Capitão à procura de lugar ao sol no banco – Entrevista a Beto

    BnR: Voltando ainda ao Sporting, naquele jogo com o Newcastle… Como é que foi para o Beto marcar naquele jogo? Sentia-se desde o início do jogo que o Sporting tinha de passar, estava um ambiente anormal no estádio. Foi uma explosão de alegria, nunca tinha visto o Beto tão expansivo no festejo de um golo.

    Beto: Era um grupo bastante unido e a união é bastante importante dentro do grupo, com os jogadores. A empatia dos jogadores com os adeptos, a atmosfera que se viveu em determinados jogos. Como tu disseste há pouco, e muito bem, eu fui para o aquecimento nesse jogo e estava o estádio já completamente cheio. Normalmente, só enche mais perto do jogo, os adeptos estão nas roulotes ou chegam em cima da hora. Naquele jogo, por curiosidade ou não, na hora em que entrámos em campo para aquecer, o estádio já estava completamente cheio. E eu vi a equipa a sofrer um golo e os nossos adeptos a bater palmas. E os adeptos, muitas vezes, só têm de dar coisas positivas. Há vezes em que vamos para o jogo e as coisas não correm como nós desejamos. E isto acontece no futebol e na vida, em qualquer atividade. Se tu estás a perder 1-0, em casa, e ainda tens os adeptos a insultarem e a assobiarem, não são uma mais valia. E eu acredito que as televisões, por um lado, são muito positivas mas, por outro, tiraram muita gente dos estádios. Tirando os grandes, e mais um ou outro clube, a média dos espetadores em Portugal é muito baixa, até quando olhamos para a segunda liga francesa, espanhola ou inglesa. Existem muitos casos, como por exemplo o Belenenses ou o Vitória, nos jogos em casa. Não acham que deveria também alguém a pensar nisso?

    Imagens do Sporting 4-1 Newcastle, em que Beto marca o 3-1 leonino (minuto 13:00)

    BnR: Mas aí voltamos à questão dos bastidores, de quem está envolvido e prefere transmitir jogos às nove da noite…

    Beto: Então e o protagonismo? Vão-me desculpar, mas volto a insistir nisto. Eu tenho um filho, o mais velho com catorze anos, que adora o Sporting… Ele diz uma coisa que é verdade: vemos sempre os dirigentes a falar, o dirigente A, o dirigente B, o presidente, o diretor de comunicação, o diretor de imprensa… E os jogadores? Eu gostava de ouvir o William a falar, o Rui Patrício a aparecer mais vezes, o Mathieu, Coates, Piccini, etc.

    BnR: Nós, há umas semanas, entrevistámos o guarda redes Moreira, do Estoril, e ele também falou sobre isso. Ele esteve no Championship e na Premier League com o Swansea… Lá é obrigatório haver um jogo em canal aberto e depois todos os jogos são à tarde.

    Beto: Este ano, o campeonato espanhol tem sido mais atípico por causa do Mundial de Clubes e dos acertos de calendário. Mas normalmente, em Espanha, tirando dois jogos que são à noite, os outros são todos durante o dia. E isso faz as pessoas irem aos estádios, obriga as pessoas a irem aos estádios. Aqui não acontece isso. Praticamente todos os jogos têm transmissão televisiva. Há um afastamento daquilo que, para mim, é o mais giro do futebol, o ambiente.

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    Diogo Janeiro Oliveira
    Diogo Janeiro Oliveira
    Apaixonado por futebol, antes dos livros da escola primária já lia jornais desportivos. Seja nas tardes intermináveis a jogar, nas horas passadas no FIFA ou a ver jogos, o futebol está sempre presente. Snooker, futsal e andebol são outras paixões. Em Portugal torce pelo Sporting; lá fora é o Barcelona que lhe enche as medidas. Também sonha ver o Farense de volta à primeira…                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.