramente mais perigosa, sem se livrar de alguns calafrios quando apanhada em contrapé.

    Depois de um aviso dado por Pedrão, com um golo anulado por fora-de-jogo aos 27 minutos, a equipa de Manuel Machado revelou muita vontade e pouco discernimento… mas lá resultou. Já em cima do intervalo, Filipe Soares traiu o seu guarda-redes com um desvio fatal, isto após a cobrança de livre forte por parte de João Vigário.

    Com o Nacional em vantagem, foi Vasco Seabra o primeiro a jogar as cartas que tinha na manga. Para além de moldar a equipa novamente num 4x2x3x1, o ascendente pertenceu de forma esclarecedora àqueles que tinham de correr atrás do prejuízo. Com muita posse de bola e a rondar a baliza de António Filipe, o golo acabou de chegar por intermédio de Ferraresi, na recarga de um grande livre batido por Abdoulaye, à passagem dos 62 minutos.

    O golo que até parecia ter galvanizado a equipa foi sol de pouca dura. Voltou a monotonia, os duelos, a agressividade e poucos pormenores dignos de revelo. Foi então que a arma secreta de Manuel Machado apareceu a 15 minutos do fim para voltar a colocar o Nacional na frente do marcador. Rochez, a passe de Riascos, finalizou irrepreensivelmente à boca da baliza e voltou a colocar as expectativas dos visitantes no auge.

    Essa vantagem durou pouco. Nem dez minutos tinham passado e o Moreirense, numa excelente jogada de ataque, restaurou a igualdade com um belo remate de André Luís após grande bola de Abdu Conte. Rochez ainda ameaçou, assim como João Vigário, mas já não havia nada a fazer.

    Um ponto azedo para cada lado. Em Moreira de Cónegos, sobra uma oportunidade para quebrar a maldição da falta de vitórias em casa, o que só por si acarreta uma série penalizadora para objetivos mais ambiciosos da equipa. Já o Nacional da Madeira, somou pontos na luta pela manutenção, certo. Mas três pontos seriam os essenciais para manter a luz ao fundo do túnel visível.

     

    A FIGURA:

    Entrega dos protagonistas – Pouco futebol, muita garra. Não foi um espetáculo de grande categoria para os adeptos de ambos os clubes. Necessidades diferentes, correto, mas ambas as equipas apenas demonstraram vontade em vencer na forma como encararam cada lance. Muito coração e pouca cabeça. O Moreirense apenas por algumas ocasiões demonstrou bons lances de ataque, deixando algo a desejar em muitos momentos do jogo. O Nacional, sem tanta responsabilidade nesse campo, também não foi o mais competente, causando ainda assim, por intermédio de ações individuais, várias dificuldades à equipa contrária.

     

    O FORA DE JOGO:

    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Vasco Seabra – É como se o treinador da equipa de Moreira de Cónegos tivesse dado 45 minutos de vantagem a Manuel Machado e companhia. A formação tática com três centrais e dois elementos responsáveis pelas despesas nas linhas impediram, de certa forma, uma produção ofensiva mais eficiente da formação caseira. Basta comparar com as mudanças operadas na segunda parte para atestar tal facto. O que é certo é que não foi desta que o jovem técnico “matou o borrego”, sobrando agora apenas mais uma oportunidade para conquistar a tão ansiada vitória caseira.

    ANÁLISE TÁTICA – MOREIRENSE FC

    As variações entre o 4x4x2 e o 4x2x3x1 dos primeiros tempos de Vasco Seabra em Moreira de Cónegos têm dado lugar, de forma experimental, a uma defesa a cinco e as umas dinâmicas naturalmente diferentes. A equipa minhota apresentou-se num 5x4x1 que se desdobrava em 5x3x2 em certos momentos do jogo, tudo por influência das ações de Filipe Soares, que variou as suas intervenções entre o processo de construção ofensiva e o apoio a Rafael Martins na frente de ataque e de Ferraresi, por vezes responsável por fechar o flanco direito e consolidar uma defesa a quatro.

    Não surtiu os efeitos pretendidos e Vasco Seabra mudou para algo mais comum na maneira do Moreirense jogar. 4x2x3x1, com Ferraresi a cair para a direita, libertando Walterson, que, em conjunto com Pires, ficaram responsáveis pelas tarefas ofensivas dando largura no terreno. Filipe Soares assumiu-se definitivamente como “10” – até à entrada de André Luís que se encostou na frente – e a equipa beneficiou da lógica liberdade para criar à medida que nos o apito final de Nuno Almeida estava mais perto.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Kewin Silva (4)

    Ferraresi (5)

    Rosic (4)

    Abdoulaye (5)

    Abdu (4)

    Walterson (4)

    David Simão (4)

    Franco (4)

    Pires (4)

    Rafael Martins (4)

    Filipe Soares (3)

    SUBS UTILIZADOS

    Ibrahima (4)

    André Luís (5)

    Galego (4)

    Yan (4)

    Alex Soares (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – CD NACIONAL

    A equipa insular apresentou-se no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas num 5x2x1x2 no momento defensivo. Destaque para as funções de Danilovic e Azouni no garante do equilíbrio da equipa, enquanto que Éber Bessa, a jogar em terrenos mais avançados, serviu como principal elemento de ligação no último terço, dando apoio aos sempre móveis Pedro Mendes e Brayan Riascos.

    Aguerrida, guerreira e sempre ativa na reação à perda. Não se esperava um espetáculo vistoso por parte de uma equipa que vinha apresentando dificuldades técnicas evidentes. Seja como for, os pupilos de Manuel Machado imprimiram bastante empenho, sendo a nuance que mais saltou à vista no jogo forasteiro.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES 

    António Filipe (4)

    Rúben Freitas (4)

    Pedrão (5)

    Júlio César (5)

    Lucas Kal (4)

    Azouni (5)

    Danilovic (5)

    Éber Bessa (6)

    João Vigário (5)

    Brayan Riascos (5)

    Pedro Mendes (4)

    SUBS UTILIZADOS

    João Camacho ()

    Rochez (6)

    Rúben Micael (4)

    Koziello (-)

    Duhu (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    CD NACIONAL

    BnR: O mister referiu na antevisão a esta partida que apesar da situação difícil em que a sua equipa se encontra, demonstrava atitude e empenho de jogo para jogo. O livre que origina o primeiro golo do nacional nasce de um grande pormenor do Éber Bessa nesse sentido. Pergunto-lhe então o que é que faltou hoje à sua equipa para além dessa tal entrega bem exemplificada?

    Manuel Machado: Como sabe, vivemos num ciclo de grande dificuldade por força da nossa posição na tabela classificativa. Isso cria alguma ansiedade e hoje foi visível principalmente no facto de não termos sabido manter as duas vantagens que tivemos. No que diz respeito à organização, ao empenho, à capacidade de luta, intensidade, enfim, estivemos bem, inclusive, com a capacidade para fazer três golos, um deles só não contou por dez centímetros. Para além disto, faltou se calhar mais um bocadinho de lucidez e tranquilidade. Julgo que fomos mais equipa, com um Moreirense que parecia estar a jogar para a Liga dos Campeões, num jogo muito intenso, e por isso não houve nenhum relaxamento de um lado e do outro. Talvez um bocadinho de mais tranquilidade, mais sorte, tivesse feito a diferença.

    MOREIRENSE FC

    BnR: O Moreirense sofre há 11 jogos consecutivos em casa. Sente que organização e a solidez defensiva da sua equipa é aquilo que tem de ser mais trabalhado para colocar a equipa mais perto dessa tal vitória caseira e se a aposta numa defesa a cinco na primeira parte teve em mente esse facto. 

    Vasco Seabra: Repare, a defesa a cinco é uma falsa questão, nós jogamos com o Ferraresi que atua como lateral direito na maior parte do tempo. Isso permitia que nós pressionássemos de diferentes formas, se quiséssemos pressionar mais alto teríamos estabilidade para conseguir controlar a largura e quando não tínhamos tantos jogadores entrelinhas e largura na última linha, nós avançávamos o Walterson e pressionávamos com uma linha de quatro. Não teve a ver com o facto de jogarmos com cinco. Nós em muitos momentos do jogo nem estivemos a cinco, estivemos a quatro e na segunda parte quase sempre com o Ferraresi do lado direito. Mais do que olharmos para as peças e serem na teoria três centrais, o “Ferra” estava com uma dupla função para conseguirmos superar as pressões.

    Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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    Ricardo Rebelo
    Ricardo Rebelohttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo é licenciado em Comunicação Social. Natural de Amarante, percorreu praticamente todos os pelados do distrito do Porto enquanto futebolista de formação, mas o sonho de seguir esse caminho deu lugar ao objetivo de se tornar jornalista. Encara a escrita e o desporto como dois dos maiores prazeres da vida, sendo um adepto incondicional de ciclismo desde 2011.