Dentro do carro, saído de Alvalade há dez minutos, tento exprimir por palavras o que me vai no coração. Ainda com arrepios provocados pelo ambiente sentido dentro e fora do estádio, tento tirar da cabeça os cânticos entoados durante cerca de duas horas.
Mas porquê esquecer que “TU VAIS VENCER, PORQUE A NOSSA FORÇA É BRUTAL”, quando foi ao som deste inesquecível hino que chegámos ao terceiro golo? E que golo! Naquele minuto 71, assistiu-se a uma verdadeira competição de hinos. Dentro do campo, uma homenagem ao futebol. Nas bancadas, uma real demonstração de apoio e dedicação por parte de adeptos que há muito mereciam esta retribuição.
“Só eu sei porque não fico em casa” nunca fez tanto sentido. E é com todo o estádio a cantar a mais famosa lírica de apoio ao grande Sporting que Adrien faz o quarto golo.
Confesso ter tirado o olhar do campo durante um par de minutos. O verdadeiro espectáculo acontecia nas bancadas. Finalmente as claques organizadas e os outros 30 mil adeptos estavam em sintonia. Viveu-se uma harmonia de elevados decibéis entre a Curva Sul e as restantes bancadas. Dei por mim concentrado numa rapariga, na bancada central, erguendo o seu cachecol e entoando todos os cânticos de frente para as claques. Alvalade virou finalmente casa de família. Da família sportinguista que há tanto ansiava por este momento.

Hoje não deve ter havido um único adepto que não se tenha sentido em casa no covil do leão. Leão esse que acabou o jogo cuspindo fogo pela boca, empurrado pelos rugidos impossíveis de ignorar a seu redor.
O Sporting está de volta, a massa associativa está mais fiel do que nunca e apetece-me sorrir. Recomendo a todo e qualquer sportinguista assistir a um jogo no estádio. Vencendo, ou não, sairão de lá contentes. Orgulhosos de pertencerem a esta família, radiantes por possuírem algo que nos distingue dos demais adeptos.
“Isto é o Sporting” e “nós acreditamos em vocês”. Finalmente sente-se verdade nas palavras ecoadas em nossa casa. Com os pés assentes na terra mas uma vontade e esperança sem limites, os últimos dez minutos foram jogados já no Dragão. Sabemos que não será fácil e que a deslocação ao norte não é barata. Ainda assim gritou-se “E vamos todos ao Dragão” a uma só voz. E eu vou. Porque ser do Sporting é superar desafio atrás de desafio e continuar a sonhar. E o sonho não tem preço, é impagável. É a nossa força brutal!